Após meses de campanha da Survival International, o governo brasileiro lançou uma grande operação terrestre para retirar invasores da terra dos Awá, a tribo mais ameaçada do mundo.
Soldados, trabalhadores de campo da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), agentes do Ministério do Meio Ambiente e policiais estão sendo enviados para notificar e remover os madeireiros, fazendeiros e colonos ilegais – muitos deles fortemente armados – do território indígena Awá no nordeste da Amazônia brasileira.
A operação ocorre em um momento crítico, já que os madeireiros estão se aproximando da tribo e mais de 30% da floresta já foi destruída.
Em junho de 2013, o Exército brasileiro deu início a uma operação contra a extração ilegal de madeira ao redor da terra dos Awá. As forças fecharam ao menos oito serrarias e confiscaram e destruíram máquinas, mas não removeram os fazendeiros e madeireiros da terra dos índios.
Um homem Awá disse à Survival, ‘Por muito tempo pedimos que os invasores fossem removidos…nós não queremos ver os madeireiros destruindo nossa floresta. Nós gostamos de ver a floresta de pé.’
Os Awá insistiram para que o governo brasileiro removesse os invasores. © Fiona Watson/Survival |
Esta operação inédita se segue a uma intensa campanha da Survival International, que recebeu o apoio de celebridades como as estrelas de Hollywood Colin Firth e Gillian Anderson, o compositor brasileiro Heitor Pereira e o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que recentemente visitou a tribo para documentar seu apelo.
As fotos do Salgado e o apelo dos Awá atingiram milhões de pessoas ao redor do mundo com a publicação da sua chocante história no Globo, na revista Vanity Fair e no jornal britânico Sunday Times.
Desde o lançamento da campanha em abril de 2012, apoiadores da Survival já enviaram mais de 55.000 cartas ao Ministro da Justiça, pedindo que ele remova os invasores com urgência, e também espalharam o logo íconeAwá da campanha em diversos locais do mundo, como o Morro do Pão de Açucar, a ponte Golden Gate, em São Francisco, a Montanha da Mesa na África do Sul e a Torre Eiffel, em Paris.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), líder de direitos humanos nas Américas, também pediu uma resposta do governo brasileiro sobre a condição dos Awá, após receber uma petição urgente da Survival e da ONG CIMI.
Como resultado da campanha global, os Awá foram colocados como prioridade na lista da FUNAI em abril de 2012, mas apenas agora o governo começou a retirar os invasores ilegais; neste período de tempo mais floresta foi destruída.
A campanha global para salvar os Awá foi apoiada por celebridades e milhares de pessoas ao redor do mundo. © Survival |
Os Awá são um dos últimos povos nômades caçadores-coletores do Brasil e dependem inteiramente da floresta. Eles têm cada vez mais dificuldades para encontrar animais e têm medo de ir caçar por receio de encontrar madeireiros armados.
Cerca de 100 Awá são índios isolados e são particularmente vulneráveis a ataques e contaminação de doenças contra as quais eles não têm imunidade.
A Survival saúda o início da operação de despejo, e agora está apelando às autoridades brasileiras que coloquem em prática uma solução a longo prazo para impedir os invasores de retornarem, e garantir a segurança da tribo de 450 índios.
O diretor da Survival International, Stephen Corry, disse hoje, ‘Esta é uma ocasião significativa e potencialmente salvadora para os Awá. Os seus vários milhares de apoiadores no mundo todo podem se orgulhar da mudança que eles ajudaram a tribo a realizar. Mas agora toda a atenção deve se voltar ao Brasil, para garantir que o governo complete a operação antes do começo da Copa Mundial, e proteja os Awá de uma vez por todas.’
- Um documentário de TV mostrando a destruição dramática da floresta dos Awá, produzida em colaboração com a Survival, será transmitida dia 7 de janeiro no canal France 5.
Leia sobre esta história na página da Survival na internet:
http://www.survivalinternational.org/ultimas-noticias/9567
A Survival International ajuda os povos indígenas a defender suas vidas, proteger suas terras e determinar seu próprio futuro. Fundada em 1969.