Domingo, 4 de julho de 2010 - 20h14
Há algum tempo seu relógio biológico anda descontrolado. Você não entende o motivo e resolve procurar um médico. São feitos exames e não aparece nenhuma alteração bioquímica e estrutural. O diagnóstico é a Síndrome do Intestino Irritável. Nome estranho, mas uma doença que se tornou comum no mundo moderno.
A síndrome do intestino irritável é uma das causas mais freqüentes de visitas a especialistas em todo o Brasil. Trata-se de uma doença que age de maneira escondida, afinal não pode ser diagnosticada por nenhum tipo de exame e atinge cerca de 25% da população do mundo ocidental. No entanto, pelo menos a metade dessas pessoas nunca procura ajuda médica para seus sintomas.
Não existem anormalidades estruturais como infecção ou úlceras, por isso é chamada de funcional, e não evolui para qualquer tipo de doença orgânica ao longo da vida.
Ainda não se sabe quais as causas do problema, porém estudos apontam alterações no movimento intestinal, hipersensibilidade visceral e participação de alguns neurotransmissores, principalmente a serotonina, na gênese dos sintomas. Segundo estudos, esses sintomas se agravam após as refeições ou em períodos de turbulência emocional.
A síndrome do intestino irritável é um problema relativamente comum, que causa dor abdominal, geralmente em cólicas, alterações do hábito intestinal como constipação e diarréia, inchaço na barriga, excesso de gases, sem que haja uma patologia orgânica demonstrável, como processos inflamatórios dos intestinos ou o câncer de cólon.
Algumas pessoas têm sintomas que vêm e vão, duram pouco tempo e são pouco incômodos. Porém outras têm diariamente sérios problemas do intestino, afetando seu desempenho no trabalho, o sono e a própria vida. Uma pessoa pode ter sintomas sérios durante várias semanas e depois pode sentir-se bem por meses ou até mesmo por anos. A síndrome geralmente afeta duas a três vezes mais as mulheres que os homens.
Diante dos episódios de irritação do intestino, nada de automedicação. Usar laxantes ou medicamentos para prender o intestino só piora a situação. Como sempre, o melhor é consultar um médico. O especialista realiza um estudo dos sintomas e sinais da doença no paciente. Existem alguns exames complementares que podem ser solicitados para afastar a presença de outras doenças que possuem sintomas semelhantes.
O médico vai ajudar a identificar e evitar alimentos que possam estar associados ao aparecimento do problema. A ingestão de fibras deve ser feita gradualmente, para que o organismo se acostume e não aumente os gases intestinais. Somente quem tem problemas de prisão de ventre pode se alimentar com fibras. Mas, no caso da diarréia, o aumento de fibra pode piorá-la.
Prefira alimentos com pouca gordura, evite os alimentos formadores de gases como repolho, brócolis, feijão e batata doce entre outros, diminua a ingestão de álcool e cafeína, faça exercícios físicos diariamente e não fume. Esses hábitos previnem o aparecimento das crises. Como cada pessoa reage de determinada maneira à síndrome, o tratamento vai ser indicado de acordo com a natureza e a gravidade dos sintomas. Existem medicamentos específicos, mas só eles não bastam: é preciso mudar pra valer os hábitos alimentares e o estilo de vida. Afinal, como a doença não é curável, o jeito é prevenir.
Fonte: João Gomes Netinho / Doutor em cirurgia pela Unicamp, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto, especialista em doenças do aparelho digestivo, colon, reto e ânus.
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Veja o vídeo com a entrevista:
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