Quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 - 11h44
Doentes atendidos no combalido Pronto Socorro de Várzea Grande (MT): retrato das mazelas da saúde que campeiam pela Amazônia e pelo País /MIDIANEWS |
GABRIEL NOVIS NEVES
Agora basta! Este é o título do editorial do Jornal do Conselho (CRM-MT), edição 105 (novembro-dezembro de 2010). Quem assina é o professor doutor da UFMT e presidente do Conselho, Arlan de Azevedo Ferreira.
“Atitudes isoladas para melhoria nas condições de trabalho e valorização da atividade profissional do médico não têm alcançado a repercussão desejada tanto em relação à saúde pública como também aos planos e operadoras de saúde suplementar.
Temos sido historicamente aviltados tanto quanto a remuneração como pela exposição às péssimas condições de trabalho, sobretudo no setor público.
O valor líquido pago por uma consulta intermediária pelas operadoras de saúde oscila entre R$ 8,00 e R$ 38,00.
Isto assusta e nos tem impedido de dizer um Agora chega.
No que concerne à remuneração do SUS, médicos brasileiros estiveram em Brasília e na ocasião foi apresentado um manifesto ao Ministério da Saúde e à Câmara de Deputados e Senado Federal. Deixaram claro que a tabela do SUS vai inviabilizar o sistema, caso permaneça com a atual atual remuneração.
Aqui também cabe nossa firme posição do Agora chega.
No tocante às condições de trabalho, o CRM-MT, com apoio do Sindicato dos Médicos e Associação Médica de Mato Grosso, editou Resolução CRM-MT nº 004/2010 que dispõe sobre a Interdição Ética do setor de retaguarda (Sala Verde) do Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá (HPSMC).
A situação vivenciada pelos colegas médicos e demais profissionais que trabalham naquela unidade hospitalar é completamente indigna e desumana e expõe o médico a mau resultado de seu trabalho e, como sabemos, o significado disto é a perpetuação de dor e sofrimento de nossos pacientes.
Também aqui chegou a hora do Agora chega.
É direito do médico não trabalhar em condições que o exponham a maus resultados ou que coloquem em risco a vida do paciente.
Estamos analisando a situação dos Pronto Socorros de Várzea Grande, Cáceres e de Sinop, no sentido de também propor interdição ética para setores não-emergenciais, caso medidas efetivas de respeito ao paciente e ao médico não forem adotadas pelos gestores municipal, estadual e federal de saúde.
Por fim, reforçamos que o Agora basta assumido pelo médico conta com a firme retaguarda do CRM-MT.”
Enquanto isso, os nossos surdos e insensíveis representantes na Câmara dos Depuados, cientes de tantos e sérios problemas sociais desta nação, despudoradamente se reúnem ao apagar das luzes de seus mandatos fiascos, e aumentam descaradamente os seus privilégios monetários com os recursos da saúde pública!
Para mim o Agora basta já vem tarde!
■ O autor é colaborador de Amazônias e do Supersitegood. Foi o primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso.
■ Nota do Editor: qualquer semelhança com a saúde pública em Rondônia e no Acre é mera coincidência.
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