Quarta-feira, 24 de outubro de 2018 - 05h08
O mito de que a preservação ambiental é contraditória com a sustentação econômica vem sendo rompido em Rondônia com a implantação de modelos em áreas degradadas que aliam a recuperação da cobertura florestal com produção sustentável. Essa mudança de olhar é um dos objetivos das ações de extensão rural do projeto Plantar, que orienta os produtores sobre possibilidades e oportunidades de renda durante o ciclo de recuperação de áreas em desconformidade com o Código Florestal.
Essa antiga percepção vem de um conceito desenvolvimentista que em nada contribui com as reais necessidades dos agricultores familiares e os distanciam de modelos exequíveis e adequados ao bioma amazônico, explica a extensionista Sheila Noele da Silva Moreira: “prega-se um discurso de que ações de conservação e preservação ambiental são antagônicos à produção agrícola e geração de renda. Isso não é verdade, hoje existem infinitas alternativas para trabalhar a terra conservando os recursos naturais e obtendo renda”, afirma.
No modelo proposto pelo Projeto Plantar é possível que o agricultor tenha possibilidades e oportunidades de gerar renda enquanto recupera Áreas de Preservação Permanentes - APP e de Reserva Legal – RL. Esse método vem sendo testado com sucesso há alguns anos, inclusive com forte participação dos agricultores.
Com a implementação do Programa de Regularização Ambiental – PRA os trabalhos estão sendo difundidos em Rolim de Moura, Novo Horizonte D’Oeste, Castanheiras, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Ariquemes, Machadinho D’Oeste, Rio Crespo, Cujubim e Itapuã do Oeste por uma equipe de extensionistas multidisciplinar, formada por biólogos, engenheiros florestais, agrônomos e técnicos florestais e agrícolas. Outro objetivo destas ações é proporcionar aos beneficiários um melhor planejamento da sua propriedade, alinhando a adequação ambiental à área produtiva.
Já foram realizadas mais de 1.500 visitas a cerca de 300 famílias cadastradas no projeto Plantar. A meta é atender 3.600 famílias para que melhorem seus conhecimentos, práticas e vivam com dignidade no campo. Pretende-se olhar a propriedade como um todo, visando não apenas a adequação ambiental, mas o planejamento gerencial da área produtiva, de forma que em uma área menor seja possível aumentar a produtividade e a renda familiar. As ações de extensão rural acontecerão ao longo dos quatro anos de projeto.
O projeto Plantar é realizado pelo Centro de Estudos (CES) Rioterra, em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia – FETAGRO, com a parceria da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo Amazônia.
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