Quinta-feira, 9 de dezembro de 2010 - 18h53
No início dos anos 1970, a Universidade Federal de Mato Grosso optou pelo planejamento e execução das políticas de desenvolvimento nacional, estadual e municipal, acima do Paralelo 16 /SOS RIOS DO BRASIL |
GABRIEL NOVIS NEVES (*)
CUIABÁ, Mato Grosso – A atividade da Universidade Federal de Mato Grosso na frente pioneira, acompanhando de perto as batalhas do 9º Batalhão de Engenharia de Construção que constrói, num recorde de produtividade, a grande estrada de 1.775 km que cortará a Transamazônica, marcou o início da implantação da Universidade da Selva.
Uma Universidade amazônica não pode adotar o modelo organizacional aprovado nas zonas polarizadas do centro-sul. A Universidade aqui deve, agilmente, converter-se num pólo planejador e num claro visor para a realidade regional.
A Universidade Federal de Mato Grosso optou pela ativação coordenada de seu sistema de Pesquisas, através de programas de Pesquisa Aplicada em acordo com os programas de outros órgãos de planejamento e execução das políticas de desenvolvimento nacional, estadual e municipal, acima do paralelo 16, no Estado.
Novis: "Claro que, à primeira vista, parecerá uma Universidade de índio, a nossa" /PÁGINA ÚNICA |
Porque ninguém, como admite Ceremecê, o grande capitão dos Xavantes, ensina o que não sabe – muito menos, ao nível de uma Universidade. O campus está localizado no maior vazio cartográfico do mundo contemporâneo, obrigando os pilotos a se guiar visualmente pelos acidentes terrestres. E as questões irrespondíveis sobre a área são as que o professor deve responder ao aluno que precisa conhecer melhor o meio em que vive para melhorá-lo.
Isso nos obrigou a inverter os termos do binômio Ensino e Pesquisa, consagrado nos textos legais, para criar um movimento em profundidade (Pesquisa), imediatamente conversível em movimento em expansão (Ensino). A partir deste foco de realismo, dar sentido objetivo à produção da Ciência, da Tecnologia e do capital humano necessários ao desenvolvimento regional.
Adotando esta política, cremos estar contribuindo para estruturar melhor o mercado de trabalho, impedindo a futura evasão de alunos de cursos e a evasão de diplomados da região. Paralelamente, estamos procurando assegurar ao Governo, e à empresa privada, não somente a mão-de-obra altamente qualificada, com perfis profissiográficos adequados, mas um novo tipo de colonizador para a Amazônia.
Diferente daquele que pisou de início em terras brasileiras e que, durante séculos, agindo de maneira antieconômica e anti-humana, terminou por destruir 30% das nossas florestas tropicais. Desapareceu também com a maioria dos povos indígenas que constituem a nossa única fonte não européia de conhecimentos sobre o homem e a natureza da America do Sul.
Claro que, à primeira vista, parecerá uma Universidade de índio, a nossa. Esperamos que esta impressão inicial não se dissipe, mas, ao contrário, se confirme – porque temos tentado, diligentemente, sê-lo.
A presença de comunidades tribais nas imediações de antenas de microondas de 700 m2, o garimpo intenso de conhecimentos diretores do desenvolvimento econômico regional, o envolvimento contínuo pelo meio ambiente selvático, eis alguns traços essenciais de um novo tipo de Universidade pública: a Universidade da Selva.
Funcionando na frente pioneira, apesar de ainda em fase de implantação física – é a resposta momentaneamente possível para o desafio da distância e do conhecimento.
■ O autor (*) é médico em Cuiabá. Foi o primeiro reitor da UFMT.
■ Trechos do pronunciamento do 1º Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso em Brasília, no dia 17 de agosto de 1972, por ocasião do 1º Encontro de Reitores das Universidades Públicas.
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