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Instituto Mamirauá inicia implementação de máquinas de gelo em comunidade isolada da Amazônia


Instituto Mamirauá inicia implementação de máquinas de gelo em comunidade isolada da Amazônia - Gente de Opinião

Uma tecnologia inovadora vai ajudar a aumentar a renda e melhorar a vida nas comunidades isoladas da Amazônia. Sem acesso à energia elétrica, os ribeirinhos têm grande dificuldade para conservar a produção e os alimentos para consumo. Para mudar essa situação, o Instituto Mamirauá está instalando máquinas de gelo, que funcionam com energia solar. Com os primeiros testes, a comunidade de Vila Nova do Amanã, no município de Maraã, já pôde sentir os benefícios com a produção de gelo na própria comunidade.

As três máquinas, com capacidade total para produzir 90 quilos de gelo por dia, vão beneficiar cerca de 60 moradores. A tecnologia do projeto Gelo Solar, desenvolvida pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), consiste em 60 paineis que captam a energia do sol.

O equipamento possui um sistema fotovoltaico que dispensa o uso de baterias. “Esse é um dos diferenciais do projeto: transformar a radiação solar diretamente em gelo. Quando o sol nasce, a central já começa a gerar energia e automaticamente a máquina liga. Quando o sol se põe, a máquina desliga. Essa ideia é resultado de uma tese de doutorado na USP e agora a gente está conseguindo levar para o campo. Saiu da academia e agora chegou na comunidade”, disse Aurélio Souza, pesquisador associado do IEE-USP.

O projeto foi finalista do Desafio de Impacto Social Google | Brasil. Com o prêmio de R$ 500 mil, o Instituto Mamirauá colocou em prática a tecnologia do Gelo Solar. “Está todo mundo feliz com essa máquina de gelo, todo mundo trabalhando, alegre, feliz. Está todo mundo animado, sonhando com essa fábrica de gelo”, disse Maria Lucimar Pereira, da Comunidade de Vila Nova do Amanã.

A pesquisadora do Instituto Mamirauá, Dávila Corrêa, avalia o impacto social do projeto Gelo Solar. Segundo ela, os moradores das comunidades isoladas da Amazônia precisam viajar até 15­­ horas, de barco, para comercializar seus produtos nos centros urbanos. Por causa da distância, as famílias acabam pagando caro pelo gelo vendido nas embarcações que acessam a região. “As máquinas de gelo instaladas nas próprias comunidades vão diminuir as perdas da produção e aumentar a renda das famílias. Além disso, vamos ampliar a cultura de acesso à energia para as populações isoladas da Amazônia”, disse a pesquisadora.

Segundo ela, o Gelo Solar é uma expansão dos projetos de energia solar que o Instituto Mamirauá vem desenvolvendo na Amazônia. Dávila explicou que, no interior do estado do Amazonas, a matriz energética é 100% óleo diesel, que possui baixa eficiência e alto custo de operação, manutenção e distribuição. No caso das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, que reúnem 286 comunidades, apenas 153 contam com pequenos geradores funcionando poucas horas por dia. As demais 133 vivem às escuras.
 

Gestão de uso da máquina

Até o final de setembro, o Instituto Mamirauá vai promover uma oficina com os moradores para ensinar quanto ao uso da máquina. “É uma oficina de gestão em que nós vamos discutir com a comunidade a melhor forma de gestão, de forma que eles decidam a melhor forma de uso. Não é uma tecnologia que a gente vai instalar e deixar aí, nós vamos acompanhar e decidir com eles a melhor forma de uso já que a manutenção é pequena”, disse Otacílio Brito, um dos técnicos que realizou a instalação da máquina.

“Para nós a máquina é uma coisa nova. Então tudo é uma surpresa para nós, até mesmo para cuidar, como não cuidar. A gente vai precisar receber este conhecimento, então passar por essa oficina para ter conhecimento, vai ser muito bom. E aí a gente vai começar a planejar sobre o uso, de que forma cuidar para que ela possa durar quanto mais tempo, melhor”, disse Eliakin Pereira Vale, presidente da comunidade Vila Nova do Amanã.
 

Uso de energia solar em outros projetos

Além da produção de gelo, o Mamirauá possui um sistema de abastecimento de água com uso de energia solar. Painéis fotovoltaicos são colocados sobre o rio em balsas flutuantes, bombeando a água para um reservatório elevado. A caixa d’água é conectada a um filtro de areia, para pré-tratamento da água e remoção de resíduos. Após a filtração, parte da água é distribuída por gravidade para a comunidade com um ponto de fornecimento em cada domicílio. Atualmente, 16 comunidades possuem esse sistema, beneficiando cerca de 1.500 pessoas. O projeto venceu o Prêmio Finep de Inovação 2012, na categoria Tecnologia Social. Mas, antes, o esforço para conseguir água era grande. “Tudo era na beira, ninguém fazia nada em casa, só na beira. Descia lá na beira, ia pegar água nos baldes e carregava para a terra”, contou Maria Lucimar.

O Instituto Mamirauá também possui em seu campus, em Tefé (AM), o primeiro sistema de captação da energia solar que acompanha a trajetória do sol. São duas placas solares alojadas em uma estrutura móvel, o que melhora o aproveitamento da energia solar. Assista ao deslocamento das placas em https://www.youtube.com/watch?v=XdjTb0h2JDk. “Esses projetos do Instituto Mamirauá estão mostrando que a energia solar é viável para a realidade amazônica”, afirmou Dávila.

Texto: Eunice Venturi, com colaboração de Amanda Lelis
Fonte: Assessoria de Comunicação / Communication Advisory
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

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