Quarta-feira, 30 de julho de 2008 - 15h20
Amanda Cieglinski
Agência Brasil
Brasília - A suspeita de morte de dois bebês em creches de São Paulo por sufocamento, logo após terem sido alimentados, chamou a atenção para um problema muito comum entre as crianças, o refluxo. Segundo a pediatra Renata Waskman, chefe do departamento de segurança da criança e do adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o problema é fácil de ser evitado, mas o desconhecimento de procedimentos básicos pode levar a conseqüências graves, chegando à morte.
“O bebê tem fraqueza muscular. Então a válvula cárdia, que fica na entrada do estômago, é imatura nos bebês e não segura tudo o que cai no estômago com efetividade”, explica Waskman. Se o bebê comer e for colocado na posição vertical, “a própria lei da gravidade acaba facilitando a volta do leite que pode chegar até a boca”, alerta a pediatra.
As medidas para evitar os problemas são simples. A primeira orientação é que, logo após a mamada ou ingestão de outros alimentos, o bebê seja colocado na posição elevada para arrotar. “É bom estimular a região das costas, dar umas batidinhas bem leves para ajudar na eliminação desse ar. O adulto precisa ter paciência e deixar o bebê nessa posição pelo menos 20 minutos”, recomenda Renata.
Após o procedimento, a posição mais segura para deitar a criança no berço ou em qualquer outra superfície é com a barriga para cima. “É a posição chamada de decúbito frontal. O ideal ainda é que a cabeceira do berço ou do carrinho esteja na posição elevada”, destaca a representante da SBP.
Ainda não foi confirmada a causa da morte de nenhum dos bebês em São Paulo. Mas os médicos que atenderam Gabriel, de 7 meses, na última sexta-feira (25), após passar mal em uma creche, constataram a presença de restos de alimento nos pulmões da criança. “Mas a gente não pode afirmar que foi refluxo. Ela poderia ter algum outro problema, uma convulsão, um problema cardiológico”, pondera Renata.
A pediatra defende que a principal forma de previnir acidentes é com informação. Ela recomenda ainda que profissionais que trabalham no atendimento de crianças façam um curso de suporte básico de vida, semelhante ao de primeiros socorros, oferecidos em centros de treinamento. “Ele ensina as principais manobras de ressucitação, de desobstrução e retirada de corpo estranho. As pessoas precisam ter conhecimento dos principais riscos que cercam as crianças desde o nascimento”, alerta.
De barriga pra cima. Essa é a maneira correta de deitar a criança até completar um ano de vida para reduzir os riscos de morte súbita, segundo pesquisadores do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e campanhas recentes divulgadas nos Estados Unidos e na Inglaterra.
A afirmação é do pesquisador Cesar Victora, da UFPel, que coordenou um estudo sobre o tema durante o ano de 2006. Foram constatados oito casos de Mortes Súbitas na Infância (MSI), do total de 66, registradas entre os 4.248 nascidos vivos na cidade de Pelotas (RS) naquele ano. Segundo Victora, há formas de reduzir o risco de morte súbita em bebês, uma delas é deixá-los dormindo de barriga para cima.
Segundo ele, a informação de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai aspirar o vômito e se afogar não passa uma crença popular incorreta. Ao deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou seja, o ar que ele próprio expira. "Uma criança maior ou um adulto acordariam ou trocariam de posição para evitar o sufocamento, mas em alguns bebês a parte do cérebro que controla este reflexo não está desenvolvida. Por isso, ele acaba se afogando e morre por asfixia", afirma Cesar Victora, pesquisador da UFPel.
Os riscos de dormir de barriga para baixo são semelhantes a dormir de lado. Essa posição é instável e muitos bebês rolam e ficam de barriga para baixo. É comum que as mães deixem o bebê dormindo na posição correta e avós, babás ou parentes, movidos pelo senso comum, o coloque em posição de risco - de lado.
Segundo as pesquisas, o risco para meninos é maior do que para as meninas e para bebês até o terceiro mês de vida. O risco foi maior para crianças de baixo peso ao nascer, para aquelas que residiam com outras menores de cinco anos, para os que não recebiam aleitamento materno exclusivo e aos filhos de mães com baixa escolaridade, fumantes e jovens.
A Pastoral da Criança, com base nos estudos brasileiros e na publicação Sudden infant death syndrome, de Rachel Y Moon, Rosemary S C Horne, Fern R Hauck (Lancet 2007; 370: 1578-87), orienta as mais de 1,4 milhão de famílias acompanhadas que os bebês devem dormir de barriga para cima. Segundo a publicação citada, a morte súbita é a maior causa de mortes entre crianças de 1 a 12 meses nos países desenvolvidos.
Outros fatores de risco para a morte súbita são a exposição ao fumo, o uso de colchões ou travesseiros muito moles e o superaquecimento do bebê, porque algumas mães tendem a agasalhar demais as crianças no inverno. Campanhas para redução de risco podem diminuir as mortes súbitas em 50-90%.
Por definição, o diagnóstico de morte súbita é dado por exclusão: quando não se acham outras causas que podem explicar a morte da criança.
Fonte: Andi
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