Sábado, 5 de maio de 2012 - 12h09
EPAMINONDAS HENK
De Porto Velho
É como se lá dentro fosse um feudo e só entrasse funcionários da empresa construtora. Ou, se a polícia entrou e investigou, nada explicou à opinião pública. Em que circunstâncias morreu, no dia três de maio, o operário José Roberto Viana Farias, 25 anos, no canteiro de obras da Usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia? Consta apenas que ele trabalhava havia duas noites sem dormir e teria sido mais uma vítima da ganância e da falta de proteção no perímetro da estrutura e cabo guia para fixação do cinto de segurança. Resultado: no ritmo acelerado de trabalho, o operário caiu, morrendo imediatamente. Esse é o segundo acidente ocorrido no canteiro, sem maiores esclarecimentos. O primeiro foi em fevereiro passado.
Nebuloso: antes de José Roberto, outro esmagamento (foto) ocorreu no canteiro Jirau /FOTO FEITA POR COMPANHEIROS DE TRABALHO |
“Da mesma maneira como ocorria no grande garimpo de ouro do Madeira nos anos 1980, a Camargo Corrêa espera ser pressionada para dizer a verdade”, opina a Liga Operária, em nota distribuída sexta-feira. A organização lembra que as mortes por asfixia ocorridas próximas às balsas só entravam nas estatísticas depois das inspeções feitas por técnicos da Divisão Subaquática do Ministério do Trabalho, vindos do Rio de Janeiro para Rondônia.
Apenas uma breve nota da Camargo Corrêa lamentou “a perda do colaborador.” Paraense de Abaetetuba, José Roberto era um dos milhares de anônimos trabalhadores tão desconhecidos quanto os garimpeiros dos anos 1980 que morreram no fundo do rio sem que suas famílias jamais recebessem os corpos para um sepultamento digno.José Roberto: um anônimo operário morto no canteiro de Jirau.
Conforme a Liga, a construtora “mente ao dizer que está providenciando apoio à família.’’ “O corpo do trabalhador é descartado como uma peça estragada e seus familiares são deixados à míngua”, acusa. A nota lamenta que a empresa mantenha um aparato militar na área da hidrelétrica, “para sufocar manifestações de revolta dos operários.”
Entidade reconhecida pela Justiça do Trabalho na defesa de melhores condições nos canteiros de obras públicas, a Liga denuncia que seguranças armados e viaturas em alta velocidade circulam no entorno de Jirau, apoiados por policiais da Força Nacional e da Polícia Militar de Rondônia, “impondo o terror dentro do canteiro, agindo como feitores de escravos bem semelhantes aos da antiga Babilônia.”
“Ganância e irresponsabilidade”
A nota da Liga reitera a existência de “péssimas condições de trabalho, imposição de trabalho noturno pela Camargo Corrêa.” Atribui a morte do operário José Roberto e a de outros “mutilados e assassinados” a “ganância e à irresponsabilidade” dessa empresa. Acusa também o governo federal de “acobertar crimes premeditados da Camargo Correa.”
“Onde estão agora os governos Dilma Rousseff e de Confúcio Moura? Onde estão os ministros Gilberto Carvalho, José Eduardo Cardozo e Edison Lobão, que foram tão falantes e atuantes para desencadear a repressão contra a greve deflagrada por melhores condições de trabalho? Cadê esses covardes que taxaram os operários de ‘vândalos e bandidos’? Por que nada fazem contra a empreiteira Camargo Corrêa assassina?”, desabafa a Liga.
Lembra que, durante a derradeira greve em Jirau, Lobão defendeu“o alto padrão das condições de trabalho nas obras de usinas no País”, mencionando também a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu. Lamenta que “o office-boy Gilberto Carvalho tenha dito que os problemas da ‘hidrelétrica de Jirau seriam solucionados ‘com muita radicalidadepelo governo.” “Juntos com a presidente, com o ministro e ex-dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e o governador, todos eles trataram a questão trabalhista como caso de polícia”, acrescenta a Liga.
Notícia atualizada às 8:42 do dia 07/05/12
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