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Amazônia Especial

A INCOMPETÊNCIA DE BRASÍLIA ALIMENTA A FOGUEIRA NA FLORESTA.



AMAZÔNIA:  
BRASIL IGNORA O MAIS IMPORTANTE 
BANCO GENÉTICO DO PLANETA  (XIV)
 

 

Roberto Gueudeville   
     
   
Não se trata apenas de criticar o atual governo. Não seria justo. A incompetência é geral, é de toda a sociedade brasileira e especialmente a da própria Amazônia, por absoluta omissão em proteger a floresta. O grande ônus é do governo porque as pessoas elegem governos para, basicamente, resolver os problemas. No Brasil, eles prometem e não cumprem e os eleitores não cobram. A ausência de gestão, nos governos (federal, estadual e municipal) é tão flagrante que sua marca registrada é a falta de definição de critérios prévios e agilidade nas decisões. O PAC já virou “PACTOIDE” denuncia o Estadão. Sente-se, em todos os escalões, o declínio físico e moral do homem público, com graves conseqüências: o país perde o status de Nação civilizada e a população persegue a cidadania, sem nunca alcançá-la. Brota desse estado de inanição um desagradável sentimento de inutilidade, em um país jovem, onde a crise de moralidade é do seu próprio tamanho. Às vezes sou tomado de um sentimento de culpa por estar exigindo de pessoas e governos não qualificados, soluções para a Amazônia e peço desculpas a mim próprio. E quando a imprensa os critica fortemente, as lideranças responsáveis tangenciam, o Executivo tolera, o Legislativo cria CPI’S para atrair holofotes e o Judiciário, nobre senhora vestal, deveria criar uma súmula vinculante para ladrão rico (só o pobre vai para a cadeia), reformando a própria casa, eliminando o mercado de recursos que permite, por exemplo, ao dono do Opportunity, o primeiro escroque genuinamente brasileiro (Naji Nahas perdeu o trono) jamais cumpriu alguma pena. 

Dizer que a lei brasileira (incluindo a “Constituição – cidadã” de 1988) é elaborada para proteger as elites, cujas origens da riqueza sempre são fraudulentas (o ideal português de colher o fruto sem plantar a árvore, pegou), é menosprezar a inteligência do leitor. 

Tradicionalmente, os brasileiros sempre ignoraram a Amazônia. O portal da Globo.com abriu espaço para denúncias populares. Com uma população de 185 milhões, dos quais pelo menos 100 milhões assistem a TV, apenas 3 milhões de pessoas se manifestaram, três por cento. Se a Amazônia para os americanos está situada em 3º lugar no “top of mind”, depois de Jesus Cristo e Coca Cola, nossa percepção do problema fica bem atrás. 

- O BRASIL NÃO ESTÁ FALANDO SÉRIO! 

A INCOMPETÊNCIA DE BRASÍLIA ALIMENTA A FOGUEIRA NA FLORESTA. - Gente de Opinião
A empolgação espalhafatosa e teatral do Ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, em rede nacional de TV, na primeira semana de dezembro, não é presente de Natal para ninguém. Primeiro, é preciso lembrar que o Ministério do Meio Ambiente não fez nada, absolutamente nada sério para proteger a floresta e implantar um projeto de desenvolvimento sustentável como o Palácio do Planalto alardeia. E fica só no discurso. Todos os seus ministros são fracos e vêm cuidando melhor de suas carreiras políticas, incluindo Marina Silva, a seringueira que decepcionou, alugando o Ministério para dezenas de ONG’S, todas improdutivas, que ganharam dinheiro. 

O Plano Nacional de Mudanças Climáticas apresentado oficialmente pelo Brasil à 14º Conferência do Clima, nas Nações Unidas, em Poznan, na Polônia, em 12/12/2008, promete reduzir o desmatamento da Amazônia em 70%. Tem gente elogiando o governo por ter, pela primeira vez, estipulado metas, antes que países industrializados o fizessem como era a posição anterior do país. 

O governo mente porque sabe que não tem nenhuma condição de cumprir essa meta. Absolutamente nenhuma. Isso constitui presepada do ministro e Lula apoiou, como vem apoiando o “PACTOIDE” de Dilma Rousseff. 

E não me consta que a promessa brasileira signifique alguma reviravolta na política de meio ambiente do Brasil. Porque essa política não existe, só no gabinete do Ministro, com elogios e palmas dos seus assessores. 

