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Carnavais cancelados e os impactos no turismo das cidades


Juliana Vilela - Proprietária da agência Efettiva Comunicação e Eventos   - Gente de Opinião
Juliana Vilela - Proprietária da agência Efettiva Comunicação e Eventos

A decisão de prefeituras por todo o Brasil de cancelar as festividades de Carnaval em 2022 caiu como um balde de água fria sobre toda uma cadeia econômica, que vai de eventos a turismo, passando por restaurantes, hotéis e entretenimento em geral. Isso porque o empresariado vinha apostando numa recuperação dos negócios com o enfraquecimento da pandemia de covid-19, após dois anos de perdas devido às medidas restritivas de movimentação social. Mas a variante ômicron do novo coronavírus disseminou-se numa velocidade impressionante a partir dos últimos meses de 2021, obrigando as autoridades a suspenderem os feriados ou pontos facultativos do Carnaval deste ano, jogando água no chope dos foliões. 

Capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo, entre outras, já decidiram cancelar desfiles de escolas de samba e de blocos de rua para impedir o aumento na velocidade de propagação da covid-19. Ao menos 20 capitais, além do Distrito Federal, já suspenderam todas as festividades. Cidades menores que possuem carnavais tradicionalmente turísticos, como Ouro Preto (MG) e São Luiz do Paraitinga (SP), também tomaram a mesma decisão. 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que a suspensão do carnaval deste ano deve tirar de circulação em todo o Brasil cerca de R$ 8 bilhões. Em torno de 25 mil empregos temporários também deixarão de ser criados para a realização das festas, com base em números de carnavais anteriores à pandemia. Só em Salvador, um polo carnavalesco por excelência, cerca de R$ 1,7 bilhão em receitas deixarão de existir. Em São Paulo, o Carnaval movimentaria R$ 1 bilhão pelos cálculos da Prefeitura, ou 6,5% das receitas anuais com turismo. São recursos que dariam fôlego a uma extensa rede de negócios interligados, com o Carnaval funcionando como um ponto em comum. Visitantes dessas cidades gastam em hospedagem, restaurantes, locadoras de automóveis e transporte por aplicativos, por exemplo. Muitos aproveitam a viagem para outros municípios e participam de eventos que ocorrem em paralelo aos desfiles e blocos. 

Com a crença de que a pandemia se encontrava mais controlada, os empresários investiram para o período de verão de 2022. Dados da Fecomercio-SP apontam que o agravamento da pandemia impediu o que seria a retomada efetiva do turismo brasileiro. Segundo a entidade, o período de melhor resultado financeiro para o país, do ponto de vista turístico, se concentra entre a primeira semana de dezembro e o final do Carnaval. De acordo com pesquisa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), 71% dos empresários do setor têm empréstimos bancários contratados, sendo que 22% estão com pelo menos uma parcela em atraso. Entre os devedores, 29% têm boletos vencidos há mais de 90 dias. Um bom Carnaval em 2022, significaria um alívio para esses empreendedores. 

Resta torcer para que o novo coronavírus perca a força e que as atividades, especialmente desses setores, possam ser retomadas com segurança. Quem sabe, possamos adotar um duplo carnaval – um feriado para descanso em fevereiro e uma festa com desfiles, blocos e demais atividades em abril – como forma de auxiliar na recuperação das perdas financeiras desses setores que foram tão afetados em decorrência da pandemia.


Juliana Vilela 

Proprietária da agência Efettiva Comunicação e Eventos  

Instagram:  

@juliana.vilela10  

@efettiva_eventos   

E-mail: juliana@efettiva.com.br   

Empreendedora do setor de eventos há mais de 10 anos, Juliana Vilela é proprietária da Efettiva Comunicação e Eventos, agência com destacada atuação no segmento de organização de eventos corporativos e de entretenimento, com expertise na realização de eventos nos mais diversos setores. É fundadora do SindiMais um dos maiores eventos do ano para instituições que reúne profissionais de relações trabalhistas, sindicais e de RH de todo o Brasil e da Weduc, uma escola de negócios que oferece cursos de forma online e descomplicada. Foi vice-presidente de Inovação e Qualificação da ABEOC Brasil - Associação Brasileira de Empresas de Eventos. É formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Planejamento e Organização de Eventos, pela FAAP. 

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