Segunda-feira, 29 de novembro de 2021 - 10h52
As diferenças existentes
normalmente quando comparamos comportamentos típicos de homens e mulheres podem
fazer com que as meninas tenham o diagnóstico de autismo com mais atraso do que
os meninos. Isso faz com que pais, cuidadores e profissionais procurem menos os
sintomas de autismo em meninas. Elas têm mais autoconsciência, senso de empatia
e tenta “se encaixar” mais socialmente que eles. Isso pode significar que elas
têm a capacidade de ‘esconder’ os sintomas do autismo na infância.
Entretanto, quando ficam mais velhas e as normas sociais e as
amizades se tornam mais difíceis, elas podem encontrar dificuldades para se
relacionar e os sintomas passam a ficar mais evidentes. Assim, podem não
receber um diagnóstico de autismo até a adolescência. Essa demora no
diagnóstico alimenta o mito de que autismo não existe em meninas ou é mais
raro. Vale ressaltar que mesmo sendo menos comum, a verdade é que existe, sim,
autismo em garotas! Porém, elas conseguem “camuflar” os sintomas do TEA por mais
tempo que os meninos.
Meninas são naturalmente mais calmas e preferem brincar
compartilhando coisas mais do que os meninos. Portanto, meninas preferirem
ficar sozinhas pode ser sintoma de autismo. Nos meninos, comportamentos
repetitivos e dificuldade em controlar os impulsos podem aparecer com mais
frequência do que em meninas autistas.
Alguns dos sintomas de dificuldades de comunicação no autismo
são: não responder ao seu nome por volta dos 12 meses de idade; preferir não
ser segurado ou abraçado; dificuldade em explicar o que eles querem ou
precisam; evitar contato visual, entre outros. Outras características do
comportamento autista são rotinas rígidas e ações repetidas. Além de
dificuldade para se adaptar a uma mudança na rotina; preferir lidar com objetos
ou brinquedos do que pessoas; ficar se balançando de um lado para o outro.
Após as garotas autistas receberem o diagnóstico correto, elas
podem receber terapia comportamental e planos de aula especializados, mas são
essencialmente os mesmos serviços oferecidos a um menino na mesma situação. Mas
mulheres com autismo são fundamentalmente diferentes dos homens com autismo
pois elas ficam mais preocupadas com seu entorno e mais depressivas.
Os sintomas do TEA podem ser os mesmos para ambos, mas quando se
cruzam com o gênero, a experiência de vida de uma mulher com autismo pode ser
diferente da de um homem com a mesma condição trazendo sofrimentos diferentes e
desfechos distintos. O diagnóstico precoce é sempre melhor opção. Por isso, ao
notar qualquer sinal relacionado ao autismo questione o pediatra sobre a
necessidade de uma pesquisa mais profunda para evitar um diagnóstico tardio.
(*) Dr Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil
(Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD
on Medical Science); Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric
Brazilian Society); Speaker of Neurosaber Institute.
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