Terça-feira, 16 de abril de 2024 - 16h48
O procurador
da República Reginaldo Trindade foi homenageado nesta terça-feira (16), durante
a abertura do Simpósio MPF e os Povos Indígenas, por seus 20 anos de atuação no
Ministério Público Federal. O homenageado recebeu uma placa e foi elogiado pela
sua “destacada, corajosa e firme atuação, especialmente na matéria indígena, no
combate à corrupção e na Chefia, período no qual demonstrou ser uma referência,
um líder e inspiração na busca da excelência”.
A placa de
homenagem foi entregue pela procuradora-chefe do MPF em Rondônia, Daniela Lopes
de Faria. O procurador Leonardo Caberlon, organizador do Simpósio, disse que o
trabalho do procurador Reginaldo Trindade é referência para os novos membros do
MPF. O servidor Rogério Domingues relatou que Trindade sempre fez “trabalho de
excelência, sendo uma pessoa ímpar e ser humano fantástico e acolhedor”.
Trajetória - Reginaldo Trindade
começou a trabalhar no MPF em 15 de março de 2004, sendo lotado diretamente em
Porto Velho (RO), onde permanece por opção própria. Ele resume esse período de
trabalho como de grande aprendizado. Trindade relembra das sedes do MPF em
Porto Velho nas quais trabalhou: no começo, em uma casa na avenida Almirante Barroso;
depois em 2007 no prédio da avenida Abunã e desde 2015 no prédio da rua José
Camacho.
Assim que
ingressou no MPF, foi colocado à frente de um grande desafio: em 7 de abril
daquele ano houve a morte de 29 garimpeiros que extraíam ilegalmente diamantes
na terra indígena Cinta Larga. Dessa data e até dezembro de 2017 ele trabalhou
em prol do povo Cinta Larga, além de exercer outras atribuições. Nessa atuação,
ele realizou inúmeras atividades, como a Caravana da Esperança, quando
conseguiu levar dezenas de autoridades públicas (incluindo o governador de
Rondônia, o presidente da Assembleia Legislativa, vários parlamentares
federais, estaduais e municipais, juízes, delegados, secretários etc.) à aldeia
Roosevelt para conhecer a realidade e tentar melhorar a situação dos indígenas.
Em parcerias obtidas pelo MPF, mais de cem bolsas de estudo em faculdades de
todo o Estado foram disponibilizadas aos indígenas Cinta Larga. Alguns
indígenas já até conseguiram diploma superior graças a esse trabalho
desenvolvido.
De 2010 a
2012, Reginaldo Trindade esteve na chefia do MPF em Rondônia. Durante esse
período ocorreram diversas atividades promovidas pelo órgão. O projeto MPF em
Diálogo com a Comunidade reuniu setores da sociedade: igrejas, associações de
bairro de Porto Velho, imprensa e faculdades. O projeto MPF nas escolas
alcançou mais de 15 mil estudantes. No mesmo sentido houve o primeiro concurso
de redação sobre o MPF. Internamente, foi feita a primeira ação de valorização
dos servidores, com a entrega de placas para os servidores com mais tempo de
casa. Na gestão, ocorreram reuniões de gestão, presenciais e quinzenais, com
todos os chefes de setores das duas unidades do MPF (Porto Velho e Ji-Paraná).
O combate à
improbidade administrativa foi outra atuação muito relevante em sua trajetória.
Processou prefeitos, parlamentares estaduais e até federais. Dentre as ações de
maior destaque, estão: a Operação Abate, que desmantelou um esquema de fraudes
na Superintendência Federal da Agricultura, em que os servidores envolvidos
foram demitidos e o caso repercutiu no exterior; as operações Vórtice e
Endemias, que foram deflagradas para combater a corrupção em obras
administradas pela prefeitura de Porto Velho com verbas federais do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC); e a ação de improbidade administrativa que
resultou no afastamento do então governador de Rondônia em 2009 por coagir
testemunhas e obstruir investigações da Polícia Federal em um processo de
compra de votos nas eleições de 2006 e pela qual o ex-governador, um delegado
da polícia civil, agentes de polícias e outros já foram condenados em primeira
instância.
“Foi uma
época absolutamente abençoada esses vinte anos de MPF. Foram tantos os
desafios, tantos os aprendizados, algumas frustrações também, mas, como tudo na
vida, isso faz parte igualmente. Do meu maior desencanto com a instituição,
havido entre 2016 e 2018, estou até hoje tentando me reinventar, mas hei de
conseguir. Move-me um desejo sincero de cumprir, o melhor possível, o
sacerdócio que é a Causa da Justiça; até porque sei que, desta forma, estarei
contribuindo, e muito, para ajudar as pessoas, sobretudo as mais carentes – e
isso, para muito além de qualquer ressentimento, conforta demais o coração, a
alma e o espírito”, finalizou Reginaldo Trindade.
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