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Eleições 2010: Espionagem e panfletos põem a campanha em ebulição


 Eleições 2010: Espionagem e panfletos põem a campanha em ebulição - Gente de Opinião

 

XICO NERY (*)

Arapongas não desapareceram com a extinção do temido Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão idealizado pelo ex-chefe da Casa Civil de governos militares, general Golbery do Couto e Silva – por muito tempo secretariado pela iminência parda do sistema, à época, o não menos famoso Heitor Aquino – deve ter seus remanescentes nesta parte da Amazônia Ocidental Brasileira. Em Rondônia, o próprio ex-governador Ivo Cassol filmou deputados estaduais que lhe pediram favores.

Em Rondônia, a situação não é diferente. Na hora do vamos ver, assessores de candidatos, incluindo secretários particulares, e os próprios candidatos aperreiam adversários. Logo, não devem passar imunes diante dos embates do rádio e da TV. São eles o centro nevrálgico dos candidatos A, B ou C.

É deles o papel de coordenação das agendas. São eles que tudo sabem sobre o candidato do “coração”. É deles o papel de saber tudo sobre o teatro operacional e as gestões do modus vivendi e operandi dos assessorados. O que devem comer, o que devem vestir e hora de dormir. Pois é nessas horas que, a vaca pode ir pro brejo. É nesses repentes que as campanhas geram riquezas momentâneas aos que detêm o poder de informação.

Nas campanhas em que Lula perdeu as eleições para Collor de Mello (ex-Partido da Reconstrução Nacional) e com Fernando Henrique Cardoso (já no PSDB) a indústria de dossiês foi vorazmente estimulada. Em Rondônia, Jerônimo Santana sofreu na pele, Olavo Pires também. Oswaldo Pianna e coronel Ferro são taxados de saberem tudo ou quase tudo sobre o assunto. Mas não falam.Eleições 2010: Espionagem e panfletos põem a campanha em ebulição - Gente de Opinião


 

Tudo igual na espionagem

Na situação de João Cahulla (PPS) e Confúcio Moura (PMDB) a história se repete. Voltam à cena os dossiês contra fulanos, sicranos e beltranos. Ainda fora do poder, Confúcio, detentor de três mandatos de deputado federal, duas vezes prefeito de Ariquemes, ex-secretário de Saúde no Governo Demorático e Popular de Jerônimo Santana, ao lado do saudoso Cloter Saldanha da Motta não tem condições de usar o aparelho policial do Estado para investigar o adversário abatido no primeiro turno. Mas o adversário, sim.



No segunda, 11, em dois hotéis diferentes os candidatos Cahulla e Confúcio reuniram seus coordenadores de campanha. A diferença foi que o segundo abriu as portas do Aquarius Hotel, enquanto o primeiro trancou-as, no Rondon Palace Hotel,  com o aval do senador eleito Ivo Narciso Cassol. Pauta: implementação de novas estratégias para a reta final do pleito do dia 31próximo.
 

Dossiês-bombas

Eleições 2010: Espionagem e panfletos põem a campanha em ebulição - Gente de OpiniãoEnquanto Confúcio discutia novos rumos para a indústria, o comércio, o agronegócio sustentável e um melhor tratamento ao funcionalismo pós- advento das usinas hidrelétricas do Rio Madeira e a saída para os portos do Oceano Pacífico – a pedido da Força Sindical – do outro lado era tudo diferente. Ali efervescia uma suposta divulgação de dossiês-bombas contra o exímio articulador do PMDB. Obtive confirmação com um palaciano.

Teria sido montado várias tarefas possivelmente distribuídas ao longo da BR-364, até o Cone Sul, desde o Dia da Criança e da Padroeira do Brasil. Ou seja, a divulgação de papeleta, de casa em casa, das linhas ao centro urbano, com material apócrifo em desfavor de Confúcio e seus aliados de última hora, entre os quais, o ex-senador Expedito Júnior (PSDB), o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), a senadora Fátima Cleide (PT-RO) e o prefeito Roberto Sobrinho (PT).
 

Tudo pode acontecer. Até mesmo, nada.

Fontes do PPS e do PP com assento na Câmara Municipal de Guajará-Mirim negam reação peemedebista. “Não haverá dossiês, nem campanha chula ou retaliação”, dizem. No Aquarius Hotel vazou a seguinte informação: “Confúcio não espreita cidadãos”. Acrescentaram-me uma única expressão: “O povo de Rondônia quer mudar”.

Supostos arapongas infiltrados nas duas campanhas seriam parte dos que gravaram o ex-governador Cassol no caso que redundou na Operação Dominó. No caso de derrota do grupo de Cassol no segundo turno há quem tema que alguém queira saber quem ensinou o acesso aos diamantes da Terra Indígena Cinta-Larga, em Espigão do Oeste. Ou de menos: o que fazia o senador eleito, outro dia, na Polícia Federal. Por ironia, tanto Confúcio quanto Cassol ou Cahulla devem explicações à sociedade: são homens públicos.

Mesmo com apoio do seu vice e atual governador Cahulla, o ex perdeu para o senador reeleito Valdir Raupp (PMDB-RO). Agora, no segundo turno, quer dar a volta por cima, assumindo a estratégia de campanha do pupilo. Acusado de tentativa de grilagem na região da Ponta do Abunã (Caso Fazenda Gobbi, no distrito de Extrema) e de proteger o irmão, Wilson Cahulla, concessionário da cozinha industrial do Hospital de Buritis, o candidato João Cahulla, demonstra não saber caminhar com as próprias pernas.

O grupo Cassol é forte, todo o País sabe disso. O ex-governador é amado por assessores, parte do funcionalismo em cargos de confiança. Ele teve o carro-chefe da campanha vitoriosa para o Senado nos escritórios da Emater, do Idaron, da Sedam, da Seagri e nas decisões que tomava a partir de própria residência.

Como justificar uma derrota no primeiro turno? Acredita-se que o funcionalismo rondoniense não elege, mas derrota quando é maltratado. Aguardemos os próximos capítulos.

(*) Produtor executivo de rádio, jornal, televisão, repórter fotográfico. Trabalhou nos extintos jornais O Parceleiro (Ariquemes) e  A Tribuna (Porto Velho), O Rio Branco e A Gazeta (ambos no Acre), A Notícia, O Povo do Amazonas e Diário do Amazonas (todos em Manaus), agências e Internacionais. É correspondente de Amazônias em países andinos, Rondônia e Sul do Amazonas.

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