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Amazônia vai exportar pirarucu para o mundo


 
 
ISABELA BARROS
ANBA

 
SÃO PAULO — A idéia é levar um dos mais famosos representantes da gastronomia do Norte do Brasil para mesas do mundo inteiro. E isso inclui os melhores restaurantes e supermercados do Oriente Médio. Para alcançar a meta, 12 piscicultores do Pará decidiram se integrar ao projeto Cultivo do Pirarucu do Nordeste Paraense, do Sebrae local, pelo qual receberão consultoria para aprimorar e organizar sua produção (Clique Aqui e veja vídeo). 
 
A iniciativa deve começar a dar frutos, ou melhor, pirarucus, já a partir do ano que vem. Fazem parte do programa empreendedores das cidades de Bragança, Capitão Poço, Salinópolis, Santa Luzia do Pará e São João de Pirabas, todas no Pará.

— A proposta é fortalecer a pesca do pirarucu na região, que até então era feita mais para consumo próprio — explica a gestora do projeto no Sebrae Pará, Keyla Reis de Oliveira. 
 
— Vamos começar pelo mercado dos próprios municípios, para depois chegar ao mercado nacional e, mais adiante, ao exterior — ela diz. A analista do Sebrae conta que o projeto envolverá, primeiramente, consultoria para questões ambientais, como a obtenção de licença para exercer a atividade. Depois, virá o incentivo à organização e troca de experiências sobre a criação do peixe entre os produtores.


Até R$ 50 o quilo
 
Segundo Keyla, o pirarucu teve sua procura ainda mais valorizada após ter sido ameaçado de extinção, o que levou à criação um período de seis meses de defesa da espécie todos os anos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, quando a pesca é proibida.

— Hoje, o quilo de pirarucu custa R$ 30 no mercado e até R$ 50 nos supermercados. Trata-se de um peixe com muito potencial para ser comercializado no mercado externo, inclusive nos países árabes — afirma.
 
O produtor e pesquisador Emir Palmeira Imbiriba, participante do projeto, explica que a principal dificuldade é promover a reprodução da espécie. 

— Não conseguimos separar machos e fêmeas apenas pela observação. Além disso, o pirarucu é monogâmico, precisa se acertar com um parceiro fixo para reproduzir — conta. Assim, os bem comportados peixinhos dão um certo trabalho para começar a produzir herdeiros, dificuldade que é compensada depois.

— Vencida essa primeira barreira, a engorda é garantida. Basta dizer que são produzidas 10 toneladas de pirarucus por hectare/ano no Pará, para apenas um boi por hectare/ano — diz Emir.
 
Defensor da iguaria do Norte, ele explica que o pirarucu não tem espinha e ainda apresenta um rendimento de carne de 57% de todo o seu peso, para 45% de média da maioria dos peixes. “Tenho certeza de que os árabes iam adorar”, diz Emir, ansioso pelo dia em que vai abastecer as mesas do Oriente Médio com a espécie que hoje produz em cativeiro, em Salinópolis, a 200 quilômetros da capital paraense, Belém.
 

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