Domingo, 29 de agosto de 2010 - 12h04
A passeata segue pela Avenida Doutor Marinho Monte, onde se concentra parte do comércio de Brasiléia / FOTOS MONTEZUMA CRUZ |
MONTEZUMA CRUZ
Amazônias
BRASILÉIA, Acre – Pouco antes do meio-dia de sábado, a voz de Roberto Carlos cantando “Uma estrela vai brilhar” animou o público a participar da caminhada da Frente Popular nesta cidade fronteiriça com a Bolívia. Os candidatos, incluindo os postulantes a vagas na Câmara dos Deputados, reafirmaram aqui o discurso do apoio ao comércio e à industrialização, semelhante ao da semana passada, em Senador Guiomard (Quinari), onde funcionará em 2011 a primeira Zona de Processamento de Exportações do Estado do Acre.
– Essa conquista vai trazer também benefícios à Bolívia. É o sonho do candidato a governador Tião Viana (PT) para consolidar o projeto do presidente Lula nesta fronteira – proclamou o candidato ao Senado, Jorge Viana (PT). Ele associou os feitos do Acre à política presidencial de incentivar negócios no estado que o recebeu, ainda sindicalista, há mais de 30 anos.
Mais de quinhentas pessoas acomodadas numa tenda ouviram os candidatos situacionistas, nesta cidade a 233 quilômetros de Rio Branco. Fez muito calor (cerca de 30 graus) antes da passeata. O público bebeu água das torneiras de duas caixas colocadas sobre a carroceria de um caminhão.
Candidatos da Frente Popular se juntam aos eleitores e simpatizantes após os discursos de sábado |
“Bocado comido, bocado esquecido”
– Amigo ajuda amigo – disse a prefeita Leila Galvão (PT). Em tom de voz emocionado, disse que nenhum prefeito acreano conseguiria trabalhar sem o apoio do governo estadual. Ela elogiou Dilma Roussef, a “mãe do Programa Luz para Todos”.
– Os resultados vieram e vocês são os grandes responsáveis por esse êxito – proclamou Jorge Viana. Mas advertiu: “Se esse Acre cair nas mãos erradas, será o Acre o atraso de novo”.
Jorge usou a frase “bocado comido, bocado esquecido”, para classificar adversários oposicionistas de “espertalhões”, “traidores da Frente Popular”. Semelhante fala foi repetida por ele no final da tarde, em Xapuri, quando afirmou que o Acre “não precisa de divisão, mas de união e trabalho para seguir em frente”.
No mesmo tom, o segundo candidato ao Senado, Edvaldo Magalhães (PCdoB), destacou o “espírito guerreiro de Brasiléia, que ajudou a mudar a história do Acre”. Previu que a indústria local de pisos “terá o mesmo êxito da Natex” (fábrica de preservativos), que funciona dia e noite, em quatro turnos, empregando diretamente 160 pessoas e, indiretamente, 650 famílias fornecedoras de matéria-prima.
Sob a tenda, público ouve discursos de elogios à industrialização de Brasiléia e perspectivas de exportações |
Números da economia fronteiriça
estimulam o Dia do Avicultor
BRASILÉIA – Doze toneladas de carne de aves são comercializadas por dia em Brasiléia, correspondendo ao abate de 30 mil frangos/mês. Com recursos próprios, 20 criadores já construíram galpões e seus plantéis consomem um total de novecentas toneladas de milho por dia. Outros criadores adquiriram quatrocentas matrizes de suínos, cuja carne tem boa aceitação, principalmente em cidades bolivianas.
A Rodovia do Pacífico, a partir de Assis Brasil e Iñapari (Peru) abrirá logo a exportação de produtos em peças congeladas, com destino aos mercados asiático, europeu e da América do Norte.
Números e perspectiva de conquista de mercado fizeram parte da fala de Tião Viana. Numa das laterais da tenda, faixas saudavam não apenas os candidatos, mas o Dia do Avicultor: 28 de agosto. Providencialmente, o candidato reservou-se a uma breve análise dessa arrancada para consolidar o aumento das granjas e a industrialização de aves e suínos no município.
– Peço com humildade aos eleitores desta querida e amada Brasiléia, o seu voto para mim, para os candidatos ao Senado e para a candidata a presidente, Dilma Roussef – apelou Tião.
Comprometeu-se a pavimentar ruas com tijolos, criar bolsas de estudos técnicos para a juventude, ampliar a produção de castanha e melhorar a segurança pública para combater, principalmente, o narcotráfico. No Acre, a Tríplice Fronteira Brasil-Bolívia-Peru é uma das principais rotas internacionais dos cartéis da droga na América do Sul. (M.C.)
"Binho" prevê a terceira revolução acreana e apela aos jovens para que dela participem |
As três revoluções acreanas, segundo o governador
XAPURI – Ainda fazia calor quando a militância do PT promoveu um arrastão nas ruas de Xapuri, com a presença do governador Arnóbio “Binho” Marques (PT). Antes, num salão lotado com mais de trezentas pessoas, ele disse que o Acre teve duas revoluções e começa a fazer a terceira. Falou mansamente, medindo as palavras, no estilo de professor que é:
– A primeira fez isso aqui virar Brasil; a segunda mostrou que a luta pela conservação da floresta demonstrou ao mundo que podemos ser diferentes; agora surge a terceira, a revolução da industrialização. Seu sucesso depende do desafio de elegermos dois senadores.
Ao afirmar que todos ali se reuniam “por uma causa”, o governador conclamou os jovens a “fazer parte dessa história”, a exemplo do que ocorreu com as revoluções anteriores.
– A felicidade está nas mãos de vocês! – disse, aplaudido.
O candidato Tião Viana complementou, afirmando que via o “nascimento de uma nova Xapuri”, quando tomou conhecimento do aumento do número de trabalhadores nos setores industrial e extrativista.
– Ele já é maior do que o número de pessoas empregadas no setor público, então, algo muda em nosso destino. A força da indústria da castanha e o manejo da madeira certificada credenciam o Acre a aumentar suas exportações desses setores para a Europa – acrescentou.(M.C.)
Mãe e filha acompanham a movimentação na praça, em Xapuri: passeata na terra de Chico Mendes, herói amazônico |
REMESSAS DE PRESERVATIVOS AUMENTAM
• A Natex faz uma a duas remessas mensais com uma média de seis milhões de preservativos por envio. Um estoque de 140 toneladas de látex, atualizado permanentemente, garante que a fábrica funcione durante um período ininterrupto de seis meses.
• No início deste ano, a Natex expediu uma remessa de quase 10 milhões de preservativos para seis estados brasileiros, além do Acre: Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
• Essa remessa foi quase 50% superior às anteriores, que totalizavam no primeiro semestre de 2010 um montante de 40 milhões de preservativos já enviados ao Ministério da Saúde desde o início do funcionamento da fábrica, em 2008.
• São os primeiros no mundo fabricados a partir do látex de seringal nativo. É a única indústria no ramo com sistema integrado de produção: centrifuga o látex in natura recebido do seringueiro e produz o preservativo. A usina de centrifugação é a única da América Latina com a certificação ISO 9001.
• De acordo com a gerente geral da Natex, Dirlei Bersch, a indústria em Xapuri não fabrica apenas preservativos. Ela também desenvolve um projeto de prevenção de DST/AIDS, voltado para as comunidades que fornecem a matéria-prima.
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