Quinta-feira, 15 de outubro de 2020 - 11h50
A pecuária de leite
tem grande importância econômica e social para Rondônia, que é o maior produtor
de leite da região Norte e o sétimo do país. Mais da metade das propriedades
rurais do estado praticam esta atividade. No entanto, cerca de 80% dos produtores
de leite de Rondônia são de base familiar, com produção média de 67 litros
diários por propriedade, e a produtividade de 4,4 litros/vaca/dia. Com a adoção
de tecnologias, este cenário pode mudar, com mais produção, produtividade,
desenvolvimento do setor e qualidade de vida no campo.
É o que propõe o
projeto da Embrapa Rondônia de pesquisa e transferência de tecnologias para o
fortalecimento da pecuária de leite no estado, denominado Transtec, que terá
duração de cinco anos. “Com a implementação do Sistema de Produção de Leite da
Embrapa sabemos que é possível obter o dobro da produção de leite de um sistema
convencional/rudimentar. Isso pode ser comprovado em propriedades atendidas por
programas da Embrapa em Rondônia. Porém, há potencial para se quadruplicar a
produção, contanto que haja investimento financeiro por parte do produtor”,
dimensiona o chefe de Pesquisa da Embrapa Rondônia, Henrique Cipriani.
O Transtec tem foco
em estratégias e ferramentas para a formação e manejo de pastagens, manejo
nutricional e reprodutivo do rebanho, controle da incidência de mastite e da
qualidade do leite, bem como para gestão financeira da propriedade. As ações
serão realizadas em todo o estado. Isso será possível por meio da implantação
de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) e da capacitação continuada de
multiplicadores (públicos e privados) para a difusão das tecnologias e boas
práticas de produção, tanto as desenvolvidas durante o projeto, quanto às
validadas e ainda não adotadas. Estas URTs servirão como verdadeiras salas de
aula, ou mesmo “laboratórios” para o desenvolvimento e validação de novas
tecnologias, além de perenizar os frutos do projeto e servirem de modelo para
as demais propriedades.
Segundo o chefe de
Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho, a
capacitação continuada subsidia a tomada de decisão dos técnicos no campo e
permite que as tecnologias sejam difundidas de forma participativa e
adaptativa, conforme as necessidades do produtor. “Como resultado deste
trabalho conjunto, queremos promover a qualificação da assistência técnica e um
impacto positivo na produção e produtividade dos sistemas de produção de leite
no estado”, explica.
As pesquisas serão
desenvolvidas nos campos experimentais da Embrapa Rondônia, e em parceria com
produtores rurais e indústrias lácteas do estado. Neste processo, será possível
a avaliação de tecnologias como forrageiras, manejos reprodutivos e estratégias
para melhoria da qualidade do leite e sanidade animal em uma diversidade de
ambientes, tornando a validação mais confiável e aplicável à realidade do
estado.
O Transtec foi
viabilizado pelo convênio n° 130/PGE-2019, entre o Estado de Rondônia, por meio
da Secretaria de Estado da Agricultura - SEAGRI, e a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, por meio da Embrapa Rondônia. Faz parte de um grande
programa estadual financiado pelo Fundo PRO LEITE, denominado AGROLEITE, que
tem como objetivo principal fortalecer a cadeia produtiva do leite no estado de
Rondônia, atuando na melhoria da gestão, da produtividade e da qualidade, por
meio do aperfeiçoamento profissional e gerencial, pesquisa e transferência de
tecnologia, aplicação de práticas modernas, agregação de valor visando
ampliação e acesso a novos mercados de forma sustentável. Também fazem parte do
programa o projeto InovaTec, liderado pelo Sebrae-RO, o projeto Consultec,
liderado pela EMATER-RO, e o projeto Investe Leite, liderado pelo Banco do
Povo. O programa tem também a participação SEAGRI e Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural – SENAR-RO.
Para Evandro
Padovani, Secretário de Agricultura de Rondônia, “o projeto Transtec é muito
importante para o Estado e possibilitará que a Embrapa possa disponibilizar
resultados de pesquisa para o aumento da produção do agronegócio do leite em
Rondônia. Serão disponibilizadas variedades de forrageiras e diversas outras
tecnologias. Haverá a implantação de Unidades de Referência Tecnológica, onde
faremos dias de campo juntamente com a Embrapa para difundir os resultados de
pesquisa e fazer que chegue até o produtor rural. Durante os próximos cinco
anos, nós teremos um acompanhamento da evolução das propriedades rurais. O
Transtec vai ser um divisor de águas entre a atual produtividade de Rondônia.
Eu tenho certeza de que o Projeto vai revolucionar a produção leiteira no
estado de Rondônia”.
Ações de pesquisa
Pastagem - Está previsto no
Transtec o desenvolvimento e validação de forrageiras com foco em amenizar a
problemática da degradação de pastagens, principalmente a que está relacionada
com ocorrência da síndrome da morte do capim-braquiarão (SMB) e a
cigarrinha-das-pastagens. A diversificação trará impactos significativos, pois
estas ocorrências se beneficiam de um ambiente de monocultivo. As variedades
desenvolvidas no projeto atacam esses dois principais problemas, que implica,
inclusive, na redução do consumo de agrotóxicos.
Reprodução - Também há previsão
de desenvolver ferramentas para manejo reprodutivo de vacas leiteiras em
condições de estresse nutricional e calórico, considerando as condições
climáticas predominantes no estado. Este aspecto merece destaque, tendo em
vista que a venda de bezerros é uma importante fonte de renda na atividade,
assim como uma boa taxa de prenhez interfere diretamente na produção de leite.
Qualidade do Leite
- Atividades para monitoramento e mapeamento dos pontos críticos de
contaminação do leite em unidades de produção, fazem parte do projeto. Estes
resultados são importantes para a definição de estratégias para o controle da
qualidade do leite. Ações em parceria com produtores e a indústria podem
fomentar a melhoria da qualidade do leite em Rondônia, garantindo um alimento
saudável e mais nutritivo para os consumidores.
Ações de
transferência de tecnologias e comunicação
Concomitante às
ações de pesquisa, estão previstas atividades para implantação de 11 Unidades
de Referência Tecnológica, que serão utilizadas como ferramenta para a
disseminação e demonstração de tecnologias já desenvolvidas pela Embrapa para
uso em sistemas de produção de leite a pasto. A seleção de tecnologias que
serão implantadas em cada URT será feita com base em um diagnóstico inicial do
sistema utilizado em cada propriedade e a implantação será realizada por um
técnico com base em um plano trabalho elaborado pela Embrapa Rondônia.
Fazem partes destas
ações a qualificação de técnicos para assistência em unidades de produção de
leite em Rondônia, tanto de instituições públicas como privadas. Para
isso, estão previstos eventos de capacitação continuada, visitas e excursões
técnicas, dias de campo e seminários durante os cinco anos de vigência do
projeto. Para potencializar as ações realizadas e fazer com que as informações
cheguem aos produtores, técnicos e sociedade, serão adotadas estratégias de
comunicação para favorecer o acesso ao conhecimento.
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