Terça-feira, 28 de novembro de 2023 - 08h30
O
Ministério da Saúde publicou a portaria GM/MS Nº 1.996, que inclui na
Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) a Trombectomia Mecânica
(TM) para o tratamento de Acidente Vascular Cerebral isquêmico agudo (AVC)
grave. O AVC isquêmico é o tipo mais comum da doença e corresponde a 80% dos
casos. Os casos graves representam 30% das ocorrências de AVC isquêmico. O
anúncio foi feito no dia 24 de novembro pelo secretário da Atenção Especializada
do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Junior, durante o Global
Stroke Alliance, evento que aconteceu em Punta del Este, no Uruguai e reuniu
especialistas e representantes dos Ministérios da Saúde da América Latina.
“A
Trombectomia Mecânica reduz as taxas de mortalidade e as sequelas graves de um
AVC catastrófico. É um procedimento seguro, eficaz, com o seu benefício
demonstrado no SUS e um grande avanço no tratamento dos pacientes de AVC
isquêmico”, celebra a neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e da World
Stroke Organization (Organização Mundial de AVC), Sheila Ouriques Martins, que
liderou, junto ao médico neurointervencionista Raul Nogueira, o RESILIENT,
estudo colaborativo da Rede Nacional de Pesquisa em AVC, com financiamento do Ministério
da Saúde e que serviu como critério inicial para a seleção de hospitais aptos a
realizarem o procedimento, inclusos na portaria.
“O
RESILIENT envolveu 221 pacientes atendidos no sistema público de saúde
brasileiro e teve como objetivo atestar que era possível implementar a
Trombectomia Mecânica no SUS, com redução do grau de incapacidade (sequelas) e
demonstrando a custo-efetividade destes tratamentos para retirada de coágulos
entupindo grandes vasos sanguíneos do cérebro que causam quadros graves de
AVC”, conta Sheila.
A
Trombectomia Mecânica, que havia sido aprovada em dezembro de 2021 pela
Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias no SUS (CONITEC) depois
de apresentados os resultados do estudo RESILIENT, pode ser até 24h de início
dos sintomas e aumenta em três vezes a chance de o paciente ser independente
após o AVC, por diminuição das sequelas.
Até
então, a única terapia clínica disponível na rede pública era a trombólise que
pode ser utilizada até 4h30min do início, opção nem sempre eficiente para os
casos mais graves. Até a publicação desta portaria, no dia 27 de novembro,
somente quatro hospitais públicos no Brasil (em São Paulo, Espírito Santo,
Santa Catarina e Ceará) ofereciam a TM na rotina e, nesses casos, o tratamento era
custeado ou pelo próprio hospital ou pela Secretaria estadual de Saúde. O
tratamento custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil.
Em
outros países, a Trombectomia Mecânica já havia sido aprovada nos Estados
Unidos, países da Europa, Canadá e Austrália, chancelada por diretrizes
internacionais e sociedades médicas da área, além de ter eficácia e
custo-benefício comprovados por nove estudos clínicos.
Como
funciona
A
Trombectomia Mecânica consiste na desobstrução da artéria cerebral realizada
por um cateter que leva um dispositivo endovascular, um stent ou um sistema de
aspiração, para remover o coágulo do vaso sanguíneo do cérebro. O estudo
RESILIENT mostrou que, com o procedimento, a taxa de recanalização na oclusão
de grandes vasos chega a 82%, mais eficiente que o tratamento convencional de
trombólise endovenosa, com 30% nestes casos de oclusão de grandes vasos.
Outro
benefício da TM é que ele traz melhora à qualidade de vida do paciente,
aumentando a sua capacidade funcional (memória e motora) e dando maior independência
no pós-AVC.
Habilitação
e custeio
A
portaria, assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, habilitou os
primeiros 12 hospitais a utilizar este tratamento e a solicitação pelos
gestores estaduais, distrital e municipais do SUS, para a habilitação de novas
instituiçõespara a realização do procedimento deverá observar os seguintes
critérios: o hospital deve ser habilitado como Unidade de Assistência de Alta
Complexidade em Neurologia/Neurocirurgia ou como Centro de Alta Complexidade em
Neurologia/Neurocirurgia e com o Serviço de Atenção em
Neurologia/Neurocirurgia/Tratamento Endovascular. Deverá, ainda, ser habilitado
como Centro de Atendimento de Urgência Tipo III aos pacientes com AVC.
A
publicação destaca que fica estabelecido recurso do Bloco de Manutenção das
Ações e Serviços Públicos de Saúde - Grupo de Atenção Especializada, no
montante anual estimado de R$ 73.956.757,00. “O Fundo Nacional de Saúde (FNS)
adotará as medidas necessárias para a transferência dos valores mensais relativos
ao procedimento de que trata esta portaria aos Fundos de Saúde dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios de acordo com a apuração da produção de
serviços registrada na Base de Dados do Sistema de Informações Hospitalares -
SIH/SUS, mediante processo autorizativo encaminhado pela Secretaria responsável
pelo Programa de Trabalho”, explica o documento.
Crédito
da Foto:
Divulgação
Legenda: Ministério da Saúde
publicou portaria que inclui na Tabela de Procedimentos do Sistema Único de
Saúde (SUS) a Trombectomia Mecânica para o tratamento de AVC isquêmico agudo
grave
Sobre
a Rede Brasil AVC
A Rede
Brasil AVC é uma organização não governamental criada em 2008 com a finalidade
de melhorar a assistência multidisciplinar ao paciente com AVC em todo o país.
É formada por profissionais de diversas áreas que, unidos, lutam para diminuir
o número de casos da doença, melhorar o atendimento pré-hospitalar e hospitalar
ao paciente, melhorar a prevenção ao AVC, propiciar a reabilitação precoce e
reintegração social. Mais informações no site http://www.redebrasilavc.org.br/.
Sobre
a World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC)
A World
Stroke Organization (Organização Mundial do AVC) é o único órgão global voltado
exclusivamente para o AVC. Com cerca de 3.000 membros individuais e 90 membros
da sociedade em todas as regiões do mundo, representa mais de 55.000
especialistas em AVC em ambientes clínicos, de pesquisa e comunitários.
Mais
informações em https://www.world-stroke.org/.
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