Quinta-feira, 14 de novembro de 2019 - 10h13
Com o registro de mais de 1.500 de acidentes com animais peçonhentos até o dia 11 de novembro em Rondônia, a Agência Estadual de Vigilância de Saúde (Agevisa) alerta a população e reforça seu planejamento e estratégia de atuação para enfrentar e dar resposta a este problema de saúde pública que tende aumentar durante o período de chuvas e cheia dos rios em toda a Amazônia.
Segundo o médico veterinário Cesarino Júnior Lima Aprígio, gerente de Vigilância em Saúde Ambiental da Agevisa, este período, de fato, é o mais crítico do ano em relação aos ataques de animais peçonhentos em Rondônia. Ele explicou que as pessoas precisam se precaver e adotar posturas que inibam os acidentes, visto que, que as chuvas potencializam o crescimento da vegetação próxima às residências, formando um ambiente propício para abrigo e reprodução desses animais perigosos, principalmente com o acúmulo de lixo doméstico.
Ele explicou que, para se ter ideia, apenas até 11 de novembro deste ano, 930 pessoas foram picadas por cobras, e cerca de 700 pessoas foram atacadas por outros animais peçonhentos não menos perigosos em Rondônia, como as arranhas, escorpiões, lagartas, abelhas e outros, números que devem aumentar mais nesta época do ano, se as pessoas não adotarem medidas protetivas e salubres (limpeza) nas residências e no ambiente de trabalho, como o uso de botas, por exemplo, durante a realização de tarefas no quintal de casa e nas áreas de lavouras e plantações agrícolas.
O gerente da Agevisa agradeceu a todos os parceiros, em especial o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, que ajudam muito e dão suporte ao trabalho dos serviços de saúde do Estado, e também aos demais órgãos que atuam nesta missão, como a própria Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Defesa Civil, e outros, que durante as chuvas e enchentes trabalham muito e são parceiros essenciais no monitoramento das áreas de riscos e mais suscetíveis aos acidentes com animais peçonhentos.
Ele explicou também que a Agevisa sempre atua vigilantemente com atenção redobrada no monitoramento das regiões de risco, destacando que mantem estoque de soro antiofídico (contra picada de cobra, aranha e escorpiões), em todas as regionais e serviços de saúde do Estado, mesmo com as dificuldades do Laboratório Butantã – que produz o soro no Brasil -, que está trabalhando em três turnos para atender demanda por este tipo de medicamento, eis que não é um insumo que se pode importar, visto que não existe similaridade de composição entre o veneno da cobra brasileira com qualquer outra cobra do mundo. “Por isso é que o antídoto tem de ser produzido com o veneno da cobra brasileira, e usado preferencialmente daquela da mesma espécie que provocou o ataque, acidente”, disse Cesarino Júnior.
O QUE É PRECISO SABER
Importa destacar que, de forma didática, os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais, aspecto que já era de conhecimento do Governo Federal, que já vinha se esforçando e fazendo importantes investimentos nesta direção – desde Oswaldo Cruz -, criando e adotando métodos de conduta para o enfrentamento da situação, atualmente tudo sob o comando do Programa Nacional de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde, cujo propósito é diminuir a letalidade dos acidentes ofídicos e escorpiônicos, através do uso adequado da soroterapia, e reduzir casos por meio da educação em saúde.
A título de informação básica, vale lembrar que animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras (gancho inoculador de veneno da aranha), cerdas urticantes, nematocistos, entre outros, conforme discorre a literatura.
Neste universo mais amplo dos animais peçonhentos que causam mais acidentes no Brasil, estão as serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros (mariposas e suas larvas), himenópteros (abelhas, formigas e vespas), coleópteros (besouros), quilópodes (lacraias), peixes, cnidários (águas-vivas e caravelas), que possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros, capazes de envenenar as vítimas (pessoas).
Em Rondônia, contudo, por sua natureza climática e geográfica, as principais ocorrências decorrem das picadas de serpentes (cobras), aranhas, escorpiões, abelhas e besouros, segundo dados da Agevisa, que indica os telefones 190 e 193, do Batalhão da Polícia Militar Ambiental e do Corpo de Bombeiros Militar, que são instituições do Poder Público aptas a lidar com essas situações (muito peculiares), e parceiros da Agência de Vigilância em Saúde do Estado de Rondônia.
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