Segunda-feira, 9 de agosto de 2010 - 18h18
Na década de 1970, a escola era o “centro de tudo” em Vilhena /REPRODUÇÃO |
Amazônias
JULIO OLIVAR
Editor da Folha do Sul
VILHENA, Rondônia – Nesta terça-feira fará meio século o decreto que criou a escola isolada Wilson Coutinho, atual Instituto Estadual de Educação Wilson Camargo. Na prática, a “escola” só começou a funcionar dois anos depois, improvisada na própria sala da casa da saudosa professora Noeme Barros Pereira, falecida há 13 anos.
Considerada benemérita da educação vilhenense, dona Noeme começou a lecionar para dez alunos. Eram filhos de antigos operários da construtora Camargo Corrêa, que dois anos antes havia aberto a BR-29 (atual 364), e do indígena Marciano Zonoecê, então administrador da estação telegráfica aberta por marechal Cândido Rondon.
Depois de dois anos, a escola foi transferida para o destacamento da FAB (Força Aérea Brasileira) e, em 1965, para uma palhoça de pau a pique, coberta de capim, com quatro metros quadrados. Agora, a escolinha estava sob a responsabilidade da professora Esmeralda Sol Sol de Oliveira, hoje com 68 anos e residente em Porto Velho.
Merendeira Maria José aprendeu com ela
Dona Maria foi aluna em 1968; hoje é merendeira da escola |
Entre os alunos deste período havia a cuiabana Maria José de Carvalho Soares, de 11 anos. “Eu me lembro muito bem daquele tempo. A escola era multisseriada, ficava bem às margens do Rio Pires da Sá e oferecia só até o terceiro ano”, recorda a ex-aluna. “Em 1968, viemos para este local, mas eram apenas duas salas de madeira”.
Hoje com 53 anos, dona Maria José trabalha desde 1984 como merendeira na escola onde aprendeu as primeiras letras com a professora Esmeralda. É a mais antiga funcionária em atividade na Wilson Camargo. “Tenho quatro filhos e todos estudaram aqui. Uma, inclusive, fez magistério”, conta, orgulhosa.
De aluna a servidora, dona Maria passou por todas as fases da escola. Lembra das dificuldades como, por exemplo, a falta de água – “Buscávamos água na vizinhança ou numa torneira na praça” – e dos tempos em que a escola era o centro de tudo que acontecia na cidade.
Missa
“Aqui em Vilhena nem igreja tinha até 1970, então as missas eram celebradas neste espaço”, afirma dona Maria. Festas e eventos políticos, como a escolha do primeiro prefeito distrital, Renato Coutinho dos Santos, em 1977, também ocorreram na escola.
“Todas as quartas-feiras, os militares do 5º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção) vinham para cá para hastear a bandeira e cantar o hino nacional. São muitas histórias”, concluiu dona Maria, que, apesar de ser um “patrimônio” do estabelecimento de ensino, estudou apenas até a quarta série. É que o curso ginasial [atual 5º ao 9º ano] só seria implantado seis anos depois. Já o Ensino Médio só viria em 1977. “Eu acabei me casando e mudando daqui. Voltei algum tempo depois, para trabalhar”, conta a merendeira.
Hoje, Instituto de Educação
Oficialmente, a escola chama-se Instituto Estadual de Educação Wilson Camargo, desde 1993. O atual diretor, Ezequiel Ferreira Barbosa, explica que a nomenclatura foi fruto de uma promessa do governo do estado de transformar o estabelecimento em Instituto Normal Superior. “Em 2001 formou a última turma de magistério, curso em nível de ensino médio que aqui funcionou desde 1981 e foi extinto em todo o país. Ficamos com esse nome de instituto, mas na prática somos uma escola comum”, explica Ezequiel.
Ezequiel: "Nome de instituto, mas na prática somos uma escola comum" |
Hoje com 853 alunos, divididos em 27 turmas, o Instituto tem 85 funcionários e no ano passado passou por uma ampla reforma em suas instalações. “A escola possui o melhor índice do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do município”, contenta-se o diretor.
Para comemorar os 50 anos do decreto que criou a escola, na próxima terça-feira, os professores e alunos preparam uma festa, que começará às 19h e irá até às 21h. Na programação, constam as presenças de diversas autoridades locais e do estado que assistirão a números de dança, exposição de fotografias antigas e orações do frei católico Reginaldo Casinatoo e do pastor evangélico Genivaldo Santos.
Controvérsia. Quem foi Wilson Camargo?
VILHENA – O nome dado a primeira escola da cidade é uma incógnita. Não há uma biografia, tampouco uma fotografia do “homem que não existiu”. Segundo o historiador Pedro Brasil, no livro “Vilhena conta sua história”, há quatro versões para explicar a estranha denominação.
A primeira versão sustenta que Wilson Coutinho teria sido um professor normalista que orientava professores leigos (sem formação em magistério) na região, falecido em 1952. A segunda história é de que Wilson fora apenas assistente de ensino primário que faleceu vítima de acidente de carro, em meados de 1960, na BR-29.
A terceira variante é de que Wilson Camargo seria um sobrinho do empresário Sebastião Camargo, dono da construtora Camargo Corrêa e muito próximo ao ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Foi esta empresa que abriu o trecho da BR-364 entre Vilhena e Pimenta Bueno, em 1964.
A versão mais aceitável pelo historiador, porém, é a de que a escola recebera este nome por conta da junção do Wilson (o professor que ninguém sabe ao certo quem foi) com o Camargo (o sobrenome do construtor Sebastião).
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