Com o desflorestamento emitindo 75% da emissão de gases – estufa, no Brasil (no restante do mundo é 20%), o governo promete também evitar a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de gás carbônico (CO₂) até 2017. O governo não tem o direito de prometer aquilo que não vai cumprir e é antiético estabelecer metas (até 2017) para dois outros governos cumprirem, a não ser que haja outro golpe de Estado, “glorificando” Lula como ditador. 

Boa parte das delegações de países presentes em Poznan se manifestou sobre a pretensão de Minc: 

-O Brasil não está falando sério! 

Concordo. 

A FOGUEIRA CONTINUA A INCOMPETÊNCIA DE BRASÍLIA ALIMENTA A FOGUEIRA NA FLORESTA. - Gente de Opinião

Entre 1977 e 2005 o desmatamento na Amazônia atingiu a 313 mil quilômetros quadrados, o equivalente a uma Itália. Até hoje, cresceu para uma Bélgica mais uma Holanda. E os municípios que mais desmatam permanecem pobres, uma pobreza que assusta até São Francisco de Assis. 

O problema principal a ser atacado é a situação fundiária. O IBAMA estima que 25% das terras da Amazônia sejam de propriedade particular; 33% de áreas protegidas e 42% de terras públicas griláveis. Para temperar este imbróglio, 80% das empresas que trabalham com madeira usam documentos frios, sem dúvida com a conivência de autoridades. Corrupção total. 

BRASILEIRO TEM COMPLEXO DE VIRA LATA

Nenhum executivo em Brasília até hoje fez algum esforço para compreender que proteção ambiental, especialmente na Amazônia é um excelente negócio. Como também nenhum empresário do sul maravilha. Com pouquíssimas exceções, temos “complexo de vira lata”, já denunciava Nelson Rodrigues. 

O Brasil deveria reunir o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e BNDES para financiarem (sem fundo perdido) um grande projeto de implantação de florestas produtivas (palmoil – dendê, açaí, pupunha, cupuaçu, etc) e grandes florestas energéticas (madeira) no espaço de 80 milhões de hectares que já destruímos. 

Vale lembrar que também os governadores dos Estados Amazônicos que estiveram em Londres em julho último, a convite, no Palácio de St. James, nenhum deles levou qualquer projeto, muito menos o que proponho aqui. 

A Secretaria do Meio Ambiente do Pará informa que para cada 500 mil há em um projeto florestal comercial, mais 500 mil há destinados à reserva legal, onde estarão as florestas produtivas com culturas perenes de dendê, açaí, cupuaçu, pupunha e curauá, teremos um resultado de US$7 bilhões em cada ciclo de 8 anos (no caso de madeira) e mais um crédito aproximado de US$1 bilhão, pela não emissão de carbono. Para 80 milhões de há, com projeto de 30 anos, teremos uma receita de US$640 bilhões, a cada ciclo de 8 anos. 

Computados as produções dos outros 500 mil há que serão reserva legal, poderemos atingir US$1 trilhão, somando a madeira (ciclo de 8 anos) mais as outras culturas perenes com inicio de produção a partir do 4º ano de plantadas. 

Para tornar produtivo cada milhão de hectares, o investimento será de US$4 bilhões. Para 80 milhões de há, em 30 anos, o custo estimado será de US$320 bilhões de dólares. 

Para países onde vários US$ trilhões sumiram na implosão do sistema financeiro internacional, nossa proposta não pode ser considerada um despropósito. 

Para reverter a crítica, em Poznan, de que “-O Brasil não está falando sério!” bem que o governo poderia apresentar algum projeto sério em Copenhague, em dezembro próximo, quando serão assinados novos acordos de clima, pós protocolo de Kyoto. Se quiser, faz. 

Isso é muito mais rentável do que o desmatamento, incluindo o cooperativismo e altos índices de inclusão social. 

Nós precisamos aprender, cultuar e cultivar, que destruir a floresta é, antes de tudo, um ato de burrice, além de crime. E o Estado, para fazer cumprir a lei usa a força e a violência contra o que ele acha errado e atinge a milhares de famílias pobres, mulheres e crianças indefesas, jogando-as na marginalidade e no infortúnio. O Estado, à frente um ministro ignorante e despreparado, combate o crime do desmatamento cometendo um crime maior, covardemente, contra uma população pobre que, sem dúvida, vai engrossar as fileiras do narcotráfico. A impunidade começa pelos erros grosseiros que o governo Lula comete.

Fonte: Roberto Gueudeville (Encaminhado por Sílvio Persivo ao Portal Gentedeopinião). 

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