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Da castanha ao satélite, povos indígenas de Rondônia debatem território e desenvolvimento sustentável nos dias 19 e 20


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Invasão às terras Uru-eu-au, organização do comércio de castanha e preservação ambiental estão em pauta

O que se passa nas terras indígenas rondonienses às vésperas de mais um Dia do Índio (19 de abril)? Como está a produção de castanha, avançou, tem dificuldades? E a gestão territorial comporta planos estaduais?

“Esperamos as melhores respostas a essas questões que iremos debater durante dois dias”, disse o coordenador dos Povos Indígenas de Rondônia na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Helinton Gavião.

Sedam, Fundação Nacional do Índio, Kanindé Etnoambiental, Ministério Público Federal e Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (Copir) participarão do Seminário de Desenvolvimento Sustentável em Terras Indígenas, nas próxima terça (19) e quarta-feira (20), no Rondon Palace Hotel, em Porto Velho. Pensar em desenvolvimento sustentável é pensar nas futuras gerações é o lema do seminário.

Neste encontro, segundo Helinton Gavião, será elaborado o etnozoneamento das terras indígenas de Rondônia. Trata-se do estudo detalhado que identifica áreas sagradas, de pesca, de caça e de outras riquezas naturais, que podem ser exploradas de forma sustentável, para planejar o melhor uso do lugar. Em 2010, os suruís se reuniram por três dias e elegeram suas áreas.

Desde 2012, o etnozoneamento está previsto na Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial. A experiência de implementação de planos de gestão é um dos itens da programação do primeiro dia do seminário. No segundo será debatida a produção de castanha.

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Castanha de Rondônia contribui para o desenvolvimento sustentável em terra indígena

Falarão no seminário representantes dos povos Gavião, Tupari, Pakaás-novos e Zoró, entre outros. Esses povos estão organizados em associações e têm experiências a relatar.

Na região do Baixo-Madeira, Reservas Extrativistas do Rio Ouro Preto e associações de seringueiros de Machadinho do Oeste, estima-se um potencial de produção de 235,9 toneladas de castanha em casca, caso forem exploradas todas as reservas extrativistas existentes apenas nas áreas de abrangência de suas comunidades.

Para toda a região de Rondônia, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) calcula uma safra de 300 toneladas. Já a Sedam estima um potencial de 120 toneladas, e a Associação dos Seringueiros, 270 toneladas de castanha em casca.

MÚLTIPLO USO

Diversas unidades de processamento de castanha funcionam em Rondônia. Uma delas, a Floresta Produtos Naturais Ltda., em Ariquemes (a 200 quilômetros da capital), mantém estoque de cerca de 100 toneladas para garantir matéria-prima ao longo do ano, apuraram os professores doutores, Eugênio Ávila Pedroso e Theophilo Alves de Souza Filho, ambos da Universidade Federal de Rondônia (Unir), e a professora-doutora, Mariluce Paes-de-Souza, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Eles são autores do estudo Produtos Florestais Não-Madeiráveis da Amazônia: uma visão autóctone da cadeia-rede da castanha-da-Amazônia no Estado de Rondônia.

Segundo apuraram os professores, a produção de ribeirinhos, indígenas, coletores isolados, associação de extrativistas e de outras categorias de intermediários é revendida sem casca, desidratada, a supermercados ao longo da BR-364.

De sua parte, a indústria Inovan introduziu nova tecnologia nesse segmento. “Seu produto final não se destina à alimentação humana e, sim, para a indústria química: extrai o óleo que é comercializado com indústrias de cosméticos”, escrevem os professores.

Para manter a unidade funcionando a maior parte do ano, a Inovan estoca até 80 toneladas. E a indústria Dullim, em Porto Velho, que produz sorvetes de vários sabores, e tem mercado inclusive no Acre e no Amazonas, mantém estoques de 50 toneladas.
REUNIÃO INDIOS NA SEDAM EM 17.09.15 036

Líderes indígenas reunidos na Sedam: destino socioambiental será debatido em seminário de dois dias

VIGILÂNCIA POR SATÉLITE

Se no final dos anos 1970, quando houve a invasão das terras Arara, Gavião, Suruí e Zoró, a Funai contratava empresas de topografia e agrimensura em Goiânia (GO) para a demarcação de limites, agora os povos indígenas dispõem dos serviços do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e do Google Earth.

O Sipam já produziu cartas geográficas para prefeituras, o segundo assinou o primeiro acordo nacional (com o Povo Paîter-Suruí) para a vigilância de um território indígena por satélite. É comum agora o visitante chegar às aldeias suruís e se deparar com jovens no computador, acessando o programa.

O Google foi convidado pelo líder Almir Suruí para conhecer as mais de 20 aldeias de seu povo. Os suruís foram contatados em 1969 pelo falecido sertanista, Francisco Meireles. Muitos deles foram vitimados pela malária e outras doenças endêmicas. No entanto, foram sucessivos desmatamentos e o roubo de madeira que levaram esses índios a se mobilizar, visando a preservação do seu patrimônio sociocultural, étnico e econômico.

Segundo denuncia a ambientalista, Ivaneide Cardozo, da organização Kanindé, a invasão das terras Uru-eu-au-au (contatadas nos anos 1980, pelo falecido sertanista, Apoena Meireles) é atualmente um dos maiores desafios a serem enfrentados “com urgência” pelos governos estadual e federal.

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Kanindé (mapa de satélite), Ademilson Knightz e Daiane Mendonça
Secom - Governo de Rondônia

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