Quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016 - 18h12
Professor Nazareno*
Paris, a elegante capital da França, recebe por ano mais de dez milhões de turistas. Roma, a cidade eterna, capital dos italianos e sede da Cidade do Vaticano, recebe cerca de sete milhões de pessoas a cada ano. Nova Iorque, Miami, Dallas dentre outras bonitas e importantes cidades do mundo recebem entre quatro e seis milhões de visitantes anualmente cada uma. Porto Velho, a imunda e fedorenta capital de Rondônia não recebe ninguém para lhe visitar. Pelo contrário, o turismo daqui é negativo: todos os anos cerca de 100 mil pessoas somem da cidade e procuram outros destinos turísticos. Mas não devia ser assim. Esta cidade poderia investir nesta área e driblar a crise que se avizinha. Lugares de grande importância para se visitar na “cidade das hidrelétricas” não faltam. Esta capital poderia encantar o mundo com sua rara beleza e seus atrativos.
Se tivéssemos um ônibus daqueles que fazem “city tour” seria o máximo. O passeio começaria na Praça Madeira Mamoré. Quem não se encantaria ao ver a maior concentração de fezes humanas por metro quadrado? A destruição do acervo cultural pelas caudalosas águas do rio Madeira seria uma atração à parte. “Ainda há restos de lama podre em algumas peças históricas” diria o guia em várias línguas. “Onze milhões de reais foi quanto a administração petista gastou nesta praça para ela ficar desse jeito”. A segunda parada seria o cemitério de locomotivas. “É por causa deste cuidado e deste zelo que algumas autoridades de Porto Velho e de Rondônia pleiteiam a transformação da EFMM em Patrimônio da Humanidade”, diria o sorridente guia. A mãe de Rondônia foi estuprada, violentada, saqueada e abandonada no meio do mato.
Outra parada fenomenal é a da ponte escura sobre o rio Madeira. “Mais de 200 milhões de reais foram gastos nesta obra que não tem nenhuma serventia. Liga o nada a coisa algumae só serviu até agora para duas coisas: aumentar o número de suicídios na cidade e para subsidiar a farinha d’água que se produz no Projeto Joana d’Arc”. Se a visita fosse à noite, não haveria deslumbre maior. Difícil seria para os turistas entenderem por que as autoridades rondonienses receberam um serviço inacabado. “É a eficiência do DNIT”, diriam alguns entendidos. O Espaço Alternativo é outro colosso turístico de Porto Velho. “De todas as obras inacabadas desta cidade, esta é a segunda que mais elege políticos, só perdendo mesmo para os viadutos do PT”, diria o otimista guia. E por que o mundo não copia dos políticos este grande exemplo de patriotismo?
Outra parada estratégica do nosso roteiro turístico poderia ser a hidrelétrica de Santo Antônio. Com sorte, os turistas poderiam ver algumas das rachaduras que dizem já existir naquela “segura” barragem. Um cardume de pacus ou outro peixe esmagado pelas turbinas poderia, para alegria dos visitantes, também ser visto boiando pelo rio. Os banzeiros assassinos seriam mais uma boa atração. Outros pontos de grande visitação pública por aqui seriam o lixo urbano, o açougue João Paulo Segundo, a rodoviária com seus banheiros imundos, o aeroporto internacional que não faz voo para nenhum lugar do mundo, os piscinões da Dengue, Zika e Chikungunya na Avenida Jorge Teixeira, o posto médico administrado por um cavalo e a paradisíaca Zona Leste da cidade. Mas para visitar este romântico bairro com mais segurança, só mesmo à noite. Já pensou tomar vinho Romanée-Conti e cerveja Brewdog na Avenida José Amador dos Reis?
*É Professor em Porto Velho.
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