Terça-feira, 12 de junho de 2018 - 15h26
A notícia do falecimento do soldado da borracha viera da cidade de Boca do Acre/AM, ocorrida no dia 09, sábado último.
Juvêncio Arruda estava prestes a completar 109 anos de idade, ele era um dos soldados da borracha mais velho que se tem notícias no Brasil, partiu nas primeiras horas do dia 09 de junho perto das 1hora e 30 minutos da manhã.
O soldado da borracha participara ativamente da exploração da borracha muito antes da eclosão da 2º Guerra Mundial, data-se que desde a década de 20 do século passado, Juvêncio já trabalhava nas barrancas do alto rio Purus, região esta que fora um dos maiores redutos de produção de borracha nos anos 40, depois do estado do Acre.
Juvêncio fora mão de obra e braço forte da produção de borracha em vários seringais. Uma visita realizada pela diretoria do Sindicato dos Soldados da Borracha de Rondônia no início do ano de 2018, chegava de surpresa em um dia muito especial à casa onde o soldado da borracha vivia.
No leito de um dos quartos da casa simples onde morava no município de Boca do Acre, Juvêncio cantava sozinho solto na recordação dos seus pensamentos, sem perceber a presença dos que ali o visitavam, sua voz baixa e rouca era ouvida por todos.
O saudoso seringueiro ainda lúcido, momentos depois, revelava sua história de vida, falava da importância do seu trabalho no tempo dos antigos seringais, coisas sobre os acidentes que sofrera ao longo da vida nas matas bravias, dos perigos das grandes onças que teve que enfrentar, como também de um jacaré que um dia lhe levara um pedaço de pé. O seringueiro fazia questão de deixar claro que os governos muito pouco deram na luta dos extrativistas na Amazônia.
Sem saber, Juvêncio Arruda fora vítima no ano de 2013, de um crime de falsidade documental praticado por um advogado com residência na cidade de Porto Velho/RO, este para granjear pessoas a uma Ação de Indenização, usou a assinatura do idoso sem o conhecimento da família, coisa que só iria ser descoberta anos depois.
Anos mais tarde, o soldado da borracha a par da situação, esperava da justiça do município de Boca do Acre um deferimento sobre o assunto, também aguardava junto à família ser reconhecido pelo governo brasileiro pelos trabalhos que
dispensou à nação na época da “batalha da borracha”. Em decorrência deste fato, tramita hoje em segredo de justiça um processo deste caso no Amazonas.
Nestas circunstâncias, Juvêncio Arruda partia nos seus plácidos 108 anos de idade, vindo a falecer em casa vítima de uma gripe. Sua talhada vida feita de muito sofrimento e luta, dentro dos distantes seringais foi o retrato fiel do martírio que muitos seringueiros passaram em nome do Esforço de Guerra Brasileiro.
Este soldado da borracha faz parte agora de uma estatística, daqueles que um dia atuaram na épica Batalha da borracha e morreram esperando serem reconhecidos pelos esforços que fizeram ao mundo e ao Brasil.
Histórico
Soldado da borracha foi o nome dado aos brasileiros que entre 1943 a 1945, foram alistados e encaminhados para a Amazônia, com o objetivo de extrair borracha para os EUA e países aliados que participavam da Segunda Guerra Mundial. O 2º Ciclo da Borracha só foi possível em decorrência dos compromissos assumidos pelo Brasil e EUA através dos Acordos de Washington.
Ante ao exposto, assim como, em decorrência do falecimento nos últimos dias de vários soldados da borracha, a diretoria do SINDISBOR/APAR vem manifestar sua profunda consternação frente as últimas notícias.
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