Quarta-feira, 15 de janeiro de 2014 - 07h44
ÓSCAR QUEIRÓS (*)
Jornal de Notícias, de Lisboa
A poucas horas de saber se é da filha o corpo que apareceu queimado e em adiantado estado de decomposição no forno de uma fábrica abandonada em Braga, os pais de Mayara, 20 anos, estão convencidos que "algo de muito ma aconteceu" e "por causa de negócios de droga ou da prostituição".
Alessandra Maldonado e o marido Elias, mãe e padrasto da jovem desaparecida a 11 de outubro do ano passado em Braga, onde residia e era suposto estudar, estão cada vez mais angustiados, à espera do resultado da autópsia feita segunda-feira à tarde e cujos resultados deverão ser conhecidos esta quarta-feira.
Diz-lhes "o coração" que é a sua "menina" e vieram para a levar "de qualquer jeito" de regresso ao Brasil. "Viva ou morta", garantem.
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Em Portugal desde que souberam que a filha desaparecera, e na ausência de notícias da investigação, decidiram inquirir amigos e conhecidos de Mayara. Na sua investigação, Alessandra e Elias apuraram informações que "ainda hoje custa a crer". Quem explica é a mãe: "A Mayara, desde que a deixámos aqui numa residência de estudantes, sempre nos enganou: dizia que trabalhava numa loja no shopping mas a verdade é que há mais de um ano trabalhava num bar de alterne de Famalicão, conhecido por ser frequentado por magnatas e jogadores de futebol, gente de muita grana. Contaram-nos também que o atual namorado tem negócios duvidosos e que será homem perigoso".
Levada à força
"Uma das amigas fugiu para Suíça com medo de ser envolvida neste caso. E outra, com quem falamos há dias, disse que também ia fugir e já marcou viagem para o fim do mês", acrescenta.
Já "profundamente desgostosos" por saberem que a filha os enganava e "trabalhava numa casa de meninas", das suas indagações resultou algo de "muito mais grave": "Essas moças, que a conheciam muito bem, acabaram por me confessar que ela se tinha metido com gente da droga. Que ela mesma se drogava, que até se injetava. E é daí, acredito, que veio a desgraça. Quando a deixámos era uma menina muito responsável, trabalhadora, e por isso é que confiámos e a deixamos aqui só. Que Deus nos perdoe...".
Embora ténue, Alessandra e Elias têm alguma expectativa. Se o "coração" lhes diz que é de Mayara o corpo encontrado, ainda têm uma "pequena esperança que não seja e esteja viva". "Como é uma menina muito bonita, pode ter sido raptada e levada para a prostituição num país qualquer. E foi à força porque é a única explicação para o pedido de socorro", diz a mãe.
(*) Mantida grafia portuguesa original.
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