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Expedição conhece pedras sagradas da Rondônia Inca


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Joaquim Cunha, um dos organizadores da expedição, pesquisa há seis anos a existência de geoglifos, uma inédita descoberta em Rondônia /DIVULGAÇÃO



MONTEZUMA CRUZ


ROLIM DE MOURA, Zona da Mata (RO) – Às 7h da manhã do dia dez de abril o café estava servido no Posto de Combustíveis Mirian II, em Rolim de Moura, na Zona da Mata do Estado de Rondônia. Começava em seguida a primeira Expedição Rondônia Inca, com motocicletas e veículos tracionados, uma iniciativa que visou levar estudantes, autoridades e demais interessados aos sítios arqueológicos e locais dos geoglifos rondonienses. Eles situam-se entre os municípios de Rolim de Moura e Alta Floresta do Oeste, a mais de quinhentos quilômetros da capital, Porto Velho.
 

Estudos de reconhecimento desses geoglifos começaram a ser feitos no segundo semestre do ano passado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Pesquisadores de Brasília e Goiânia visitaram a região, fizeram sobrevôos com um helicóptero do Ibama e receberam cópias do pedido de tombamento de mais um sítio, encaminhado pelo farmacêutico, bioquímico e pesquisador Joaquim Cunha da Silva, ao Ministério Público Federal, em Ji-Paraná.
 

Antes de entrarem na trilha, pilotos inscritos deram entrevistas e desfilaram pelas principais ruas e avenidas da cidade. Com pneus especiais, as motos dos “Amigos das Trilhas” despertaram a atenção dos moradores. Tomaram o rumo de Santa Luzia do Oeste e pararam no mirante do Cristo Redentor, aonde o farmacêutico, bioquímico e pesquisador Cunha explicou-lhes o uso de morros por civilizações antigas, quando homenageavam os entes sagrados. Em volta desse morro há um sitio arqueológico.
 

Na entrada de Alta Floresta do Oeste, as motos pararam para reabastecer no Posto Pinheirão. O prefeito Daniel Deina (PTN) recepcionou-os. A expedição seguiu depois para a Vila Marcão, parando novamente. Quando chegou à Linha 100 houve a parada para o almoço, por volta de 13h. “Apesar dos atoleiros, motos e carros 2 X 2 venceram essa aventura; ninguém desistiu”, comemorou Joaquim Cunha.

 

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 Antes de iniciar a trilha, os participantes se juntam para o registro fotográfico /AFOTORM

Enfim, a Pirâmide do Condor
 

Foi nesses atoleiros que os motociclistas mostraram as suas habilidades. “Eles adoram isso”, comentou Cunha. A equipe de apoio e os participantes degustaram caldo de carneiro, carneiro recheado, farofa e churrasco de gado.
 

Chegaram em seguida à Pirâmide do Condor (designação dada pelo pesquisador com base em estudos da cosmologia inca e coordenadas obtidas em imagens de satélite no Google Earth, todos se dirigiram ao lado leste. Após uma nova parada, desta vez sobre uma plataforma, Cunha explicou-lhes: “Na realidade, ela é uma huaca, algo que na cultura andina tanto pode ser uma divindade como o lugar onde uma divindade é cultuada.” A região é rica em pedras, morros e guarda minérios no subsolo, entre os quais o  cobre.
 

Foi com esse espírito de veneração e o devido respeito ao lugar que a expedição buscou assimilar o que ocorria nessa região, há mais de um milênio. Como centro religioso, as huacas são também famosas por ser o local em que se depositavam oferendas. Assim, elas foram vítimas de saques durante os primeiros anos da invasão espanhola no Peru, no Século XVI, tanto por sua fama de conter tesouros, como pelo fato de ser o centro da religiosidade local nas províncias que conformavam oTawatin Suyu.
 

Nesse local, repórteres da afiliada da Rede Amazônica (Globo) em Cacoal entrevistaram Cunha a respeito das pesquisas que vêm fazendo há seis anos e, mais recentemente, com a primeira visita de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por enquanto, esse órgão reconheceu apenas um geoglifo às margens da BR-429.

