Segunda-feira, 17 de setembro de 2012 - 05h02
Panelas queimadas no que restou de um ataque de pistoleiros ao acampamento /RESISTÊNCIA CAMPONESA |
CPT e MPE
De Canutama (AM)
Dois fazendeiros do Amazonas e 14 policiais militares do Estado de Rondônia tiveram a prisão preventiva decretada pelo Juiz Mateus Rios Guedes, da Comarca do de Canutama (12,8 mil habitantes, no interior amazonense, distante 620 km de Manaus, no último dia 22 de agosto de 2012. A Comissão Pastoral da Terra em Rondônia e Lábrea (AM) vinha denunciando a atuação de pistoleiros no Acampamento Rio Azul, situado no Estado de Amazonas, porém próximo a Porto Velho.
A decisão judicial veio após o Ministério Público em Canutama formalizar uma denúncia, no dia 16 de agosto, requerendo a prisão preventiva dos 16 acusados por envolvimento em ameaça, constrangimento ilegal, pistolagem e formação de quadrilha contra agricultores da região sul de Canutama, perto da divisa com Rondônia, em uma área que faz limite com a fazenda Presidente Prudente.
O promotor de justiça Gerson de Castro Coelho, titular da Comarca em Lábrea e que também responde por Canutama, disse que a denúncia demorou a ser oferecido, devido ao inquérito civil ser longo, com quatro volumes, e também pela alta demanda de processos das duas promotorias em que atua.
Segundo a autoridade, a necessidade do processo-crime ser instruído com rapidez na Justiça de Canutama. “A prisão dos envolvidos não deve servir apenas para dar aparência de tranquilidade aos moradores da região sul deste imenso Amazonas, que infelizmente são tão esquecidos pelo poder público. Esse decreto de prisão, por enquanto cautelar, deve surtir efeito duradouro para a população do local”, afirmou.
A denúncia formulada pelo MP do Amazonas foi originada de um inquérito policial instaurado pela Polícia Civil de Rondônia para apurar a atuação de “pistoleiros” e de policiais ambientais no município de Candeias do Jamari, no Norte do Estado rondoniense, divisa com o Amazonas, em uma área conhecida como ramal Água Azul, um território público federal.
A polícia de Rondônia constatou que os pistoleiros e os policiais haviam sido possivelmente contratados por Iria de Fátima Pandovani de Andrade e seu esposo Wilson Garcia de Andrade, os pretensos proprietários da fazenda Presidente Prudente, que fica localizada no município de Canutama/AM, local do conflito entre os agricultores e os fazendeiros.
No passado, Canutama contribuiu com homens, os quais se integraram ao Exército Brasileiro e aos aliados para salvar o mundo livre durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, muitos dos moradores do município são descendentes de "veteranos".
De acordo com alguns veteranos, o "contingente canutamense" partiu em um navio-motor (alguns dizem ter sido o navio "Jota Leite") e chegou a Manaus. Já na capital, eles treinaram tiro ao alvo e outras técnicas. Como a guerra já se aproximava do fim, quando partiram, o mais próximo que chegaram do "olho" do conflito mundial foi até à Guiana Francesa, para de lá embarcarem em navios e atravessarem até a África, o que não ocorreu.
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