Quinta-feira, 12 de agosto de 2010 - 12h04
Serra dos Pakaas-nova é um dos maiores atrativos da fronteira Brasil-Bolívia. Pode ser vista por estrada e por água /FOTOS MONTEZUMACRUZ |
XICO NERY
Amazônias
GUAJARÁ-MIRIM, Rondônia – Um imenso rio à frente, reserva extrativista, um bom hotel para receber turistas brasileiros e estrangeiros. No entanto, vê-se o abandono a locais que poderiam atraí-los muito mais – a Serra dos Pakaas-nova e o Museu Ferroviário por exemplo. O município possui conservada mais de 80% de sua cobertura verde.
“Uma nova Guajará para todos é possível, mas só com todo mundo junto". A frase foi dita durante a evolução dos bois "Flor do Campo e Malhadinho" na arena do Bumbódromo Municipal, em 2009. E ainda não foi dessa vez que o recado ecoou na Prefeitura, na Câmara, na comunidade folclórica e no empresariado desta cidade na fronteira Brasil-Bolívia, a 362 quilômetros de Porto Velho.
O potencial turístico e as características de conservação do município “mais verde do estado” ainda não aparecem. Guajará reclama um plano de desenvolvimento que atenda às suas necessidades. Mesmo recebendo visitantes de diferentes lugares do Brasil e do mundo e com raras exceções, a cidade sente a apatia de gestores locais em relação à falta de estrutura para corresponder às exigências de infra-estrutura.
O principal produto há quase duas décadas continua o Festival Folclórico, o “O Duelo da Fronteira”), sem orçamento próprio e pouco divulgado dentro e fora do Estado. Amazônias ouviu de folcloristas a velha queixa de falta de mobilidade do poder público. O município ainda não honrou os compromissos assumidos com os dois bois (Flor do Campo e Malhadinho) no tocante a repasses de dinheiro oriundos do Governo do Estado e de emendas parlamentares.
As duas agremiações, em linhas gerais, continuam devendo ao comércio e até aos artesãos. A saída, disseram músicos do "Malhadinho", "é estimular esses segmentos de forma “mais agressiva” entre setores governamentais e na iniciativa privada.
Bolivianos em visita ao museu ferroviário, que foi fechado por falta de recursos e de pessoal |
Não há projetos
A ausência de projetos e ações afirmativas tem resultado em críticas ao município. Elas são feitas por visitantes de todas as classes sociais e de empreendedores interessados em conhecer as potencialidades turísticas, artísticas e culturais da menos famosa Pérola do Mamoré", berço de grandes tradições da cultura ferroviária (por conta da extinta Estrada de Ferro Madeira Mamoré) da Amazônia Ocidental Brasileira.
Por conta do acesso, pela BR-364, Ouro Preto e Presidente Médici aparecem mais na estatística de visitantes e até possuem melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Potenciais investidores se mostram desalento à primeira vista, quando passam a conhecer a realidade local, principalmente quando vêem a falta de cuidado com o que compõe o patrimônio artístico e cultural de Guajará-Mirim.
Ferrovia, uma história esquecida
Desde o século passado, a antiga estação ferroviária não recebe a devida atenção devida do poder público. No início do atual, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Superintendência Estadual de Turismo de Rondônia (Setur) buscam saídas. Na metade de 2009, o secretário municipal de turismo e cultura, Dayan Saldanha, se esforça para mudar o quadro, mas não encontra o efeito desejado.
Os destinos que os turistas buscam em Guajará ainda não estão formatados pela gestão municipal, nem pelo empresariado. A dificuldade maior, eles apontam, é a apatia de antigos e a resistência a mudanças.
A falta de vontade política dos segmentos envolvidos com a cultura, economia e de gestores da Associação Comercial e Industrial certamente faz a cidade “ver a banda passar” e assistem a uma corrida maior de pessoas rumo à vizinha Guayaramerin, no Beni.
Festa do Divino
Recheando o calendário de atrações, destaca-se a Festa do Divino Espírito Santo, que no ano passado aconteceu na comunidade de Surpresa, meio-oeste do município, na divisa com Costa Marques e os vilarejos de San Joaquim, San Ramon e San Inácio, na Bolívia, nos rios Mamoré e Guaporé.
A maioria dos turistas consultados em 2009 por este site disse que vai a essas duas festas e deseja recomendá-las para amigos e familiares. Todavia, não recebem nenhum tipo de informação.
Mais de 70% dos entrevistados, no mês de agosto, por ocasião do festival, em 2009, deixam a cidade preocupadas com a falta de infra-estrutura da rede hoteleira, bancária, transporte, gastronomia, artesanato, mão-de-obra, recepção, saúde, pesquisa, comunicações, lazer e entretenimento.
Esses serviços, apesar da incipiência da gestão pública e privada locais, são oferecidos como a comunidade pode, em substituição ao reduzido números de profissionais do setor. Pelo 17º ano consecutivo, a bela e exótica cidade de Guajará-Mirim recebe, de acordo com novas estimativas do setor privado, nada menos do que 13 mil turistas, entre visitantes e filhos do município residentes nas cidades vizinhas do Amazonas, Acre e Mato Grosso. E de outros estados.
O banho na floresta, no caminho fluvial da Resex do Rio Ouro Preto: algo a ser explorado |
* Xico Nery é correspondente da Amazônias em Guajará-Mirim, Acre, Sul do Amazonas e Países Andinos.
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