Sábado, 24 de julho de 2010 - 08h21
AMAZÔNIAS
Daniel Medeiros
Embrapa
PORTO VELHO - Com o objetivo de estabelecer diretrizes para o manejo racional de copaíba, árvore que produz um óleo com propriedades medicinais e cosméticas, pesquisadores da Embrapa reúnem dados coletados nos últimos cinco anos em reunião técnica que acontece na próxima semana em Rio Branco, no Acre. Os cientistas avaliaram plantas nos Estados de Rondônia, Pará, Roraima e Acre para comparar o comportamento das árvores em diferentes situações. Os trabalhos fazem parte do Projeto Kamukaia, que além da copaíba estuda outras espécies amazônicas com potencial econômico não madeireiro.
Integrante da equipe do projeto, a engenheira florestal Michelliny Bentes Gama, pesquisadora da Embrapa Rondônia, explica que apesar de bastante conhecida pelas populações tradicionais da Amazônia, a copaíba ainda é pouco estudada cientificamente. “Existem 28 diferentes espécies do gênero Copaifera, das quais 16 são endêmicas do bioma Amazônia e Cerrado, e ainda pouco se sabe a respeito da ecologia dessas espécies”.
Ao contrário de culturas tradicionais, como o milho e a soja, em que as plantas são domesticadas e apresentam características uniformes, as árvores da floresta não são padronizadas e isso oferece um desafio a mais aos cientistas que se arriscam a entendêlas. “Por isso coletamos, em diferentes partes da Amazônia, dados fenológicos como época de floração, frutificação, dispersão de frutos, além da regeneração natural e da estrutura populacional das florestas. Essas informações são essenciais para orientar um manejo de maneira sustentada, eficiente e que garanta a conservação da espécie”, explica Michelliny.
Além das características ecológicas, também é avaliado o potencial das plantas para a produção de óleo, principal produto da copaíba. Em Rondônia, foram estudadas árvores que cresceram de maneira expontânea em uma área de floresta amazônica virgem no Campo Experimental de Machadinho d'Oeste, propriedade da Embrapa Rondônia com 219 hectares utilizada para estudos florestais.
As coletas de óleo indicaram grande variação entre as plantas. A mais produtiva rendeu, em apenas uma coleta de 24 horas, quase um litro e meio de óleo. A menos abundante produziu apenas 70 ml. Em média, as árvores avaliadas em Rondônia produzem 391,85 ml.
Outra avaliação importante tem a ver com a sustentabilidade da extração do óleo. As plantas apresentaram redução de 77% no volume de óleo na segunda coleta realizada. Para os pesquisadores, são necessárias outras avaliações para que seja possível determinar o tempo ideal de descanso da planta até uma nova extração de óleo.
Existe ainda uma série de perguntas a serem respondidas, afirma a pesquisadora Michelliny. Na próxima semana, um passo importante pode ser dado na direção das respostas. Pesquisadores da Embrapa Acre, Embrapa Amazônia Ocidental, Embrapa Roraima, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Amapá e Embrapa Rondônia realizam uma oficina técnica para consolidar as informações geradas até o momento. Além de reunir os dados coletados em diferentes estados, serão feitas análises dos resultados. A reunião acontece de segunda a sexta-feira da próxima semana, em Rio Branco (AC).
O Projeto Kamukaia é liderado pela Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além da copaíba, são objeto de estudo a castanheira, o babaçu, a andiroba, a unha-degado e o cipó-titica. O termo Kamukaia é derivado de duas palavras da língua indígena Wapixana: Kamuk e Aka, que significam produtos da floresta.
Óleo é avaliado em laboratório/Foto: Daniel Medeiros |
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