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Escolas do Grupo de Acesso de São Paulo desfilam hoje


 
Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil

As oito escolas de samba do Grupo de Acesso de São Paulo desfilam neste domingo (26) no Sambódromo do Anhembi, na capital, em desfile previsto para começar às 21h. A última escola deve entrar na avenida às 4h de segunda-feira (27). Confira o horário de cada agremiação e um pouco de sua história.

Estrela do Terceiro Milênio

Do bairro do Grajaú, a escola Estrela do Terceiro Milênio abre o desfile do Grupo de Acesso, à 21h, com o enredo “Para bom entendedor um pingo é letra e um símbolo mais que uma palavra”. Fundada em 1998, a escola nasceu a partir da ideia de que os sambistas da região não precisassem  atravessar a cidade para curtir um bom samba.

No ano seguinte, foi realizado o primeiro desfile nas ruas do bairro. Em 2009, a escola passou por um momento difícil, quando foi descoberto um desfalque na entidade pelo presidente da época, que foi imediatamente afastado. Apesar disso, a agremiação se manteve no Carnaval, conquistando um lugar junto ao Grupo de Acesso da Liga Independente das Escolas de Samba para o desfile do ano de 2012. Em 2014, a escola caiu do grupo de acesso para o grupo 1. No ano passado, a escola foi campeã do grupo 1 e volta agora ao grupo de acesso.

Leandro de Itaquera

Às 22h, entra no sambódromo a Leandro de Itaquera, da zona leste da cidade, com o enredo “Babalotim - A História dos Afoxés”. A escola surgiu em 1982, quando a menina Karin, durante sua festa de aniversário, pediu ao pai, Leandro Martins, fundador e atual presidente, uma escola de samba de presente. Uma reunião com alguns amigos sambistas foi suficiente para estimular a fundação da agremiação, que tem o nome em homenagem a Seu Leandro.

Em 1988, a agremiação venceu o grupo de acesso, classificando-se pela primeira vez para o desfile do grupo especial no ano seguinte, no qual conseguiu o sétimo lugar, com o enredo “Babalotim”, interpretado por Eliana de Lima e a bateria comandada por Mestre Lagrila.

Em meio a idas e vindas entre os grupos especial e de acesso, a escola caiu pela última vez em 2014. A Leandro de Itaquera desfilou no grupo de acesso nos dois anos seguintes e volta, este ano, com a reedição do enredo “Babalotim - A história dos Afoxés”.

Camisa Verde e Branco

Mais antiga das escolas paulistas, a Camisa Verde e Branco, do bairro da Barra Funda, entra esse ano na avenida às 23h com o enredo “A revolta da chibata. Sonho, coragem e bravura. Minha história: João Cândido, um sonho de liberdade”. Durante a ditadura militar, a escola já havia tentado produzir um enredo sobre Cândido, herói da Revolta da Chibata, porém a proposta foi censurada.

Somente em 2003 a escola conseguiu apresentar o enredo que havia sido proibido pela ditadura. O desfile contou inclusive com a participação de um neto do marinheiro João Cândido, que desfilou no último carro alegórico. Para o carnaval deste ano, a Camisa decidiu por reeditar um samba antigo, e o escolhido foi o do carnaval de 2003.

O início da Verde e Branco remonta ao ano de 1914, quando foi criado o Grupo Carnavalesco Barra Funda, liderado por Dionísio Barbosa. Nesse grupo, os homens saíam pelas ruas do bairro vestidos de camisas verdes e calças brancas. Durante o Estado Novo, eles foram confundidos com simpatizantes da Ação Integralista Brasileira, partido político de Plínio Salgado, e por isso perseguidos pela polícia de Getúlio Vargas, até deixarem de desfilar em 1936.

Depois de 17 anos, em 1953, Inocêncio Tobias, o Mulata, criou um movimento para reorganizar o antigo grupo carnavalesco. Nasceu então o Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco, que logo no seu primeiro ano venceu o desfile de cordões. A partir de 1972, o Camisa se torna escola de samba após o fim do desfile de cordões, chegando ao primeiro título em 1974, com o samba-enredo Essa tal Nega Fulô.

Independente

À 0h, a Independente, original da República, centro da cidade, entra no sambódromo com o enredo “É mentira!”, que propõe uma sátira às mentiras do dia a dia. No início da década de 2000, a Torcida Independente começou a se organizar para participar do Carnaval de São Paulo, como as agremiações Gaviões da Fiel e Torcida Jovem do Santos. Foi então criado o Bloco Independente, com estatuto separado da torcida, que viria a se tornar escola de samba em 2009.

