Quarta-feira, 17 de março de 2010 - 07h16
Daniel Medeiros
Embrapa Rondônia
Doença com maior potencial de causar danos econômicos na cultura da soja, a ferrugem asiática será o tema central de um curso oferecido esta semana pela Embrapa Rondônia a profissionais da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvipastoril de Rondônia (Idaron). O treinamento começa nesta quarta-feira, no auditório da Fiero, em Vilhena, Cone Sul do Estado, e termina na sexta-feira com uma visita às lavouras experimentais da Embrapa no município. A ferrugem asiática da soja é uma doença fúngica que na última safra causou prejuízo estimado em 71,7 milhões de dólares no Brasil.
Um dos instrutores do curso, o engenheiro agrônomo Rodrigo Brogin, da Embrapa Soja, afirma que “o grande segredo no controle da ferrugem asiática da soja é a aplicação do fungicida bem no início do ciclo da doença ou até mesmo antes de surgirem os primeiros sintomas”. Por isso, os especialistas atribuem grande importância à técnica do diagnóstico.
Para facilitar o monitoramento de ocorrência da ferrugem em cada safra, foi criado em setembro de 2004 o Consórcio Antiferrugem, iniciativa que conta com a participação de diversos segmentos da cadeia produtiva da soja, como fundações, universidades, institutos de pesquisa, entidades representantes de fabricantes de insumos e cooperativas de produtores.
A cada nova safra, são colocados em um mapa interativo os pontos em que surgem os primeiros focos da doença. A informação logo é disseminada por meio da internet e de outros canais de comunicação. “Quando surge o primeiro foco da doença é certo que ela já está presente em outras lavouras e esse é o alerta para a aplicação do fungicida”, explica o pesquisador da Embrapa Rondônia Vicente Godinho, que vai tratar de técnicas de diagnóstico durante o curso.
A ferrugem da soja foi relatada pela primeira vez na Àsia, em 1902, e foi percebida no Brasil em 1979, no Estado de Minas Gerais. Mas foi apenas na safra 2001/2002 que a doença trouxe danos significativos aos produtores do país. Ainda hoje, ela é considerada um problema novo para a sojicultura nacional, principalmente do que diz respeito a diagnóstico, manejo e controle.
Nova cultivar
Uma das formas de facilitar o manejo da doença é a utilização de cultivares resistentes. No ano passado, a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lançou a BRSGO 7560, cultivar de soja portadora de um gene que confere resistência à ferrugem. Resultado de 13 anos de pesquisa, foi desenvolvida em parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (SEAGRO).
A planta é cultivada no Campo Experimental de Vilhena, área da Embrapa Rondônia que será visitada pelos participantes no último dia de curso. Com ela, é possível controlar a doença com menos fungicida, o que reduz os custos econômico e ambiental. A cultivar, no entanto, não apresenta desempenho ideal na Amazônia, sendo mais adaptada ao Centro-Sul do Brasil, o que motiva os pesquisadores a desenvolverem novas cultivares resistentes e adaptadas a outras regiões.
Além da ferrugem da soja, o curso vai abordar diferentes etapas do sistema de produção, como escolha da área de cultivo, preparo do solo, tratamento de sementes, adubação, semeadura, controle de invasoras, pragas e doenças. Milho e arroz também entram na pauta do treinamento, com apresentação de cultivares disponíveis e suas características. O evento é fruto de uma parceria da Embrapa Rondônia com a Idaron e conta com a articulação do IEL, Instituto Euvaldo Lodi, uma entidade do sistema indústria em Rondônia.
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