 

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Cacique Walda Ajuru explica a importância das plantas medicinais ainda existentes na Zona da Mata /DIVULGAÇÃO


Huacas e plantas
 

O advogado e professor universitário peruano conhecido por Don Vitor descreveu o funcionamento das huacas. A cacique Walda Wajuru falou das plantas medicinais, de seus cultos aos antepassados, de achados arqueológicos e dos regates da cultura de seu povo que hoje perambula pela Zona da Mata após ter praticamente perdido seu território para projetos do governo estadual e para a exploração madeireira.
 

O professor de História Adilson Andrade encontrou mudas de chacrona, planta utilizada na infusão com o cipó mariri (ou jagube) para a obtenção do chá Ayahuasca (ou hoasca), tradição peruana e hoje conhecido no mundo, graças às religiões da floresta amazônica.
 

Andrade lembrou, nessa plataforma, que a expedição estava próxima a um muro de arrimo de pedra arenítica, de aproximadamente 80 metros de comprimento superficial. Todos observaram o achado e tiveram a impressão de que fora uma construção artificial feita pelo homem.
 

Após caminhar no meio dos geoglifos, Cunha descreveu-os, destacando o paisagismo vegetal. “Nas formas zoomórficas e antropomórficas, os geoglifos são desenhos feitos no chão, geralmente com mais de quatro metros de extensão, e em morros ou regiões planas. Sua construção pode se dar pela pela disposição organizada de sedimentos (como pedras, cascalho ou terra), criando um desenho em relevo positivo, ou pela retirada de sedimentos superficiais de modo a expor uma rocha subjacente, criando um relevo negativo”, disse.
 

“Em ambos os casos a formação da imagem se dá pelo fato de que a região trabalhada se destacará do solo natural do local, formando o desenho; os grandes geoglifos são melhor visualizados do alto”, acrescentou. Lembrou que seus detalhes podem ser vistos do alto, de balão, avião ou helicóptero. Alguns desses desenhos não podem ser vistos por completo do solo. Entre os mais famosos geoglifos as Linhas de Nazca, no Peru.
 

No encerramento, a expedição visitou a Cachoeira do Noel para um refrescante banho.


Pesquisador Joaquim Cunha explica a importância da expedição aos geoglifos, clique AQUI.

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A  expedição chega a um dos caminhos com pedras que fazem parte do muro de arrimo: antigas civilizações em estudo /DIVULGAÇÃO /DIVULGAÇÃO

QUEM PARTICIPOU
 

• Joaquim Cunha da Silva
• Amigos das Trilhas: Tom-Evertom Dienstmann) e convidados.
• Parapente Norte-Paulão
• Professores da Universidade Federal de Rondônia (Unir): Doutor Elvino Ferreira (Departamento de Medicina Veterinária-Ciências do Solo; Mestre Edner Baumhardt (Departamento de Engenharia Florestal - Manejo de Bacias Hidrográficas); Doutor Emanuel Maia (Departamento de Engenharia Florestal - Genética e Experimentação).
• Sete alunos de graduação Engenharia Florestal
• Don Vitor Advogado e professor universitário no Peru
• Médicos: Rogério, Sara, Ademir, Volmir Rodegheri
• Corpo de Bombeiros de Rolim de Moura: Tenente Trevissoli, Sargento Antunes e Bombeiros Willian e Adriano
• Carlos César Neves da Silva, fotógrafo e cinegrafista
• Gracieli e Leonel, jornalistas da Rede Amazônica (Globo)

QUEM APOIOU

• Lua Nova
• Farmácia Bom Jesus
• Professores
• VetClin
• Falcão Magazine
• Canopus Motos
• Posto Mirian I e II
• Laboratório Osvaldo Cruz
• Padaria Pão de Açúcar
• Parapente Norte- Escol,a de Voo
• Prefeito Daniel Deina
• O Boticário Rondônia Medicamentos
• Hidroelétrica Bergamin Gazin Honda Ampla

 

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