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Jaru marcha nas ruas e protesta contra assassinato do Professor Renato


Jaru marcha nas ruas e protesta contra assassinato do Professor Renato - Gente de Opinião

Estudantes de Jaru carregam faixa durante marcha de protesto contra o assassinato do professor em Jacinópolis /DIVULGAÇÃO
 

 

EPAMINONDAS HENK e AMAZÔNIAS
De Jaru

 

Jaru parou no dia 30 de abril para homenagear o professor Renato Nathan Gonçalves Pereira, assassinado no dia nove pela polícia civil de Ouro Preto do Oeste na localidade de Jacinópolis, com um três tiros, um à queima roupa no rosto e dois na nunca. Seu corpo apresentava sinais de tortura. Renato tornou-se um líder popular por suas atitudes firmes e pela coragem de defender camponeses e pela iniciativa de organizar escolas populares e turmas de alfabetização de jovens e adultos nas áreas rurais. Jacinópolis fica a 370 quilômetros de Porto Velho.
 

Camponeses, estudantes, comerciantes, advogados, operários, caminhoneiros e outros trabalhadores de Porto Velho, Ariquemes, Cujubim, Jaru, Ouro Preto, Cerejeiras e Vilhena participaram de uma passeata no centro da cidade. O salão da matriz da Igreja Católica foi decorado com bandeiras de movimentos populares democráticos, arranjos de flores, bandeiras com o rosto de Renato e um grande painel com uma foto dele.
 

O ato foi aberto com o canto do hino da Revolução Agrária “Conquistar a terra”. Depois foram apresentados vídeo, texto, poesia e músicas lembrando e homenageando a vida e luta do professor. Depois dos pronunciamentos, a viúva dele, o pai e o irmão receberam uma singela homenagem: flores e quadros do companheiro, ornados com uma fita vermelha.
 

No dia nove, a moto de Renato estava em pé, com a seta ligada e com o capacete no guidão, em obediência ao comportamento padrão dos moradores da região diante de abordagens policiais. O boletim de ocorrência redigido pela polícia diz que a polícia fora acionada por volta das 5h53 da manhã. Familiares desmentem, com base nas fotos do corpo dele, tiradas no local do crime. “É possível ver que ainda estava escuro”, afirma um parente do professor.
 

Sob a justificativa de “avisar parentes”, a polícia arrombou a casa de Renato sem ordem judicial e sem a presença de testemunhas. Pelo menos 10 policiais civis e militares reviraram seus pertences e cavaram buracos

Jaru marcha nas ruas e protesta contra assassinato do Professor Renato - Gente de Opinião

Silhueta de Renato Pereira, líder morto na defesa de camponeses em Rondônia
 

no quintal, deixando, entretanto de identificar quem o matou. Funcionários da perícia não deram conta ou não quiseram localizar as cápsulas deflagradas, queixam-se os parentes.

 

“É campanha orquestrada”, acusa a LCP
 

Para a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP), a quem a polícia acusa de “ser responsável por 80% dos assassinatos em Buritis”, a passeata em Jaru “cumpriu o objetivo de desmoralizar a polícia.”
 

Segundo a LCP, na polícia existem “verdadeiros bandidos.” “A verdade é que a polícia de Ouro Preto assassinou o companheiro Renato sob o manto de proteção do comando do major Enedy”, assinala. O oficial, conhecido por se posicionar contra o movimento camponês desde 2007, ao assumir o comando da PM em Ariquemes, não teria escondido suas relações com latifundiários e pistoleiros da região.
 

Durante o protesto contra a violência da qual foi vítima o professor Renato, pagando com a vida por defender trabalhadores, a LCP acusa a Polícia Militar de insistir abertamente em vinculá-la com os sucessivos roubos de madeira e de gado na região: “Ao contrário, a violência e a humilhação contra trabalhadores em tomadas de terra são práticas da PM, de setores do Judiciário e até a imprensa engole versões sem verificar a veracidade dos fatos.”
 

Para a PM, Renato Pereira “não era professor e sim pistoleiro e traficante de armas.” “Tudo é dito para confundir a população”, lamentam os parentes do falecido.
 

Ainda de acordo com a Liga, desde 2003 seus militantes têm denunciado roubo de madeira, sevícias, perseguições, mortes de camponeses, e o tráfico de drogas em algumas propriedades rurais situadas entre Jacinópolis e Nova Mamoré. Uma das denúncias fora encaminhada à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, sem resultados.

 

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