Sexta-feira, 4 de junho de 2010 - 11h50
Amazônias
ASSESSORIA DO MUSA
MANAUS, AM — Cobras coloridas, abelhas de aparência estranha, cogumelos minúsculos e folhas gigantes. Esses foram alguns dos espécimes que as crianças puderam ver de perto durante a comemoração do Dia Mundial da Biodiversidade, que aconteceu no último sábado no Jardim Botânico de Manaus.
A atividade envolveu os moradores dos arredores do Jardim Botânico e de outras áreas da cidade em uma gincana pela floresta. Divididos em pequenos grupos eles saíram na companhia de pesquisadores em busca de plantas e animais. Para alguns, aquele foi o primeiro contato com a floresta.
— Foi a primeira vez que andei em uma trilha. Foi muito legal. Aprendi muito — disse Tayana Rocha, de 15 anos.
Estudante da Escola Estadual Ruy Alencar, ela foi ao evento convidada pela professora de biologia. A atividade mostrou-lhe a importância da floresta.
— Muitas pessoas acham que a Amazônia é só floresta, mas não é isso que a gente vê em Manaus. Não é fácil poder entrar na floresta. Aqui tem muitas pessoas que falam que se importam com a floresta, mas não se importam de verdade —, afirmou.
Cobras, lagartos e morcegos
Além do contato com a natureza, os participantes puderam conhecer como é o dia-a-dia dos pesquisadores que estudam a biodiversidade. Nas trilhas, conferiram como os cientistas realizam a coleta de animais e plantas e aprenderam sobre as espécies coletadas.
Cobras, sapos, lagartos e morcegos fizeram grande sucesso entre as crianças. Para o biólogo Sergio Marques de Souza, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o fato não foi surpresa.
Aula prática desperta crianças para zelar pela natureza |
— Já tinha essa experiência com crianças do trabalho que fazia no Instituto Butantan, em São Paulo. Sempre que elas podiam manusear os animais, ficavam doidas — , conta bem-humorado.
Mas, para o pesquisador, o mais importante desse tipo de atividade é a possibilidade de despertar nas crianças o espírito científico. "Experiências como essa podem mudar o rumo da vida delas."
Proximidade com responsabilidade
Após a caminhada pelas trilhas, crianças e adultos se reuniram no pavilhão do Jardim Botânico para apreciar o que havia sido coletado. Enquanto isso, um grupo de jurados escolhia os exemplares que seriam premiados.
Luis Nascimento, representante da comunidade do entorno do Jardim, foi um dos jurados e escolheu uma abelha como o animal mais estranho. "Ela é bem grande e tem um tipo de bico diferente", justificou. O responsável por capturar o pequeno animal foi o jovem Whuesley, de 10 anos, que ganhou como prêmio um jogo a biodiversidade.
Mas se a experiência de ficar tão perto dos animais é fascinante, é preciso lembrar que coletar espécies na natureza requer treino, cuidado (afinal, animais e plantas podem ser venenosos) e autorização dos órgãos de proteção ao meio ambiente.
"Essa atividade foi feita com autorização do órgão ambiental. Não quer dizer que podemos fazer isso todos os dias", lembrou Robson Esteve Czaban, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que falou ao final do evento.
O encerramento contou ainda com uma apresentação de harpa realizada pelo músico e biólogo Arnold Carvajal, colaborador do Musa. Enquanto as crianças apreciavam a música, os pesquisadores se encarregaram de devolver os animais capturados à natureza.
*A comemoração do Dia Mundial da Biodiversidade foi organizada em parceria pelo Musa, Inpa, Semmas e JBManaus. O GTZ e a Papelaria Objeto de Papel colaboraram com os pesquisadores.
Música e teatro para lembrar a Amazônia
Certificados em mãos e muita alegria no Programa Verde Perto |
MANAUS — Crianças e seus pais, avós e professores participaram, na semana passada, do encerramento da 2ª edição do Verde Perto, programa de educação ambiental promovido pelo Musa. Apresentações de música e teatro, além de muito conhecimento, marcaram o evento prestigiado por 150 pessoas no Jardim Botânico de Manaus.
Arnold Carvajal, biólogo colaborador do museu no projeto dos aquários deu um show de harpa que encantou as crianças. Apresentou músicas tradicionais tocadas com a harpa folclórica da Colômbia. São músicas da bacia do Orinoco, que faz parte da floresta amazônica.
A apresentação de Carvajal fascinou as crianças. Elas se aglomeraram em torno do biólogo-músico querendo saber como tocar o instrumento. A arte também foi o meio escolhido pelos alunos do Verde Perto para mostrar o que aprenderam ao longo do programa. Enquanto um grupo de crianças usou a música para falar de polinização, em uma história intitulada "A margarida que foi polinizada", outro encenou uma história sobre o peixe-boi, animal que serviu de exemplo para falar da herbivoria.
Já o grupo batizado de "Floresta Encantada" mostrou, por meio de desenhos, como é o processo de dispersão de sementes. E os chamados jardins-de-formigas (formigueiros construídos nas árvores) foram apresentados por outro grupo de crianças.
Todas as apresentações foram baseadas em temas trabalhados durante as quatro semanas do programa, cuja programação incluía palestras com pesquisadores, caminhadas nas trilhas do Jardim Botânico, exercícios corporais e atividades lúdicas, como pintura e teatro. O resultado da união entre ciência e arte não poderia ter sido melhor: as crianças, entusiasmadas, perguntavam quando seria a próxima edição do programa.
Para Ennio Candotti, diretor geral do Musa, o entusiasmo reflete a abordagem diferenciada do programa. "Esta é a escola que eles gostariam de freqüentar todos os dias", avalia.
Ennio também chama a atenção para o resultado da interação entre as crianças e os professores, palestrantes e monitores que participam do Verde Perto. "A criatividade das crianças contagia os mestres, quem ensina no Verde Perto nunca mais é o mesmo", diz.
Rita Mesquita, diretora adjunta do Musa e pesquisadora do Inpa concorda e acrescenta que a experiência é também transformadora para as crianças.
— Elas ganham muito mais que conhecimento sobre a biodiversidade e a floresta ao participarem da atividade. As crianças têm participação ativa, se apresentam na frente de outras pessoas. Desenvoltura e segurança também são resultados do trabalho — lembra.
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