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Liga dos Camponeses Pobres denuncia grilagem e perseguição


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EPAMINONDAS HENK
De Porto Velho

“Posse esquentada” é o nome dado à tentativa de legalização de terras griladas na Amazônia. Ela ocorre há décadas e foi novamente denunciada hoje (11/11) pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental (LCP). Segundo o movimento, desde o dia 15 de outubro de 2013 camponeses do Acampamento Monte Verde vivem momentos de tensão e angústia, em consequência da ordem de reintegração de posse determinada pela juíza Elisângela Nogueira em favor do fazendeiro Nadir Jordão dos Reis.
 

“O latifúndio conhecido como fazenda do Jordão é uma área de terras da União destinada à reforma agrária há muitos anos, e os documentos que o Sr. Jordão usa para fazer a reintegração de posse pertence na verdade a outro latifúndio conhecido como fazenda do Vilmar”, diz a LCP.
 

Em nota, a LCP compara essa situação àquela vivida por camponeses do Acampamento Santa Fé. “Mesmo sendo terras da União, conforme documentos do próprio Incra, eles são ferozmente perseguidos pela PM”.
 

Conflitos iminentes preocupam movimentos sociais e autoridades rondonienses. Recentemente, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) pediu à Secretaria de Segurança Pública de Rondônia aapuração de nove mortes ocorridas com requintes de violência em conflitos agrários, notadamente a do professor Renato Nathan Gonçalves Pereira, em 10 de abril de 2012, quando retornava de Buritis para o seu sítio, em Campo Novo. Suspeita-se do envolvimento de policiais com o assassinato.
 

A nota lamenta ainda que outra área, a do Acampamento 10 de Maio fora desapropriada em 1995 para reforma agrária. Cita o ex-servidor do Incra conhecido por Eustáquio como um dos “esquentadores” de terras da União. Seria ele o autor da declaração de posse, em 2000, para o fazendeiro conhecido por Caubi.
 

“Em 2003 ele deu carta de anuência para os filhos do latifundiário. Na época, ele foi demitido e preso pela Operação Terra Limpa, da Polícia Federal”. A nota acrescenta que o comando do 7º BPM e o Poder Judiciário “acoitam grileiros de terras e perseguem famílias”. Um grupo de 14 camponeses foi preso no dia 29 de outubro. “O coronel Enedy adotou o procedimento de levar os presos para bem longe de suas famílias, o que é criminoso, e isso é feito com o objetivo de impedir visita de amigos e familiares, permitindo a prática de torturas com a certeza da impunidade”, assinala a LCP.

Onde estão os presos?
 

Familiares de camponeses presos disseram que, ao chegarem a Ariquemes, o diretor do presídio alega que os presos foram transferidos “para Ouro Preto do Oeste”, e nessa cidade lhes informam de outra transferência, “para Cacoal”. Chegando em Cacoal, recebem oura informação: “Estão em Machadinho do Oeste”. Depois desse peregrinação toda, ainda fazem outra, para Vilhena.
 

“O comando da PM e os latifundiários acham que vão acabar com a vontade dos camponeses de lutar. Criminalizam a perseguem, mas estão enganados: o desemprego continua e só tende a piorar. Como diz o velho ditado onde há opressão há resistência”, acrescenta a nota.

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