Conta de energia elétrica do governo totaliza R$ 2,8 milhões. Racionalização à vista

Montezuma Cruz (*)
Em Porto Velho
 

Racionalizar hoje para não racionar amanhã. Este foi o objetivo transmitido pela superintendente de Projetos de Eficiência Energética na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte), Neusa Lobato, ao propor, na semana passada, ao Programa Estadual de Gestão de Energia ações corretivas para obter economia eficaz no consumo de energia elétrica no âmbito governamental.
 

A responsável pelo controle de faturas de energia elétrica no governo estadual, Socorro Aguiar, lembrou que estudou na Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) a situação individual de cada repartição pública, notadamente os órgãos com maior volume de consumo.
 

Atualmente, em 1.143 pontos de consumo, o governo estadual paga mensalmente R$ 2,8 milhões. É o único estado brasileiro com débito automático da conta. Para o cumprimento de metas de racionalização, o governo firmará contratos de gestão em cada repartição.
 

Em reunião técnica com a superintendente estadual de Gestão de Suprimentos, Logísticas e Gastos Públicos (Sugespe), Isis Queiroz, a representante da Eletronorte resumiu sua experiência com perguntas: “Quem está mais doente em consumo energético? Algumas escolas sem desperdício necessitam mesmo reduzir quilowatts?”.
 

Segundo Neusa Lobato, só o diagnóstico [previsto para setembro] dirá o que o governo fará, antes de programar ações de bloqueio. “Nesse aspecto, o levantamento escolar é fundamental”, ela frisa entusiasmada.
 

A reunião, da qual também participaram o supervisor regional em Ariquemes, Luiz Carlos Bruno, e o gerente de Eficiência Energética, Tiago Santos, ambos da Sugespe, ficou estabelecido o dia 30 de abril como marco zero das ações. “Na sequência, começamos a estipular metas”, observou Tiago.  Segundo ele, o banco de dados para a racionalização já existe, restando ser formatado.
 

Segundo a superintendente da Sugespe, a economia no consumo de energia elétrica no estado, que contará com a participação direta de direções e alunos de escolas públicas, não funcionará apenas como alerta. “Essa reversão proporcionará prêmios”, anunciou Isis Queiroz.
 

Conforme ela prevê, órgãos públicos com melhor desempenho terão direito à reversão dos valores obtidos com pelo menos 5% de sua economia no consumo de energia elétrica, em favor de treinamentos e viagens de intercâmbio. O Instituto Brasileiro de Administração Municipal já estabeleceu essa premiação. Segundo Isis Queiroz, o outro percentual obtido com a economia será destinado ao Tesouro Estadual.

Desdobramento
 

Isis Queiroz relatou a Neusa Lobato uma série de ações positivas “obtidas por uma reduzida equipe envolvida com a eficiência energética no estado”. Explicou-lhe que essa mesma equipe teve que se desdobrar com a manutenção  de prédios públicos. Ações corretivas de eficiência energética no Palácio Rio Madeira possibilitaram à Sugespe concorrer à certificação de excelência ISO50001, norma internacional que define práticas de gestão de energia elétrica em 60 países.
 

No seminário promovido em março pela Eletrobras Eletronorte, o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrobras Distribuidora em Rondônia, Ildefonso Madruga lamentou que no estado o desperdício de energia elétrica alcance 23%, um quinto do que produzem as usinas hidrelétricas do rio Madeira.

(*) Originalmente publicada no portal do Decom-RO.