Sexta-feira, 30 de outubro de 2015 - 19h40
Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) mostram diversas manifestações culturais em danças, ritos, cantos e adereços. Por toda a vila dos jogos, indígenas caminham de um lado a outro, em um verdadeiro desfile de desenhos estampados em homens e mulheres de várias etnias. E cada arte tem seu significado, nada é por acaso.
Os Tapirapé, dos estados do Mato Grosso e Tocantins, se inspiraram nos cascos dos jabutis para criar um desenho de geometria simples. Os jabutis são importantes para a etnia. O animal é utilizado em um ritual de alimentação aos espíritos. Eles usam essa pintura quando estão prontos para a caça ou para a guerra. É a pintura de um verdadeiro guerreiro Tapirapé.
Muitos povos vieram com suas pinturas de guerra, sobretudo para participar das competições. O clima é de paz e congraçamento, mas quando entram na arena para disputa de cabo de força ou arco e flecha, são guerreiros defendendo o nome de sua tribo. Assim são os Pataxó, do sul da Bahia.
“Minha pintura representa nossos guerreiros, os traços pretos e vermelhos também. O amarelo representa o sol, para respingar na nossa força e dar mais energia, mais fogo pra lutar pelos objetivos”, diz o líder Ubiranan Pataxó. O cocar com a cor branca, que representa a paz, também transmite uma mensagem.
“É um mundo colorido; nossa floresta verde, do céu, do mar e dos pássaros cantando. Então, tudo isso que a gente utiliza hoje é homenageando também o ser da natureza e agradecendo a Deus também por tudo que ele nos dá”, explica o Pataxó.
Próximo dali, na Feira de Artesanato da vila, Tukupé, da etnia Kuikuro (Alto Xingu), pinta turistas em um estande, mas seu próprio corpo parece uma tela exposta em vermelho e amarelo. Apesar de atrair mais atenção que os demais kuikuros, Tukupé é tímido. Falando baixinho, revela que as cores foram ideia dele. “Escolhi o vermelho e amarelo para ficar mais bonito”. Os traços, segundo ele, são inspirados em espinhas de peixe. “É um significado que vem de antigamente e até hoje significa uma espinha de peixe, usado na nossa alimentação”.
Os Xerentes, do Tocantins, são outra etnia com pintura ancestral. São traços simples; uma linha na horizontal na altura dos ombros e linhas verticais descendo pelo corpo. O desenho, segundo Silvino Xerente, diferenciava um clã de outro, em uma época onde os xerentes viviam em guerra. “Nossa etnia tem seis clãs. Antigamente, quando nossas etnias brigavam muito, três clãs se juntavam para brigar com os outros três clãs, mas hoje isso não existe mais”.
A tinta vermelha no rosto completa o visual Xerente. “É para ficar mais bonito ainda”, diz Silvino. Hoje, a pintura corporal retrata a cultura e tradições da etnia. “Esse desenho é praticado desde antigamente, nossas crianças aprendem desde cedo. Esse desenho Deus deixou para nós. Nossos antepassados já praticavam desde muito tempo. Estamos valorizando e guardando o que é nosso”, diz, orgulhoso, Xerente.
Os Javaé, por sua vez, recebem uma pintura para cada fase da vida. Jovens, casados e guerreiros, cada um tem sua caracterização. O desenho de Ixati Javaé é o dos guerreiros. Um mosaico monocromático cobre o tronco e vai até a metade das pernas do indígena. São uma formas semelhantes à letra “S” que juntas formam uma espécie de labirinto no corpo.
“A pintura corporal é uma manifestação de cada cultura, cada povo. Ser indígena é ser feliz, sentir orgulho do que é”, diz o xavante Urias Tsumey'wa. Os xavantes, do Mato Grosso, são facilmente identificados na vila dos jogos pelo vermelho vivo espalhado por todo o corpo, inclusive nos cabelos, e pequenas listras pretas. “A pintura representa alguma coisa, fala alguma coisa. O meu povo se pinta totalmente para a guerra, com essa nossa pintura preto e vermelho”.
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