Quarta-feira, 10 de setembro de 2014 - 09h44
EPAMINONDAS HENK
Em Vilhena
Numa Semana da Pátria bem diferente das tradicionais, acampados no município de Chupinguaia, a 651 quilômetros de Porto Velho relataram esta semana ter ouvido novamente diversos disparos de armas de fogo, feitos por um bando armado acusado do sequestro de dos camponeses Paulo Sérgio e Daniel Sfalsini, de quem deram falta na manhã do dia quatro de setembro.
A denúncia encaminhada às autoridades policiais pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental, e Comissão Pastoral da Terra (órgão ligado à Igreja Católica) pede o apoio para famílias do Acampamento Gilson Gonçalves. Aceitam-se doações de roupas, alimentos, remédios e utensílios de cozinha.
Libertados, Paulo Sérgio e Daniel foram ouvidos Delegacia de Polícia de Vilhena e tiveram o primeiro contato com familiares e advogados. Informou-se que o fazendeiro Heládio Cândido Senn, Nego Zen, responde atualmente a processos na Justiça Trabalhista e agora também responderá por crimes de sequestro, formação de quadrilha, cárcere privado e tortura.
A Ouvidoria Agrária e o Comando Geral da PM serão acionados para esclarecer a possível participação de policiais militares no sequestro dos camponeses e de sua atuação com bandos armados.
No sábado, cinco de setembro, procurada por representantes dos acampados, o comando da Polícia Militar na região alegou desconhecer o paradeiro dos camponeses desaparecidos. Na manhã de domingo, um grupo de pessoas solidárias com as famílias dirigiu-se ao Distrito de Boa Esperança, tão logo soube que ali transitavam viaturas da PM.
Proibido de entrar na área, o grupo constatou que a área fora protegida pelo genro de Nego Zen. Junto com o empregado conhecido por Catiça, outros homens armados vigiavam a única estrada de acesso ao acampamento.
“Catiça, que ora se apresentava como “funcionário” ou como da família do patrão, disse eu não sabia do paradeiro dos camponeses e que Nego Zen estaria em outra fazenda. Mas a mentira tem perna curta. Primeiro, porque jornalistas da missão fotografaram o latifundiário ao lado de uma caminhonete ouvindo a conversa de longe”, diz nota da LCP.
“Também foram fotografados três veículos que haviam sido denunciados de participar do desaparecimento dos camponeses. À noite, advogados, familiares e entidades receberam a informação de que os dois camponeses haviam sido resgatados pela policia de Boa Esperança na sede da fazenda de Nego Zen”, acrescenta a nota.
O grupo constatou que os policiais rondavam a área, no entanto, só o Batalhão da PM em Vilhena tomaria providências, no sentido de esclarecer o sumiço de Paulo Sérgio e Daniel Sfalsini.
“Depois desta vitória, com todo o sofrimento, homens, mulheres e crianças estão decididos a tomar e cortar as terras”, avisa a LCP.
Violência antiga
Muito antes da Chacina de Corumbiara (na Fazenda Santa Elina), ocorrida em agosto de 1995, a região de Vilhena – conhecida em Rondônia por Cone Sul do Estado – é palco de desaparecimento e prisões arbitrárias de líderes rurais. Em 1982, por exemplo, ali foram presos e transferidos para a Penitenciária Regional de Ji-Paraná, onde ficaram incomunicáveis, os religiosos Oto Ramminger e Olavo Nienow, e o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Colorado do Oeste, Francisco Cesário.
Eles defendiam famílias camponesas na Fazenda Cabixi. Foram libertados depois de julgamento no Tribunal de Justiça de Rondônia.
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