Terça-feira, 8 de outubro de 2013 - 07h10
Índios Zoró selecionando castanha-do-Brasil/Foto Divulgação
ANDRÉ ALVES
Pauta Socioambiental
De Cuiabá
Há exatos dez anos, o extrativismo de produtos da floresta não era visto como alternativa econômica para muitas comunidades indígenas e extrativistas da Amazônia, sobretudo no Noroeste de Mato Grosso e Sudeste de Rondônia, onde o preço pago pelo quilo da castanha-do-Brasil oscilava entre R$ 0,50 e R$ 1,00. A falta de projetos na região, investimentos públicos e políticas para o setor impediam o crescimento da atividade, ficando as populações expostas ao aliciamento de atravessadores, também conhecidos como marreteiros, ou por exploradores clandestinos de madeira e garimpo.
Atualmente, essa mesma região é reconhecida como uma das que mais tem avançado na qualidade do extrativismo. Parte desse fruto é resultado de ações governamentais em nível federal e estadual, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e por projetos desenvolvidos nesta porção da Amazônia. Um desses projetos é o Pacto das Águas, desenvolvido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Em números, a iniciativa apoiou a proteção de 880 mil hectares na Amazônia meridional, envolvendo diretamente 2.500 pessoas com atividades de manejo florestal comunitário. Elas produziram entre 2003 e 2013 cerca de 1500 toneladas de castanha-do-Brasil e 90 toneladas de látex de seringueira nativa. “Isso representa algo em torno de R$ 4,5 milhões às comunidades, se pautando como uma eficiente alternativa de desenvolvimento regional”, explica Plácido Costa, coordenador técnico do projeto.
Trabalhando com o povo indígena Zoró, no sudeste de Rondônia, Rikbatksta e moradores da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, no Noroeste de Mato Grosso, o Pacto das Águas investiu em capacitações, infraestrutura e apoio na busca de mercados institucionais e parceiros comerciais. Essas ações permitiram, por exemplo, que esses povos saltassem de uma produção de pouco mais de 30 toneladas de castanha-do-Brasil em 2003 para mais de 200 toneladas na última safra. O valor do preço pago também cresceu. Os produtores de castanha Rikbaktsa da Resex recebem em média três reais para cada quilo da amêndoa, valor dez vezes maior que há dez anos.
A Associação do Povo Indígena Zoró comercializa a sua castanha dry até R$ 4,00 reais, pagando até R$ 2,75 pela castanha aos coletores. Essa diferença é utilizada para cobrir os custos de produção como uso do secador rotativo, armazenamento e transporte. Durante a safra de castanha, um indígena ou extrativista pode receber até cinco mil reais por dez dias de trabalho.
Na mais recente safra, os Zoró obtiveram mais de 60 toneladas, tendo como principais compradores empresas da região. A amêndoa, produzida por meio de boas práticas de seleção e armazenamento, incluindo a utilização de secador rotativo, que aumenta a durabilidade do fruto, atrai empresas interessadas em pagar mais por um produto de melhor qualidade. “Está sendo uma grande oportunidade para o povo Zoró estar vivendo da floresta em pé, todo mundo ganhando sem destruir o meio ambiente”, esclarece o indígena da etnia Zoró, Amauri Tipiabi.
Além de toda essa infraestrutura, técnicos do projeto Pacto das Águas auxiliam na elaboração e gestão de projetos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do governo federal. “Com estes projetos, a Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz) pode pagar um preço justo e à vista aos indígenas e armazenar a produção até o momento da venda”, explica Sávio Gomes, técnico do projeto. Para a associação é estratégico
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