Domingo, 6 de junho de 2010 - 10h00
AMAZÔNIAS
CARLOS SPERANÇA
Elas também querem ter seu lugar ao sol, mas são detestadas pelo homem, que quer seus precisos grãos – milho e soja – protegidos do “direito” das demais plantas a viver na terra em que vicejam com facilidade. Como “nativos” que resistem à invasão estrangeira, elas avançam sobre as plantações do agronegócio com uma ferocidade tal que nem o maior milagre da indústria agroquímica – o glifosato, que veio a se tornar o herbicida mais usado no País −, consegue fazer frente à ameaça das plantas que, apesar de seu emprego na pecuária, como pastagens, atrapalham a produção de grãos.
Tido como a principal descoberta da história recente da indústria de agrotóxicos, sendo extremamente agressivo e universal, abrangendo um largo espectro de plantas às quais destrói sem nenhuma seletividade, o glifosato foi vendido como a resposta para as vicissitudes da produção granífera. A sempre polêmica indústria transnacional Monsanto vende o glifosato por meio de seu herbicida Roundup e, além desse veneno agrícola poderosíssimo, também vende sementes geneticamente modificadas – as chamadas plantas transgênicas − com a propriedade de resistir ao seu próprio glifosato.
Mas se as sementes alteradas da Monsanto resistem ao glifosato, às ervas daninhas são ainda mais resistentes e ameaçam arruinar todo o sistema produtivo à base de transgênicos, eliminando uma das anunciadas vantagem comparativas dos chamados OGMs: a resistência ao veneno mais violento já conhecido no combate às chamadas “pragas” da lavoura.
Sem oponentes − Os agricultores já esgotaram todo o seu repertório de truques para evitar o ataque das plantas inimigas e a pesquisa vinculada ao setor não consegue encontrar oponentes químicos à altura das plantas “guerrilheiras” do campo. Mesmo o glifosato conseguindo detonar mais de cem tipos de plantas, que avançam implacáveis sobre a soja e o milho, os técnicos afirmam que a melhor resposta já não é mais o veneno milagroso da Monsanto nem suas alternativas menos poderosas, mas a rotação de culturas – também chamada de diversificação.
O controle de plantas como buva, azevém, amendoim bravo (leiteira) e capim amargoso – que estão se tornando mais fortes que o glifosato em lavouras brasileiras, tende a exigir cada vez mais a participação direta do produtor.
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