Sábado, 8 de outubro de 2011 - 08h01
Políticos paraenses entregaram a Duda Mendonça a campanha para tornar Carajás um novo estado brasileiro num plebiscito em 11 de dezembro /AGÊNCIA BRASIL |
PALMÉRIO DÓRIA
No Brasil247 (*)
Eldorado não é uma ilusão. Se a expedição de Don Francisco de Orellana, em busca do país fantástico de cidades de ouro, deu com os burros n’água no Amazonas, quatro décadas após a descoberta do Brasil, paciência. Mas Eldorado existe.
Gente afortunada e desafortunada, com igual obsessão pelo ouro, está plantada em Eldorado faz tempo. Em seu delírio, homens viraram formigas zanzando num dos maiores buracos cavados na face da Terra, conhecido em Eldorado como Serra Pelada.
E cristãos novos não param de chegar. É o caso de Duda Mendonça, estrela da publicidade, que comanda a campanha que pretende tornar Eldorado novo Estado brasileiro, Estado de Carajás, num plebiscito em 11 de dezembro.
Nessa campanha, claro, não se falará em Eldorado dos Carajás, onde se deu o massacre de 19 sem-terra por tropas da PM, em 17 de abril de 1996. O Eldorado de Duda Mendonça ficaria restrito à “maior província mineral do mundo” e teria como sede Marabá, a “Capital do Boi Gordo”.
O Eldorado de Duda Mendonça tem tudo o que lunáticos de todos os cantos do mundo procuraram nestas bandas durante séculos. Tem ferro, ouro, cobre. Zinco também tem. Sem contar prata, bauxita, níquel, estanho, manganês, tungstênio. E tem a pata do boi. Átila, o rei dos hunos, vangloriava-se:
“A erva não volta a crescer onde pisa meu cavalo.”
Mega fazendeiros, como Duda Mendonça, se vangloriam de que ali só cresce o pasto para os seus rebanhos. Assim, você percorre quilômetros de estrada sem ver qualquer árvore, com bois pastando à vontade nas margens, até chegar em Eldorado propriamente dito, onde estão as jazidas da Vale e seus buracos maravilhosos.
Eldorado ficou escondido até as 16h11 de 31 de julho de 1967, quando um pequeno helicóptero da U.S. Steel, o gigante americano do aço, pousou no topo de uma dos morros de cabeça achatada que se erguem abruptamente na planície, reiniciando o ciclo das grandes descobertas.
Nossos mapas geológicos davam a região como rica em calcário. Bastou bater com um martelo numa das rochas para constatar fantástica ocorrência de ferro, hoje um dos sustentáculos do país. Mas o Pará ficou a ver caravelas.
Duda Mendonça vai tentar provar que tudo pode ser diferente com a lorota do Estado de Carajás. Mas sofreu a primeira derrota no jogo Brasil 2, Argentina 0. A arquibancada do Mangueirão deu outro dia, no gogó, uma bela lição em quem decretou que o Brasil não existe e que não existe também “um país que se chama Pará”, cantado em prosa e verso por Ruy Barata.
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