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A hidrovia contra o apagão logístico


 

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No rumo: derrocamento dos pedrais aumenta o calado no rio Tocantins, possibilitando a navegação na hidrovia Tocantins-Araguaia em aproximadamente 500 quilômetros /DIVULGAÇÃO



FRANSSINETE FLORENZANO
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BELÉM, Pará — Contra o apagão logístico, a hidrovia. Este é o desafio lançado pelo presidente da Frente Parlamentar Pró-Hidrovias e Portos do Pará, deputado estadual Luis Cunha (PDT), como solução para baratear significativamente o frete entre o Pará e os demais estados amazônicos, do nordeste e do centro-oeste brasileiro.

Cunha defende há anos um conjunto sistemático, eficazmente planejado em favor das hidrovias Tocantins-Araguaia, Tapajós-Teles Pires, Marajó e Guamá-Capim. Sabe que a forte demanda de transporte no País, aliada à falta de infraestrutura nos portos brasileiros, já está sendo usada como argumento para justificar o reajuste do frete em 14%, com prejuízos para a economia de todo o País.

Reforçando a distorção histórica na matriz de transportes, pesquisa da Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística revela: 45% das empresas do setor de transporte de carga pretendem investir em caminhões neste ano.

— Por que não viabilizar as hidrovias, com o frete infinitamente mais barato, sem os perigos, os estragos no asfalto e o trânsito infernal que acarretam enormes filas de carretas nas estradas e nas cidades, num círculo vicioso de mais poluição sonora e atmosférica, engarrafamentos, acidentes e falta de competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional? — propõe Cunha.

Reduzir diferenças regionais 
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Cunha: "Esforços e incentivos são importantes para ampliação da malha hidroviária da Amazônia Oriental



O deputado lembra que esforços e incentivos são importantes para a ampliação da malha hidroviária da Amazônia Oriental.

— É preciso dotar a região de condições técnicas e operativas para competir na conquista de novos produtos, processos e mercados. Isso vai integrá-la mais fortemente ao contexto nacional produtivo e reduzir as diferenças regionais — ele diz.

De que jeito? Com o uso de tecnologias na infraestrutura básica e maior valor agregado, o que eleva os índices de crescimento e desenvolvimento, ele defende.

Paralelamente às eclusas de Tucuruí, que deverão ser concluídas este ano, o derrocamento dos pedrais (eliminação do conjunto de pedras para aumentar o calado) no rio Tocantins possibilitará em 500 quilômetros a navegação na hidrovia Tocantins-Araguaia, desde Marabá até Vila do Conde.

De março a julho, muitas obras

Esse derrocamento permitirá o escoamento da produção e o desenvolvimento econômico e social não apenas do Pará, mas do País, diante do caráter de integração nacional que tem as bacias hidroviárias. No final de 2009, a Secretaria de Meio Ambiente do Pará expediu Termo de Referência para o Relatório de Controle Ambiental do trabalho nos pedrais.

Estima-se que a licença seja expedida este mês, com o que o DNIT poderá publicar o edital de licitação para a executar o derrocamento, orçado em R$ 580 milhões, e iniciar os serviços no segundo semestre de 2010.

Segundo o presidente da Frente Parlamentar, desde a conclusão da segunda fase da hidrelétrica de Tucuruí, em 2006, os níveis do reservatório da barragem têm variado muito, apresentando sérios riscos à navegação no trecho entre a ilha do Bogéia e a localidade de Santa Terezinha do Taury (PA), devido ao afloramento rochoso.

— É inadiável o aproveitamento dos nossos rios como estradas naturais, num sistema multimodal. Isto será uma verdadeira revolução para o bem do Pará e do Brasil. Com a construção de terminais hidroviários nos municípios do interior, acessos aos portos públicos, há que se salientar, ainda, sob os pontos de vista estratégico, político e econômico, os reflexos na expansão da fronteira agrícola, formação de infraestrutura, disseminação das fontes de trabalho e renda — analisa.

Cunha prevê o surgimento de atividades que orbitam os fluxos de produtos, mercadorias e serviços. Lembra que a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007 permitiu a construção das eclusas de Tucuruí, que têm conclusão prevista para julho deste ano.

Iniciada em 1981, a obra vencerá um desnível de 72 metros de altura provocado pela construção da barragem de Tucuruí e restabelecerá a navegabilidade no rio Tocantins, permitindo o tráfego de comboios com carga.

O sistema de transposição é composto por duas eclusas e um canal intermediário. Nesta fase, a eclusa 1 está com 93% das obras concluídos, o canal intermediário, 91% concluídos e a eclusa 2, está com 82% concluídos. Já foram adquiridos 75% dos equipamentos eletromecânicos, entre os quais, bombas e portas de ferro, que são responsáveis pelo sistema de enchimento e esvaziamento das câmaras das eclusas.

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