Sexta-feira, 27 de janeiro de 2023 - 13h40
Com o
objetivo de fortalecer as ações integradas em torno da segurança pública no
país, o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) se reuniu, nesta
quinta-feira (26/01), com secretários de Segurança Pública de todos os estados
e do Distrito Federal. Foi o primeiro de uma série de encontros e o grupo irá
se debruçar sobre diversos temas, entre eles o Sistema Único de Segurança
Pública (SUSP), a distribuição e execução do Fundo Nacional de Segurança
Pública e a retomada do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
(Pronasci).
Dino acrescentou que as aquisições e repasses de equipamentos e
materiais para os estados será tema de discussão, bem como a política de armas
— e os crimes contra o Estado Democrático de Direito — e a política sobre
drogas. O encontro contou com a participação de diversos representantes da
Pasta, entre eles o secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar; o
secretário-executivo e atual interventor federal na Secretaria de Segurança
Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli; e a secretária Nacional de
Políticas Sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado.
O ministro reiterou que buscará formas de acelerar a execução
dos repasses de verbas federais aos estados. De acordo com Dino, há mais de R$ 2
bilhões que precisam ser destravados. "Temos hoje um represamento de
recursos que constitui algo indesejável. Temos aproximadamente R$ 2,3
bilhões, já repassados nos últimos anos para os fundos estaduais que, por
dificuldades burocráticas, não conseguiram ainda alcançar os seus intentos e
resultados na melhoria dos serviços de segurança pública", disse.
ARMAS E INTERNET — O ministro da Justiça e
Segurança Pública argumentou que o Governo Federal não pretende alterar a
legislação vigente relacionada à política de armas. Conforme explicou, o
propósito do poder público é garantir "uma regulação definitiva sem mexer
na lei, mas em nível infralegal (decretos, portarias) abrangendo, por exemplo,
essa temática sobre armas de uso permitido, armas de uso restrito,
quantitativos; porque isso impacta muito fortemente na segurança pública e no
combate às organizações criminosas", acrescentou.
"Essa regulamentação vai se dar de modo
participativo", continuou Dino, destacando a intenção de receber indicação
de representantes das secretarias de Segurança Pública dos estados, "para
junto conosco debaterem essa proposta a ser apresentada ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva".
Em relação aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, o ministro afirmou que o Distrito Federal está no centro das atenções. "O presidente Lula, quando considerar oportuno, vai encaminhar ao Congresso Nacional (provavelmente no mês de fevereiro) para que haja o exame de algumas situações, abrangendo a questão do Distrito Federal. Nós temos esse debate, que se restringe basicamente ao Distrito Federal e as áreas de segurança federal no Distrito Federal, pela sua natureza federativa".
Ao tratar sobre o ambiente da internet, Flávio Dino ponderou que
o assunto deve ser discutido com profundidade, para que não haja qualquer
confusão com restrição à liberdade de expressão. "Isso deve se dar,
obviamente, com muito cuidado, para proteger a sagrada liberdade de expressão consignada
na Constituição; mas não pode ser um vale-tudo", afirmou. O ministro
ressaltou a importância de os participantes debaterem uma possível criação de
"obrigações jurídicas" para as plataformas na internet que propagam
conteúdo de estímulo a atos criminosos, como os atentados de 8 de janeiro, em
Brasília (DF). "Terrorismo político não é videogame e não é algo que seja
imune de consequências gravíssimas, inclusive no terreno material", frisou
Dino.
"A liberdade de expressão é absoluta, porque não existe liberdade
de expressão para quem comete crimes. Não existe liberdade de expressão para
quem quer destruí-la. Nós temos uma regulação já no Código Penal, um capítulo
aprovado pelo Congresso Nacional, relativo aos crimes contra o Estado
Democrático de Direito. Nós temos uma lei sobre terrorismo votada no Brasil e,
obviamente, a internet não pode ser um território livre para a perpetração e o
nascimento de itinerários criminosos a estes tipos penais e outros",
prosseguiu o ministro.
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