Segunda-feira, 14 de outubro de 2013 - 08h06
Aline Valcarenghi
Agência Brasil
Brasília – Pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) aponta que 80% das pessoas que têm glaucoma só buscaram o oftalmologista depois de perceber alterações como perda de visão, olhos vermelhos, desconforto e embaçamento. Segundo Francisco Eduardo Lima, presidente da SBG, a doença não tem cura e os danos são irreversíveis.
“O que nos preocupa é que a grande maioria das pessoas chega nos consultórios quando já tiveram perdas”, lamentou Lima. De acordo com a SBG, o glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo. No Brasil, há um milhão de pessoas com a doença. Se tratado adequadamente o paciente vai ter a doença estabilizada, evitando a evolução para a cegueira.
O levantamento foi feito com 100 portadores de glaucoma de três hospitais escola em São Paulo – Santa Casa, Unifesp e Unicamp. A pesquisa revela que a maioria dos indivíduos chega ao consultório com muita perda do campo visual e alto impacto na qualidade de vida, deixando de desenvolver atividades que antes eram comuns e independentes.
Entre os entrevistados, 69% tiveram a capacidade de leitura significativamente reduzida com o glaucoma, 65% disseram que a adaptação à mudança de ambiente claro para escuro e vice-versa é a maior barreira causada pela doença e para 50% caminhar passou a ser muito difícil.
O glaucoma é uma doença ocular hereditária, degenerativa e progressiva causada principalmente pelo aumento da pressão do olho e que leva à lesão do nervo óptico. Lima alerta que na maioria das vezes a doença chega sem apresentar sintomas, o que pode ocasionar um tratamento tardio para aqueles que não fazem os exames rotineiramente.
A doença, que é mais comum depois dos 40 anos, é irreversível, mas pode ser tratada com colírios, laser e até intervenção cirúrgica. Os negros, os que têm histórico familiar de glaucoma e que aqueles que usam esteroides por longos períodos estão mais propensos a desenvolver a doença. Para o especialista, o ideal é que depois dos 40 todos incluam uma consulta oftalmológica aos exames anuais de rotina.
Lima alerta que a simples aferição da pressão intraocular é inconclusiva para o diagnóstico, uma vez que a pressão não é constante e pode estar baixa na hora do exame. "É necessário fazer também o exame de fundo de olho, pois mostra os sinais que o glaucoma deixa", alertou.
Segundo Francisco Eduardo Lima, há preocupação dos especialistas com as pessoas que não tem problemas de visão, porque não costumam fazer os exames de rotina. “Quem tem miopia costuma ser acompanhado por um médico, que vai indicar o exame adequado. O problema são as pessoas que não têm problemas de vista. Quando chegam aos 40 e apresentam dificuldade na leitura, pensam que a compra de um óculos vai resolver tudo”, alertou.
O oftalmologista explicou que há o glaucoma congênito, detectado no teste do olhinho, outro muito comum após 40 anos e ainda outro que pode ser causado pelo uso de colírios com corticoide. “Muita gente com olhinho vermelho, alergia, vai a uma farmácia e compra colírio de corticoide, que não precisa de receita. O colírio faz a coceira passar, passa também a vermelhidão. As pessoas precisam ficar atentas. O remédio pode mascarar uma doença e pode mesmo causar o glaucoma" ressaltou.
Para alertar a população sobre os cuidados com a visão a partir dos 40 anos de idade a SBG lançou a segunda edição da campanha Cuidado com o glaucoma. Com o mote Veja todos os dias, a campanha faz um alerta geral sobre a importância da visão. Mais detalhes no site Cuidado com o Glaucoma.
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