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Acampados do Barro Branco já temem o pior


Acampados do Barro Branco já temem o pior - Gente de Opinião
Produção de hortaliças dos acampados no Barro Branco: mudanças na história agrária do Cone Sul não escondem a inquietação devido a ameaças de jaguncismo /DIVULGAÇÃO

 
 

XICO NERY
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PORTO VELHO – Sucessivas ameaças de morte, tocaia, queima de barracos e intimidações levam camponeses de Chupinguaia a acusar o governo estadual de “apatia e complacência” diante da situação de 65 famílias inscritas no Programa Estadual de Reforma Agrária, contemplado pelo MDA.


Segundo eles, o ex-presidente da Associação dos Agropecuaristas de Vilhena e atual secretário regional do Governo de Rondônia, Ilário Bodanese, seria o principal interessado na repressão aos acampados na região. É dele a ação de manutenção de interpelações judiciais em nomes de fazendeiros que fazem uso de policiais militares, pistoleiros e jagunços na região, dizem.


O assessor jurídico da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), advogado Afonso Maria das Chagas, confirmou a Amazônias que o Acampamento Barro Branco, em Chupinguaia, “diuturnamente” vive ameaçado por policiais e guaxebas que defendem os interesses de Bodanese, Euzébio da Silva André, espólio de Arnaldo da Costa Esperança e Leonilda Tonin André.


As famílias acampadas temem a repetição da chacina de Corumbiara. É também a segunda vez que o governador João Cahulla tem o nome vinculado a casos de conflitos agrários. Na primeira vez, ele surgiu na ocupação, também em terras da União, no distrito de Extrema, onde o irmão Wilson Cahulla tenta expulsar quase três mil pessoas dos arredores da Fazenda Gobbi, de suposta propriedade da família dele.


Grandes faixas de terras


A área medindo cerca de dois milhões de hectares, antes pertencia a uma reserva e foi extinta quando Cahulla sucedeu o hoje senador eleito Ivo Cassol (PP). O líder camponês Sérgio Brito aponta a semelhança de atitudes em Chupinguaia e Extrema.


O Acampamento Barro Branco vive em pé de guerra, afirmam trabalhadores sem terra de Novo Plano. Segundo essa fonte, “grande parte da culpa cabe ao superintendente do Incra, Carlino de Jesus, que demorou a encaminhar as vistorias técnicas nas terras da União ocupadas, desde o tempo do ex-chefe do núcleo do órgão, em Pimenta Bueno, o paraguaio naturalizado brasileiro, Oscar Parra.


Segundo os líderes camponeses, a apatia de Carlino e Parra causou um clima tenso entre acampados e latifundiários “de Vilhena até a capital”. Indicados pelo deputado federal, Anselmo de Jesus (PT), ambos não souberam administrar os conflitos na região. Em 2006, líderes dos acampamentos Barro Branco, Água Boa, Terra Boa, no distrito de Novo Plano, em Chupinguaia, foram rechaçados em reunião do Incra, na presença do bispo Dom Antônio Possamai, sob mediação da CPT e da Diocese de Ji-Paraná.


À época, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Tácito Pereira e assessores de Anselmo de Jesus, foram acusados de “fazer ouvidos de mercador” por terem apurado as denúncias com Oscar Parra, inclusive em denúncias de assédios a mulheres acampadas em Terra Boa e outras áreas. Além do uso de policiais militares à paisana, Parra foi acusado por uma série de supostos crimes administrativos enquanto administrou o Incra em Pimenta Bueno.


Entre as irregularidades consta a liberação de uma estrada a fazendeiros no distrito de Nova Conquista e avaria no motor de um veículo da unidade de Colorado do Oeste. Essas denúncias nunca foram apuradas, afirmam trabalhadores sem terras do Acampamento Barro Branco.


Título cancelado


Os Acampamentos Barro Branco, Terra Boa e Água Boa são terras públicas pertencentes à União Federal. Segundo o Departamento Juridico da CPT, o título exibido por Bodanese, Euzébio da Silva André, Arnaldo da Costa Esperança e Leonilda Tenin André já foi cancelado administrativamente. Agora, o Incra ajuizou uma ação ordinária de retomada contra os supostos donos da área em litígio.


– O processo tramita na Justiça Federal – relata Afonso das Chagas. Os acampados identificam um jagunço conhecido por Nego do chapéu, remanescente do massacre de Corumbiara como um dos autores das perseguições. Ele é dono de um supermercado. Outros já foram condenados por homicídios de sem-terra.
 

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