Camponeses sorteiam lotes para 183 famílias

Famílias que estavam acampadas em Montenegro e Buritis cortam lotes e esperam produzir em paz /DIVULGAÇÃO

EPAMINONDAS HENK
Amazônias

ARIQUEMES — Na seqüência de sua reforma agrária por conta e risco, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Rondônia e da Amazônia Ocidental assentou esta semana, mais 183 famílias de Buritis e Montenegro, a cerca de 300 quilômetros de Porto Velho. São trabalhadores que estavam no Acampamento Élcio Machado, no antigo Projeto de Assentamento Rio Alto e P.A. Santa Cruz, onde imperou um clima de violência na fase de disputa das terras.

O conhecido sorteio de lotes da LCP coincidiu com o anúncio da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Rondônia, da assinatura de uma escritura pública de compra da Fazenda Vale do Jamari, no município de Theobroma. Lá estão acampadas cerca de cem famílias. Segundo o Incra, a fazenda de três mil hectares foi comprada por R$ 6,6 milhões.

— De agora em diante, as famílias do Élcio Machado têm de onde tirar o seu sustento e vão levar o progresso para a região de Buritis e Montenegro — diz a LCP em nota distribuída nesta quarta-feira.

Para a LCP, as terras onde foram assentados os camponeses “antes serviam à especulação e à manutenção de um grande numero de desempregados na cidade”. Agora, de acordo com a entidade, “essas terras produzirão toneladas de alimentos, mais baratos e de melhor qualidade para a população da região”.

— O latifúndio tentou calar a luta dos camponeses mas não desistimos, não desanimamos. Continuamos a fazer a revolução agrária. O sorteio dos lotes deixou para os camponeses uma grande lição que é somente com luta que poderemos vencer — diz a LCP.