Domingo, 16 de janeiro de 2011 - 17h44
Cuiabá antiga, dos tempos em que se ouviam pássaros cantando todo dia nas árvores do centro /TONOMUNDO |
GABRIEL NOVIS NEVES
CUIABÁ, Mato Grosso – É um tema ao qual sempre retorno quando encontro novidades. Saí de casa antes de o sol nascer. De imediato sou homenageado com o som da mais perfeita orquestra do mundo. Os cânticos dos pássaros da madrugada são verdadeiros hinos, produzidos por instrumentos inimagináveis pelos seres humanos. Harpas, violinos, cavaquinhos, flauta, sax, enfim, todos os nossos conhecidos instrumentos de sopro, cordas e percussão. E as inimitáveis e afinadíssimas vozes, produzidos por esses voadores do alvorecer!
Não conheço o regente oculto dessa orquestra, mas sei quem é. Só pode ser Ele – o nosso Criador.
Toda essa beleza acontece quando a cidade ainda dorme. Os jovens acordam mais tarde, com exceção daqueles que moram no sertão. Os daqui, não conhecem esse antigo-novo-ritmo, hoje quase expulso das metrópoles.
Existem gravações maravilhosas dos pássaros da Amazônia, mas não é interessante comercialmente, assim como a música erudita. Que pena!
Também pudera! Os órgãos governamentais da cultura não acham que isso seja cultura. E vai o nosso dinheirinho do imposto para financiar música funk do Morro do Alemão.
Árvores dos arredores da Igreja do Bom Despacho: onde ainda é possível encontrar passarinhos /MOCHILEIROS |
Daqui a pouco os sons divinos da orquestra dos pássaros serão substituídos pelo roncar dos motores de ônibus, caminhões, carros, motos, buzinas e vozes dos vendedores ambulantes.
Continuo a caminhada e deparo-me com uma peça do vestuário masculino perdido entre o asfalto e a calçada de uma das mais chiques avenidas de Cuiabá – a Avenida das Florestas. Uma solitária cueca cor de abacate, tamanho grande. Logo adiante uma luva esquerda de uso hospitalar.
Lembrei-me dos sábios conselhos da minha mãe, hoje completando cinco anos da sua desencarnação. “Meu filho, a pressa é a inimiga da perfeição.”
Frase perfeita para a interpretação do meu inusitado achado, e perdido à noite por algum casal apressadinho, ou surpreendido naquilo que todo mundo faz, mas não pode ser visto.
Pelos dois achados, tratarei no plural o personagem do perdido, com outra sabedoria popular, tão própria para justificar os perdidos na rua: uma cueca e uma luva para mão esquerda - “Perdem-se os anéis, salvam-se os dedos”!
Esta é a minha Cuiabá humanizada – cheia de histórias e mistérios.
Continuarei as minhas caminhadas prestando atenção nos achados e perdidos, na momentânea inocência da cidade da minha infância distante.
■ O autor é colaborador de Amazônias e do Supersitegood. Foi o primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso.
Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros
Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território
A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce
A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci
Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais
A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra