Sábado, 11 de junho de 2016 - 08h02
ANDI (Mídia Amazônia) - A atual crise econômica afeta diretamente a produção e as exportações brasileiras. A instabilidade política e econômica levou o dólar a uma alta de quase 50% em 2015, estimulando a exportação por um lado, mas prejudicando a produção por outro, devido ao aumento dos gastos com equipamentos e insumos importados.
A China é o principal comprador de produtos agropecuários brasileiros. O crescimento chinês impulsionou a alta das commodities até 2014, porém, a sua desaceleração posterior causou queda da demanda e, consequentemente, do preço.
O agronegócio brasileiro depende do mercado externo para se desenvolver e vem registrando recordes sequenciais em volume de exportação. Não foi diferente em 2015, o ano registrou mais um recorde em quantidade exportada, apesar da diminuição dos preços, e o superávit do agronegócio foi de cerca de 75 bilhões de dólares, refletindo no superávit total brasileiro de quase 20 bilhões de dólares.
Os nove estados da Amazônia Legal são importantes produtores de carne bovina, soja e madeira. O estímulo à exportação impulsiona o aumento da produção, o que pode provocar um aumento do desmatamento na região. O desmatamento na Amazônia vem oscilando nos últimos anos e registrou um aumento de 16% em 2015 (Gráfico 1), somando 5.831 km2 de áreas desmatadas. É importante ressaltar que os dados do sistema de monitoramento Prodes, conduzido pelo Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE, não diferenciam desmatamento legal e ilegal.
Gráfico 1. Desmatamento por estado da Amazônia Legal (km2).
Fonte: Prodes
A extração madeireira é a primeira etapa do desmatamento. A maior parte da remoção ilegal de madeira é direcionada para o mercado interno. O volume oficial de extração flutua e os maiores produtores são Pará e Rondônia (Gráfico 2).
Gráfico 2. Extração de madeira em tora (mil m3) por estado e desmatamento na Amazônia Legal*.
* Os dados consolidados de 2015 ainda não foram divulgados.
Fonte: IBGE (PEVS) e Prodes
Já a produção de soja e o rebanho bovino na região têm crescido nos últimos anos (Gráficos 3 e 4), com destaque para Mato Grosso, que possui o maior rebanho bovino (quase 30 milhões de cabeças) e também é o maior produtor de soja (28 milhões de toneladas) do país. O estado tem investido na modernização e intensificação da produção, o que diminui a necessidade de desmatamento para o aumento da produção. Porém, em 2015, Mato Grosso desmatou 40% a mais em comparação a 2014.
Gráfico 3.
Fonte: CONAB e Prodes |
Gráfico 4.
* Projeção de rebanho / Fonte: Anualpec e Prodes |
Em 2006, em resposta a uma campanha do Greenpeace, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira dos Exportadores de Cereais (ANEC) comprometeram-se a não comprar soja proveniente de áreas desmatadas. Esse acordo já foi renovado algumas vezes e seu término está previsto para maio deste ano.
De forma similar, em 2009, o Ministério Público Federal do Pará negociou um acordo com frigoríficos, que se comprometeram a não comprar gado de áreas desmatadas e com registro de trabalho escravo, conhecido como o TAC da carne. Esse mecanismo ajuda a quebrar a cadeia da ilegalidade, mas não consegue atingir mercados locais abastecidos por frigoríficos pequenos e também não coíbe a falsificação de documentos de origem.
A exportação de soja pelos estados da Amazônia Legal vem apresentando alta contínua nos últimos anos (Gráfico 5). O maior comprador de grãos de soja brasileiros é a China. Com a alta do dólar, é esperado que a exportação de grãos continue aquecida, acompanhada pelo aumento de produção.
Já a exportação de carne bovina sofreu uma desaceleração em 2014 e leve queda em 2015 (Gráfico 6). Esse resultado reflete as crises na Rússia e na Venezuela, grandes compradores da carne bovina brasileira.
Gráfico 5. Exportação de grãos de soja (mil toneladas) pelos estados da Amazônia Legal.
Fonte: Aliceweb/MDIC (NCM 1201) |
Gráfico 6. Exportação de carne bovina congelada (toneladas) pelos estados da Amazônia Legal.
Fonte: Aliceweb/MDIC (NCM 0202) |
O estímulo para o aumento da produção exerce pressão sobre a mata nativa e deficiências na fiscalização podem agravar o cenário. Os gastos com a fiscalização do Ibama são despesas discricionárias, passíveis de corte a qualquer momento. O orçamento do órgão já é limitado e sofre com atrasos de repasses.
O IBGE divulgou a retração do PIB em 2015, a maior em 25 anos. Apenas o setor agropecuário apresentou crescimento, com alta de 1,8%. A situação favorável do agronegócio é importante para gerar emprego, renda e arrecadação, e tende a continuar em crescimento. A exportação é influenciada pela estabilidade financeira dos grandes compradores, mas deve continuar estimulada com a alta do dólar.
Notas:
Fontes:
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