Terça-feira, 29 de outubro de 2019 - 15h46
Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP), em Porto Velho, realizou o primeiro procedimento endovascular pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de fístula carótido cavernosa. O procedimento que é um tipo de cateterismo, tratamento minimamente invasivo, foi realizado em uma paciente do município Ji-Paraná.
Lucikeli Dias da Silva, de 34 anos, conta que no dia 18 de março sofreu um acidente de moto, ficou internada alguns dias com traumatismo craniano. Foi tratada e liberada, mas dois meses após o acidente começou a ter problemas com olho direito.
“Dois meses depois meu olho direito começou a ficar vermelho e inchado. Parecia conjuntivite, mas não melhorava com os remédios, depois a visão foi diminuindo até eu só ver tudo preto. Então o médico da minha cidade me encaminhou pro Hospital João Paulo II. Depois de me atenderem fui transferida pro Hospital de Base onde foi realizada a minha cirurgia”.
“Certamente por causa do traumatismo craniano causado no acidente, ela sofreu o que chamamos de fratura de base de crânio, e essa fratura lesionou um vaso extremamente importante que está logo atrás dos olhos.” Explica o neurocirurgião da equipe do HBAP, Dr. Johnathan Parreira, que atendeu a frentista e fez o procedimento.
De acordo com o especialista este tipo de lesão pode levar à cegueira e causa sintomas como; proptose (esbugalhamento dos olhos), hiperemia conjuntival e paralisa a movimentação dos olhos.
“Como o sangue fluiu muito rápido onde circulava lentamente, as veias começaram a dilatar e isso fez com que olho aumentasse a pressão e ficasse mais vermelho. É o que chamamos de fistula arteriovenosa, uma conexão ou passagem anormal entre uma artéria e uma veia, que no caso dela foi causado pela lesão do acidente”, concluiu o médico.
Esse tipo de trauma classicamente é tratado através do sacrifício do vaso que foi lesionado através de uma cirurgia aberta na região pescoço. O paciente teria que aguarda 15 dias para o olho voltar ao normal, e caso não voltasse seria necessário outro procedimento.
No entanto, com a estruturação da hemodinâmica do HBAP, foi possível realizar o tratamento, inédito pelo SUS em Rondônia, de forma menos invasiva, sem cortes e abertura do crânio, por via endovascular, realizado por cateteres introduzidos através da virilha da paciente guiados por Raio X.
Lucikeli está fazendo os retornos que devem ser mensais até atingir 100% da recuperação. De acordo com o médico, a recuperação dela tem sido acelerada.
A paciente, por sua vez, agradeceu a equipe. “Eu sentia dor e já não estava mais enxergando. Agora, já está tudo bem, graças a Deus.”
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