Sábado, 13 de junho de 2015 - 00h04
Projeto coordenado pela biomédica Flávia Serrano Batista apresentado na última terça-feira (10) pela Fundação de Amparo à Pesquisa, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Fapero) a representantes do Ministério da Saúde, revelou que 32% das gestantes de Porto Velho, Jaru, Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste criam gatos, e alguns saem às ruas ou entram em matagais para caçar. Essas gestantes estão sujeitas a adquirir toxoplasmose, doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos. Homens e outros animais também podem hospedar o parasita.
Situação semelhante deve ocorrer na maioria dos municípios rondonienses, ainda não pesquisada, acredita a doutoranda Flávia Batista, docente da Faculdade São Lucas nas áreas de parasitologia e parasitologia clínica; e coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical, com experiência em diagnóstico laboratorial, enteroparasitoses, crianças, saneamento básico e vigilância em saúde.
O projeto apresentado ao Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PP SUS) reuniu até quinta-feira (11) profissionais da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Paraná.
“Notamos que o conhecimento de profissionais médicos e enfermeiros nas unidades de saúde quanto ao diagnóstico laboratorial e tratamento da toxoplasmose ainda não é satisfatório; faremos um inquérito com gestantes, a fim de conhecer hábitos higiênicos sanitários e a forma de combatê-la”, anunciou.
Flavia Batista explicou que a participação da UEL decorre da “estrutura prática dessa instituição”. Segundo ela, o médico- doutor, Italmar Navarro, principal colaborador do projeto, acumula experiências durante surtos da doença e também pôde orientar a equipe na elaboração de material educativo.
A biomédica prevê o aumento da capacitação de médicos e outros profissionais da área, na missão de integrar a atenção primária em saúde às ações de vigilância de toxoplasmose. “Eles poderão fazer isso, compartilhando resultados que provocarão mudanças no programa pré-natal. É um ajustamento de conduta, e a minha expectativa é que o tema também ocupe espaço na Conferência Municipal de Saúde, em julho”, disse.
A desorientação maior a respeito do assunto ocorre entre gestantes jovens, constatou a coordenadora do projeto. Em Porto Velho, a equipe ouviu gestantes na Unidade de Saúde do Bairro Pedacinho de Chão. Tanto na Capital quanto nos municípios pesquisados no interior do Estado, gestantes convivem com poços rasos e fossas sépticas muito próximos, ingerem carne crua e mal passada, e linguiça frescal.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Admilson Knightz
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