Quinta-feira, 15 de julho de 2010 - 21h16
Entre Costa Marques, Guajará-Mirim e as províncias do Beni, essências nobres da floresta continuam sujeitas ao manejo ilegal agora denunciado com insistência pela OSR /MONTEZUMA CRUZ |
XICO NERY
Amazônias
GUAJARÁ-MIRIM, Rondônia – Ouvido na Delegacia do Departamento de Polícia Federal (DPF), o presidente da Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), Adão Laia Arteaga, reafirmou denúncias feitas anteriormente e propôs o que classificou de “choque de honestidade” contra madeireiros ilegais. Ao mesmo tempo, pediu apoio do órgão para haver paz e melhora na qualidade de vida das populações de reservas extrativistas em Rondônia.
Entre os municípios de Costa Marques e Guajará-Mirim, na fronteira com as províncias bolivianas de Guayaramerín e Buena Vista (no Bem), a situação é semelhante à de Machadinho do Oeste e Cujubim. Famílias de seringueiros vinculadas à Associação do Vale do Guaporé (Aguapé), presidida por Manoel Pantoja, lamentam a ligação dele com madeireiros da região.
De acordo com Arteaga, as irregularidades se resumem à falta de regularidade nos repasses financeiros oriundos dos rateios pela extração de essências naturais (andiroba e copaíba principalmente), mel, cipós, açaí, patauá, abacaba e látex.
– Esses produtos são vendidos a atravessadores bolivianos – denuncia o presidente da OSR. Ele constatou com agentes de segurança em Costa Marques e São Francisco do Guaporé, que Pantoja age ilegalmente, ao conduzir a Aguapé na exploração terceirizada dos manejos do Rio Cautário.
– Recebe adiantado dos madeireiros até 60% do valor da madeira da reserva – disse.
Pedindo sigilo do nome, um madeireiro afirmou a Amazônias que, para recuperar o dinheiro, exigiu da comunidade um trator, em troca do que pagou. Isso ocorreu logo depois da decisão do juiz Carlos Augusto Lucas Benasse, que proibiu a Aguapé de negociar madeira e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental de autorizar o funcionamento dos planos de manejos na Reserva Extrativista do Rio Cautário e região.
Arteaga lembrou ainda na delegacia do DPF, o relatório encaminhado à Superintendência, em Porto Velho, há dois meses, quando detalhou a invasão da sede da OSR, na Rua Joaquim Nabuco, Bairro Areal, por ex-diretores insatisfeitos com a mudança de comportamento da atual diretoria.
– Há mais de 20 anos comandam o dinheiro dos rateios que deveriam ser investidos na melhoria das famílias, mas são empregados de forma duvidosa. Além de estarem a serviço de madeireiros acusados de sonegar o repasse de 10% dos valores como compensação para os seringueiros.
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