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Turismo

Paraíso de Chico Mendes


Turista pode ver o paraíso de Chico Mendes.  História, arborismo, pesque-pague e trilhas. Preço da diária dos apartamentos varia de R$ 50 a R$ 120. 


XAPURI, AC – Em março de 1988, três jovens seringueiros ouviam consentidos as idéias do fazendeiro Darli Alves em relação à exploração pecuária de 6.000 hectares de floresta encravados na fundiária do Seringal Equador, na região de Epitaciolândia. A tudo quanto o fazendeiro propunha, os três confirmavam estar de pleno acordo e apenas ouviam, balançando a cabeça em sinal positivo, o projeto que na prática não apenas visava a substituição da floresta por pasto como eliminar de uma vez por todas e peremptoriamente a figura do extrativista. O seringueiro era o único obstáculo para o processo de devastação maquiado de desenvolvimento.

– Não vou fazer nada com vocês. Vou indenizar a todos quanto estiverem de acordo comigo – dizia Alves, segundo testemunho de Duda Mendes, um dos três rapazes que, movimentando a pá de farinha, ouviam o fazendeiro na casa do forno. O tom da voz, óbvio, era ameaçador.

A idéia de Darli, conforme o advogado Gumercindo Rodrigues, amigo e assessor de Chico Mendes, era iniciar a devastação pelos fundos do seringal, na região do Chipamano. Conquistando a fundiária, seu plano seria facilmente levado a cabo. Darli virou as costas e os jovens primeiro procuraram o sindicato de Brasiléia, dirigido por Chico Mendes. Depois, partiram cada um a uma direção para avisar os moradores acerca daquele intento. "Saímos a cavalo, de burro, a pé para avisar o pessoal", lembra Duda Mendes, primo de Chico.

A partir desse comunicado, o Cachoeira viveu cerca de trinta longos dias de empates. O primeiro, nas Quatro Bocas, juntou pelo menos 60 pessoas e impediu a passagem da bagagem de dois pistoleiros que estariam tramando matar os seringueiros na colocação Brasil, marco inicial do nefasto plano de Darli Alves. O empate, pela sua própria natureza, era pacífico mas os seringueiros, criados na dura lida da floresta, estavam prontos para tudo.

O segundo, na Colocação Recanto, confrontou um grupamento de 45 policiais poderosamente armados, enviados para proteger os operadores de motosserra que iniciavam um grande desmate na região. "Na fila da frente estavam as crianças, depois vinham as mulheres, e os homens por último. Todos cantando o Hino Nacional", relata Duda. O pacifismo imposto pelo cântico levou os soldados a baixar as armas.

Emblema

Esse período é tido como emblemático na história recente do Cachoeira. Foi o que deu mais tutano à luta dos trabalhadores. "O queríamos era o direito de continuar sendo seringueiros", diz Rodrigues. Aqueles difíceis dias de empates, que em seu auge reuniu cerca de 300 homens, mulheres e crianças de vários seringais acreanos e bolivianos, acabou definindo a trajetória do Cachoeira. Todas as conquistas seguintes, como a transformação em projeto de assentamento extrativista, seriam conseqüência essencial daquele momento, não obstante a luta que vinha sendo construída décadas antes. 

Paraíso de Chico Mendes - Gente de Opinião "Agora temos um conhecimento acumulado que não podemos abrir mão", disse nesta sexta-feira o governador Binho Marques após a assinatura do termo de cooperação de utilização da Pousada Ecológica Seringal Cachoeira e seus atrativos turísticos. O ato inaugurou o empreendimento que por si só resgata o legado de Chico Mendes e sintetiza uma importante experiência de sustentabilidade. "Temos aqui exemplo de capital social mas temos principalmente capital humano", completou o governador.

Equipamento da rota turística Caminhos de Chico Mendes, a pousada custou cerca R$200 mil e tem capacidade para abrigar 31 visitantes. Suas instalações contam com recepção, restaurante, cozinha, 1 chalé, 2 quartos com sala, 2 belichários (masculino e feminino) e dois apartamentos. A proposta de administração é através de uma parceria público privada e comunitária (PPC). Entre os que irão dar boas vindas aos turistas, vários familiares do líder Chico Mendes.

A expectativa é que a pousada tenha 70% de taxa média de ocupação. Vários outros equipamentos e serviços serão agregados ao longo dos próximos meses, como a prática do arborismo e o pesque-pague. "Agora vejo que nossa luta compensou", diz Raimundo Monteiro, presidente da Associação dos Produtores e Moradores do Cachoeira. Monteiro ajudou Chico Mendes a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e de Xapuri nos idos de 1975.

"Não apenas um negócio de turismo mas empoderamento comunitário", diz o secretário de Turismo, Esporte e Lazer, Cassiano Marques. O Instituto Dom Moacyr treinou nove moradores do Cachoeira para atuar na pousada. A meta é elevar para quinze o número de funcionários locais numa próxima etapa do projeto. A Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer (Setul) manterá apoio permanente até que o negócio ganhe poder de gestão.

Os moradores são fornecedores preferenciais dos produtos consumidos na pousada, como frutas, doces, carne de aves domésticas e muito mais. Parte da receita financeira será destinada à associação de moradores. Os visitantes irão conhecer como se procede a extração de látex e a coleta de castanha, por exemplo. Terão acesso a plantas de poder medicinal, as mesmas usadas pelos povos da floresta. Na mata completamente intocada, facilmente serão observados animais e aves em seu habitat.

"O que o Governo do Acre está trazendo não é apenas um empreendimento de turismo mas o empoderamento da comunidade", disse Marques. Binho e Marques firmam protocolo de intenções para apoiar a Fundação Elias Mansour no desenvolvimento de atividades culturais e de lazer no Cachoeira.

Pousada Ecológica Seringal Cachoeira Acre
Hospedagem
Promoção de inauguração para hospedagem de segunda a quarta-feira desconto de 30%. Inclui café da manhã.


Belichário: R$ 50
Apartamento: R$120
Chalé: R$180


Caminhadas
Trilha do Balde: R$ 3 por pessoa (duração: 30 minutos) pagamento mínimo de R$12
Trilha do Centro: R$ 5 por pessoa, duração de 1 hora, mínimo de R$20
Trilha da Coroa: R$ 7 por pessoa, duração de 2 horas, mínimo de R$30
Caminho do Seringueiro: R$10 por pessoa, duração de 4 a 6 horas, mínimo de R$40
 

Informações e reservas:
Central de Atendimento ao Turista (CAT): Avenida Getúlio Vargas, 91, Praça Povos da Floresta, Rio Branco (AC)
Fones: 08006473998 e 32227661 (horário comercial).


Fonte: EDMILSON FERREIRA - Agência Acre de Notícias - Agenciaamazonia

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