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Sesau estimula doação de órgãos com ações nos municípios voltadas à conscientização da população de Rondônia


Central de Transplante de Rondônia funciona no Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho - Gente de Opinião
Central de Transplante de Rondônia funciona no Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho

O Governo do Estado, por meio da Central de Transplante de Rondônia, vinculada à Secretária de Estado da Saúde (Sesau), em alusão ao Setembro Verde, mês que também busca conscientizar as pessoas quanto à importância de ser um doador de órgãos e tecidos para transformar e salvar vidas, está percorrendo os municípios do Estado com palestras educativas para profissionais de saúde e sociedade nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais públicos e privados.

A iniciativa além combater a desinformação, atualiza a população sobre as mudanças na legislação, em vigor desde 2001, que retira da Carteira de Identidade (RG), o desejo expresso de ser um doador. “A única forma de ser um doador é avisando a sua família. Uma das nossas maiores problemáticas é a recusa familiar; essa recusa vem muitas vezes da falta de conhecimento sobre a temática da doação de órgãos. As pessoas não têm o hábito de conversar sobre esse assunto com os familiares e amigos, não buscam informações corretas e na oportunidade acabam negando a doação”, explicou a gerente da Central de Transplantes de Rondônia, Renata Restier.

Iniciativa além de combater a desinformação, atualiza a população sobre as mudanças na legislação

Um único doador de órgãos pode salvar mais de oito vidas, mas, essa realidade está longe de atingir seu maior potencial, pois, a recusa familiar para a doação de órgãos ainda é alta. No Brasil, até julho de 2021, 40% das famílias se recusaram a doar os órgãos de parentes falecidos.

Em Rondônia, esse número é de 56%. Associado a isso, dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) trazem, que em decorrência da pandemia, o número de doadores caiu 26% em país, em 2021.

Segundo a gerente da Central de Transplante de Rondônia, que funciona no Hospital de Base Ary Pinheiro (Hbap), em Porto Velho, o doador em vida pode doar um rim, médula óssea (que pode ser feita até por crianças e mulheres grávidas, por não acarretar nenhum risco ao doador), parte do fígado (em torno de 70%), parte do pulmão (em situações excepcionais) e parte do pâncreas. Já um único doador falecido pode doar coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas. “Em Rondônia, um doador de órgãos, pode tirar cinco pessoas da fila do transplante, pois aqui são captados os dois rins, o fígado e as duas córneas. Portanto, no Estado, um doador salva cinco pessoas”, explicou.

Com relação à pandemia causada pelo coronavirus, à coordenadora do Banco de Olhos, Helene Nobre, esclarece que se o potencial doador estiver positivo para a covid-19, a doação de órgãos é contraindicada. “Além disso, essa redução se deu por várias situações, tais como: orientação do próprio Ministério da Saúde em suspender busca ativa e transplantes, suspensão das cirurgias eletivas no Estado, falta de leitos nos hospitais e adoecimento dos profissionais de saúde”, detalhou.

Helene destacou ainda, que para ser doador no Brasil, a pessoa não precisa deixar nada escrito, em nenhum documento, basta informar à família sobre o desejo. O procedimento só ocorre depois da autorização familiar. Em Rondônia já foram realizadas 238 captações de rins, 21 de fígado e 560 de córneas. Desses órgãos e tecidos captados, ajudaram a tirar centenas de pessoas na fila do transplante, proporcionando mais qualidade de vida aos pacientes.

A Central de Transplante de Rondônia foi instituída em 2006; o serviço de doação de órgãos em 2011 e o serviço de transplante renal e de córneas pelo SUS, implantado pela Sesau, em 2014. “A doação é um ato simples, nobre e muitas vezes, num momento de dor, vem acalentar o coração das famílias que perdem entes queridos. É um ato de amor que salva outras vidas”, ressaltou Helene.

Para ser realizada, a doação de órgãos primeiramente deve ser constatada a morte encefálica do doador, que é a parada irreversível da função do encéfalo, ou seja, é quando o cérebro e o tronco cerebral param de funcionar após uma grave lesão neurológica, para depois ser realizada a entrevista familiar para a doação de órgãos.

A morte cerebral permite a doação de órgãos e tecidos, e a morte por parada cardiorespiratória, só permite a doação de tecidos. Atualmente 90 pessoas aguardam por transplante de rim e 298 por córnea em Rondônia. Transplante de fígado, coração e pulmão somente nos grandes centros de doação e transplantação.

Importante ressaltar que, no Brasil, anualmente, em média, 12 mil pessoas apresentam morte cerebral, um dos critérios para a doação de órgãos. Desse número, aproximadamente seis mil pessoas poderiam ser doadoras de órgãos. Por outro lado, em média 23.800 pessoas têm a necessidade de receber um transplante a cada ano. Portanto, a chance de que alguém seja doador de órgãos é quatro vezes menor do que a chance de que venha a precisar de um transplante.

QUEM PODE DOAR

Qualquer pessoa pode ser doadora, exceto os portadores de doenças infecciosas ativas ou de câncer. E a doação não desfigura o corpo do doador.

Para doadores vivos, o doador deve ter mais de 18 anos e o receptor deve ser cônjuge ou parente consanguíneo até quarto grau (pais, filhos, irmãos, avós, tios ou primos). Se não houver parentesco, será preciso autorização judicial. A doação de órgãos e tecidos não acarreta nenhum custo ou ganho material à família do doador nem do receptor.

Um doador falecido pode doar fígado, rins, córneas, pâncreas, intestino, veias, ossos e tendões, ou seja, uma única pessoa pode salvar várias vidas. Além disso, existe o doador voluntário que pode doar um dos rins, parte do fígado, medula óssea ou parte do pulmão, para pessoas de até quarto grau de parentesco e cônjuges.


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