Em 2015, a escola estreou no grupo de acesso do carnaval de São Paulo. A agremiação, que foi a primeira a desfilar, foi surpreendida por uma forte chuva e desfilou a maior parte do tempo enfrentando problemas de infraestrutura. Ficou constatado que o desfile foi prejudicado, pois a Independente não desfilou em condições técnicas iguais às das demais entidades. Com isso, a escola se manteve no grupo de acesso para o carnaval de 2016, no qual alcançou o terceiro lugar.

X-9 Paulistana

A X-9 Paulistana, tradicional da zona norte, desfila a partir da 1h, com o enredo “Vim, Vi, Venci – A Saga Artística de um Semideus”. A escola foi fundada em 1975, no bairro da Parada Inglesa, a partir da comemoração de um grupo de amigos pela vitória do seu time, o Grêmio Internacional Parada Inglesa (Gipi), time  de futebol de várzea da região.

Até meados da década de 1980, a participação da agremiação no carnaval era tímida. Mas, a partir de 1986, houve mudanças na presidência e uma diretoria mais atuante. No ano passado, com o enredo “Açaí guardiã! Do amor de Iaçá ao esplendor de Belém do Pará”, a escola passou por momentos de tensão, com problemas em carros alegóricos e um acidente com três integrantes da escola, sendo que um deles fraturou a coluna. A escola recebeu notas baixas, terminando em 14º lugar, retornando pela primeira vez em mais de 20 anos para o Grupo de Acesso..

Imperador do Ipiranga

A Imperador do Ipiranga, que desfila às 2h, leva ao sambódromo o enredo “Ipiranga, Berço Esplêndido de um Povo Heroico”, que será uma reedição do que foi apresentado em 2004, quando a escola desfilou pelo Grupo Especial.

A escola foi fundada em 1968 por moradores da Vila Independência, de Heliópolis e da Vila Carioca. Seu fundador, Laerte Toporcov, tinha como objetivo dar lazer às crianças pobres de uma favela que existia na área e alertar as autoridades para as enchentes no bairro. Na primeira apresentação, tiveram a ideia de fazer um desfile de protesto, com carros alegóricos imitando barcos. A ideia deu certo e o desfile foi um sucesso, com a participação de várias crianças da região. A escola, que esteve por diversos anos no grupo especial, está desde 2011 no grupo de acesso.

Colorado do Brás

Oriunda da região central da cidade, a Colorado do Brás entra na avenida às 3h com o enredo “Luz, câmera, ação... a Colorado apresenta: a 'Roliúde' no Sertão”, livremente inspirado no livro “Roliúde, um romance picaresco, aventuroso e cinematográfico”, de Homero Fonseca. A história conta a vida de Severino Ramos Soares da Silva, um autêntico nordestino brasileiro.

A escola foi fundada em 1975, a partir de amigos da torcida de um time de futebol de várzea do mesmo nome, que tinham objetivo de divulgar a cultura popular brasileira e desenvolver projetos sociais para atender a comunidade mais carente do Brás. A agremiação chegou a participar do Grupo Especial por alguns anos.

Pérola Negra

Para fechar o desfile do Grupo de Acesso, a Pérola Negra entra na avenida às 4h, com o enredo “Pérola Negra levanta as mangas e põe a mão na massa”. A escola representa a comunidade da Vila Madalena, bairro da zona oeste da cidade. Em 2016, desfilou no Grupo Especial mas ficou em 13º lugar e acabou rebaixada.

A Pérola Negra falará sobre as massas em diferentes sentidos, desde a criação do universo até os dias de hoje: a explosão de massas no Big Bang; Deus, que da massa de barro, teria feito o homem; a massa alimentar, incluindo o macarrão; a massa de pessoas que vão às ruas trabalhar no dia a dia; a massa dos torcedores de futebol; até chegar a grande massa da construção civil.

A escola foi fundada em 1973, a partir da fusão da Acadêmicos de Vila Madalena com o Bloco Boca das Bruxas. Desfilou por diversos anos no Grupo Especial. Ao lado da Imperador do Ipiranga, ela é a que tem mais títulos no atual Grupo de Acesso: ambas as escolas foram quatro vezes campeãs, subindo para o Grupo Especial nessas ocasiões.

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